Que encanto esta cena desenhada por São Mateus no Evangelho de hoje!
Acredito que poderíamos estabelecer uma espécie de contraponto com a peleja sobre fé trazida por Jesus e entregue aos discípulos em Lucas (17,5-6) – Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!”. O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria” – uma pequenina chamada de atenção aos que caminhavam com Ele constantemente e ainda não conseguiam perceber que o Senhor estava ali operando inúmeros sinais no meio do povo santo.
O oficial romano, ao contrário, distante e, quem sabe, ouvindo apenas dizer sobre Jesus, de certo, não era judeu. Com toda certeza não pertencia ao grupo dos que caminhavam com Jesus, ouso dizer, que era, bem provável, em nossa linguagem corriqueira e cheia de rotulações, que ele seria um pagão, um sem fé ou religião, uma espécie de apátrida da fé, mas como, como ele conseguiu arrancar de Jesus não somente um sinal, mas sobretudo um ensinamento a todos: em verdade vos digo, nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé?
A fé de uma pessoa que era um “nada” na ótica da fé institucionalizada e também um homem que simbolizava o domínio político de Roma sobre Israel, era agora símbolo de fé viva. Ele havia arrancado uma amoreira e plantado no mar.
Que ensinamento é esse? Eu vos digo, muitos virão do ocidente e do oriente e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó. Lembremos que os patriarcas simbolizam muito para o povo, simbolizam a raiz da fé hebreia, assim como para nós cristão católicos, os doze apóstolos significam muito para nós, mas, a “seleção” para se chegar ao céu não está na origem da fé que professamos, está na qualidade da fé que Deus fez brotar em nossos corações e em como fazemos para que essa fé frutifique em confiança, atos de misericórdia, caridade e menos arianismos na fé.
Fiquemos atentos!
Pe. Jean Lúcio de Souza