“Hoje vimos coisas maravilhosas!”
Esta frase dita pelo povo após a cura de um paralítico expressa bem o ar que respiramos durante o tempo do Advento. A esperança e a vigília a que nos dispomos faz com que as maravilhas de Deus sejam operadas em nossas vidas pessoais e na vida de nossas comunidades, por isso, a exemplo do povo, podemos exortar: hoje vimos coisas maravilhosas!
Percebemos dois momentos de cura: dos pecados e da liberdade.
Quando de alguma forma pecamos conseguimos ficar paralisados, ficamos parados no tempo e no momento. Estamos atados à ação e às suas consequências que se estendem ao longo de nossas vidas e da vida dos nossos irmãos e irmãs. Por vezes, estar paralítico não significa somente um mal físico, mas uma estrutura de vida em que permitimos entrar e não conseguimos sair facilmente.
A paralisia é um mal integral.
É interessante pensar que o objetivo dos amigos do paralítico era alcançar de Jesus a cura do mal físico, mas quando Jesus observa a fé presente na esperança e no esforço, as primeiras palavras de Jesus expressam a cura integral. Logo, se a paralisia é integral, a cura deve abundar e sobrepor a integralidade, a cura vai ser existencial e não apenas física: homem, teus pecados estão perdoados!
Quando ocorre a cura dos pecados o coração se abre a outras perspectivas: a conversão.
Quando se abre mão daquilo que nos paralisa, somos tomados pelas mãos e Jesus nos coloca de pé para caminharmos livres e para buscarmos o que realmente desejamos, ou seja, caminhar sem nos sentir atados pelo pesado passado ou por aquilo que nos oprime. Sim, a cura é existencial porque alcançou o físico, libertou o caminhar e deu novos ares aos afetos e à consciência do paralítico e todos os que estavam perto de Jesus e que compreendem esse novo gênesis, a nova criação na força do Deus que está conosco.
Pe. Jean Lúcio de Souza