Sagrada Família de Nazaré, nossa família vossa é!
Neste primeiro domingo depois do Natal do Senhor, coincidindo ainda com a oitava de Natal (oito dias celebrados com a mesma alegria do Natal), a Igreja nos convida à festa da Sagrada Família de Nazaré: Jesus, Maria e José! E o faz por acreditar que a família foi, é e sempre será a célula mater da sociedade, ou seja, um local de gestação de valores humanos e espirituais que nos moldam em nosso agir e sentir como seres humanos. Sem a família, a sociedade correria um sério risco de perder-se num caos!!!
Mas antes de crer assim, por força da natureza mesma da família, a Igreja contempla o plano de amor de Deus que tendo enviado seu Filho a este mundo, unindo céu e terra, permitiu que a maior parte da vida de Jesus se passasse no escondimento de uma família! Mas um escondimento que significou para Jesus um tempo único de crescimento em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. Foi na escola da família de Nazaré que Jesus aprendeu humanamente a amar a Deus sobre todas as coisas, a ser-lhe fiel nas pequenas coisas da vida, a contemplá-lo nos acontecimentos, nos relacionamentos, nas pessoas à sua volta. Foi na escola da família que Jesus aprendeu com o trabalho a valorizar o suor do próprio rosto, a colocar o pão de cada dia na mesa de sua família, lembrando-se dos pobres que não tinham pão; foi na escola da família de Nazaré que Jesus aprendeu o valor da oração, a ter Deus como próximo, tão próximo que podia ser chamado de Pai, pois de fato é; foi na escola da família de Nazaré que Jesus aprendeu a dar sentido de fé à dor da perda e o sentido de vencermos a morte na confiança em Deus.
Assim, essa família sagrada tornou-se, para nós, fonte de inspiração e modelo de vida exatamente porque viveu o projeto de amor de Deus a fim de que também nossas famílias se tornem sagradas pelo esforço de acolher o mesmo amor. Não se trata de identificar as esposas com Maria, os esposos com José e os filhos com Jesus, como geralmente tendemos a fazer, mas de pautarmos nossa prática familiar segundo os planos de Deus revelados para nós pela Sagrada Família de Nazaré.
O Deus que veio habitar em uma família tornando-a Sagrada, assim o fez para que toda família que o recebesse de coração sincero também se tornasse sagrada, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, em todos os desafios que encontra hoje uma família cristã. De forma extraordinária, proclama o cristianismo, Deus quis nascer humano e fazer parte de uma família em particular, a de Nazaré, a fim de que toda a humanidade se tornasse, depois da doação de sua vida, família de Deus pelo amor!
A Sagrada Família de Nazaré nos inspira a refletir acerca da sacralidade de nossas famílias. Em especial, da família que eu habito, da família de cada um em particular. Às vezes temos dificuldade em aceitar a sacralidade de nossa família porque imaginamos uma família perfeita, enquanto a minha, a nossa, parece estar tão distante dessa perfeição. Na verdade, não somos perfeitos, mas vamos nos construindo à medida em que as vivências vão se apresentando diariamente, à medida em que as decisões vão sendo tomadas, o amor vai sendo renovado, bem assim como aconteceu com Maria no diálogo com o anjo que lhe convidava a abrir-se à graça; a José, em acolher os planos de Deus, a Jesus-menino, tornando-se obediente aos pais durante a maior parte de sua vida.
Às vezes, nos esquecemos que Maria, aquela menina visitada pelo anjo, nasceu como uma mãe, junto com o menino Jesus. Não houve um preparo prévio, um estágio... a não ser a vivência de Maria em sua própria família, a família de Ana e Joaquim, como nos ensina a tradição oral. Tudo foi se dando na vivência dos dias, dos desafios, das incertezas, dos temores, mas sempre confiando no Senhor. Como mães, diante do exemplo de Maria, corremos o risco de pensar que a maternidade dela foi tranquila, fácil, sem os problemas com os quais muitas vezes nos deparamos; afinal, Jesus sendo Deus não "daria trabalho". Amar, cuidar, formar, santificar dá trabalho, exige esforço, sacrifício, renúncias, doação. É um sair de si para que o outro cresça. É ser ponte para que o outro chegue ao seu destino. Maria foi ponte para o menino Jesus crescer em sabedoria e graça diante do Senhor. O que faço para tornar minha família sagrada? Que pontes tenho construído junto aos meus? Agrego ou distancio?
E não tenhamos dúvida: a família é a expressão concreta do amor nas exigências da vida, e se cuidarmos bem dela, ela irá além de nós, abrindo para nós, a porta do céu!!!!
Cínthya Fonseca e Diácono Robson Adriano
Como terá sido a Infância de Jesus?
Essa pergunta foi feita por minha filha, a Yasmin Letícia, que em 2024 fará seus quinze anos. Ela foi motivada, então, a pensar por si mesma como teria sido a infância de Jesus, e então brotou o texto abaixo que está exatamente, sem acréscimos ou modificações, do jeito que ela pensou.
“Jesus cresceu em um lar muito acolhedor. Muitas vezes temos uma imagem em nossas mentes de um menino-Jesus muito sério, recluso, com pensamentos que eram além de sua idade. Porém, temos que entender que quando ele vem para a terra, ele se encarna como uma criança humana comum, ou seja, ele faria “coisas” humanas. Jesus criança também correu, pulou, brincou, riu e aproveitou essa fase assim como nós fizemos. Mesmo sendo filho de Deus ele se manteve humilde assim como nós deveríamos ser. Tenho certeza de que cada momento em família foi especial para ele e muito importante para a sua jornada futura. Tenho uma imagem de Jesus adolescente: imagino um garoto calmo, obediente e carinhoso com todos. Imagino um menino que respeitava a todos e que sempre se sentiu muito amado. Ele seria aquele amigo conselheiro que sempre ajuda a todos. E seguindo os passos dele, espero também ser uma filha e amiga com todas essas qualidades. Espero aproveitar essa fase com juízo e os ensinamentos do menino-Jesus. Tomara que as crianças e adolescentes de hoje entendam que ter a Jesus como inspiração de vida seja uma das melhores decisões que você pode tomar na vida” (Yasmin Letícia)