Celebramos hoje a memória de São Brás e de Santo Oscar. São Brás nasceu na primeira metade do século 3º, na Armênia. Sofreu o martírio no ano de 320, sob a perseguição romana. É invocado contra os males da garganta, por ter salvo uma criança que estava morrendo engasgada com uma espinha de peixe. Santo Oscar foi monge beneditino. Ele nasceu em 801 na França e faleceu em 865, na Alemanha, onde foi missionário e bispo. Por haver sido o grande evangelizador da Dinamarca e da Suécia, recebeu o título de “apóstolo do Norte”. Com os santos aprendemos a viver, no anúncio e testemunho do Evangelho, uma vida contemplativa na ação.
Na primeira leitura, o autor sagrado do primeiro livro dos Reis realça em Salomão três facetas: sábio (3-5), construtor (6-9) e rico (c. 10). Mas a mais importante é a sabedoria, porque ela abarca todos os campos. Essa sabedoria é dom de Deus, fruto da oração. E a oração do rei é a melhor prova da sua sabedoria. A oração de Salomão, no santuário de Gabaon, é sábia e inteligente e agradou ao Senhor. Não foi uma oração egoísta, mas uma oração em que pediu a Deus bons critérios para julgar e para discernir o bem e o mal, para governar com justiça. Salomão não é grande por causa da sua riqueza e nem por causa da sua sabedoria, mas porque soube dirigir a Deus a oração justa, feita com humildade e confiança. Quanto precisamos da sabedoria para nos conduzirmos pelos critérios de Deus, e não pelos critérios do mundo em que vivemos! Peçamos também essa graça para discernir, sempre e em toda a parte, a vontade de Deus acerca de nós, das nossas comunidades e do mundo.
No Evangelho de hoje os Apóstolos vêm dos seus lugares de trabalho e contam a Jesus o que fizeram. Jesus os escuta, mas não quer vê-los cair no triunfalismo do muito que fizeram e fazem, nem no ativismo de quem se entrega às coisas do Senhor, esquecendo o próprio Senhor. Por isso, lhes diz: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco” (v.31). É um momento de intimidade entre Jesus e os seus, um convite ao repouso e ao recolhimento. No mundo agitado em que vivemos, perdemos o sentido do repouso. Mergulhados em mil e uma tarefas, corremos desenfreadamente, sem reservarmos tempo para nós. Jesus nos lembra que não podemos viver sem nos alimentarmos, sem repousarmos. São exigências da nossa condição humana que não podemos desprezar. A própria eficácia do nosso apostolado depende mais da graça do Senhor do que das nossas correrias e esforços. Precisamos de tempo para estarmos a sós com o Senhor, crescermos na intimidade com Ele e lhe apresentar as situações e as pessoas que encontramos no nosso apostolado. Sem nos alimentarmos na mesa da Palavra e da Eucaristia, a nossa vida definha e o nosso apostolado é estéril.
Rezo a Deus pedindo um coração compreensivo, justo, capaz de discernir entre o bem e o mal? Procuro fazer sempre a sua santa vontade? Tenho tempo, a cada dia, para viver a intimidade com Deus através da oração e da meditação de sua Palavra? Nos frutos que espero colher, no dia a dia, acredito mais nas minhas forças ou na graça de Deus? Em que a Palavra de Deus me ajuda hoje?
Senhor, dá-me um coração que saiba discernir a vontade do Pai, que saiba amá-la, que saiba cumpri-la pronta e generosamente. Peço-te esta graça por intercessão de Maria, a Virgem que sabia escutar, a Virgem do “Sim”. Ajuda-me a fazer silêncio, sobretudo dentro de mim. Dá-me o gosto da solidão preenchida pela tua presença. Liberta-me do “frenesi” da ação e da busca extenuante do barulho e da confusão.
Que eu saiba escutar o silêncio. Que eu saiba ouvir a tua voz nas pequenas coisas de cada dia: no rosto do irmão, no encanto da natureza, nos trabalhos e na história, no repouso e no sono, quando tudo mergulha no silêncio e só Tu podes penetrar no íntimo dos corações. Amém.
Bênção da Garganta
Por intercessão de São Brás, bispo e mártir, livre-te Deus do mal da garganta e de qualquer outra doença. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago