A liturgia do 5º Domingo do Tempo Comum nos coloca face a questões que, desde sempre, inquietaram os seres humanos: qual o sentido do sofrimento e da dor que acompanham a caminhada do homem pela terra? Qual a “posição” de Deus face aos dramas que marcam a nossa existência? A Palavra de Deus que hoje escutamos não tem respostas absolutas para estas questões; mas nos deixa uma certeza fundamental: o projeto que Deus tem para nós não é um projeto de morte, mas é um projeto de felicidade e de vida sem fim.
Na primeira leitura, Jó comenta, com amargura e desilusão, o fato de a sua vida estar marcada por um sofrimento atroz e de Deus parecer ausente e indiferente face ao desespero em que a sua existência decorre… Apesar disso, é a Deus que Jó se dirige, pois sabe que Deus é a sua única esperança e que fora d’Ele não há possibilidade de salvação. O grito de Jó é também o nosso grito que brota de um coração dolorido, diante das provações da vida, mas é também um grito de esperança de quem sabe que só em Deus pode encontrar força e sentido para a própria existência.
Na segunda leitura, o apóstolo Paulo revela aos coríntios, e a nós, que o amor é o princípio fundamental que guia cada um dos seus passos. Foi por amor que ele se fez servidor do Evangelho, sem exigir nada de ninguém. Por amor, Paulo renunciou à sua própria liberdade e pôs a sua vida ao serviço de Cristo e do Evangelho. Por amor, Paulo renunciou aos seus direitos e fez-se “servo de todos” (v. 19); por amor, ele renunciou aos seus próprios interesses e benefícios pessoais e identificou-se com os fracos, fez-se “tudo para todos” (vv. 22-23). É de acordo com este princípio que os discípulos de Jesus devem viver.
O Evangelho manifesta a eterna preocupação de Deus com a felicidade dos seus filhos e filhas. Na ação libertadora de Jesus em favor dos homens, curando a sogra de Pedro, começa a se manifestar esse mundo novo sem sofrimento, sem opressão, sem exclusão que Deus sonhou para os seus filhos e filhas. As forças do mal que prostram o ser humano, são aniquiladas por Jesus. No quadro final (vv. 35-38), antes de dar por concluída a jornada diária, Marcos ainda nos convida a olhar para Jesus, retirado num lugar solitário, em oração. A oração, o tempo para o encontro e para o diálogo com o Pai, não podia faltar num dia típico de Jesus. A oração é, para Jesus, o cume e a fonte da ação. Deve ser assim também para todos nós. O texto ainda sugere que a ação de Jesus, que se dirige a todos, deve ir a outros lugares (v.38), deve ser continuada pelos seus discípulos, por todos nós.
Diante dos sofrimentos e das provações, como me comporto: com desespero ou me confio e peço forças a Deus? Coloco amor no que faço, no que Deus me pede? Confio no Projeto de vida e salvação que Deus tem para mim? Encontro tempo, no dia a dia, para rezar? Como tenho alimentado a minha fé? O que a Palavra de Deus mais me ajuda hoje?
Senhor, meu Deus, só em Ti coloco a minha esperança, defenda-me de todo mal e faça-me instrumento do teu amor e da tua misericórdia em favor de meus irmãos e irmãs. Que eu leve a todos a Boa Nova da da salvação. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago