Celebramos hoje a memória de São Paulo Miki e companheiros. Paulo, nascido no Japão em meados do século 16, jovem sacerdote jesuíta, morreu crucificado em 1597, juntamente com 25 companheiros, entre os quais outros jesuítas, franciscanos e cristãos leigos. Consta que, naquela época, duzentos mil cristãos foram martirizados. Não obstante a terrível provação, restou ali uma pequena comunidade cristã que não deixou apagar a fé em Jesus Cristo. Deixemo-nos também tocar pela coragem dos mártires e mantenhamos vivas a fé e o nosso compromisso com a evangelização.
Na primeira leitura, Salomão, pelo caráter sagrado que lhe vem da unção, e como rei de um povo escolhido por Deus no Antigo Testamento, preside à cerimônia da dedicação do templo. O centro da sua oração, onde brota o louvor e a invocação, é o espanto do homem diante de Deus-presente, diante de um Deus que quer habitar no meio dos homens: “Será que Deus poderia mesmo habitar sobre a terra?” (v. 27). Como é possível habitar num templo Aquele que nem os céus podem conter? Para Salomão, mais importante que o ouro que reveste o altar e as portas do templo; mais importante que as colunas de bronze e as alfaias sagradas, é a presença de Deus, no templo por ele edificado, é a Aliança com que Deus quis ligar-se ao seu povo. O templo é memória da Aliança. Não é uma morada para encerrar a Deus. Nenhuma morada construída pelos homens O pode conter. Ele está presente onde quer que se viva a Aliança. O que dá sentido e dignidade à vida, não são, propriamente, as nossas obras, mas a Aliança, isto é, a ligação que Deus quis estabelecer conosco e realizou definitivamente em Jesus Cristo, seu Filho, nosso Salvador.
O evangelho nos fala da pureza ritual, nos mostrando que a nova relação entre os discípulos e Jesus de Nazaré implica uma nova relação entre eles e as regras estabelecidas pelos homens para o encontro com Deus: “Porque é que os teus discípulos não obedecem à tradição dos antigos e tomam alimento com as mãos impuras?” (v. 5). Mais do que nas suas palavras, é na Pessoa de Jesus que encontramos a resposta à essa questão. Ao revelar-se como o Filho de Deus, o Mediador entre Deus e os homens, Jesus relativiza as regras e preceitos humanos. Não os anula, mas mostra que são válidos se estiverem relacionados com Ele. Ele é a norma, Ele é a encarnação do mandamento de Deus, a Palavra viva. Uma prática meramente exterior não agrada a Deus.
Confio-me a Deus, sei que Ele sempre me atende em minhas necessidades e anseios? Sou dado à vida de oração? Cumpro, com fidelidade, os seus santos ensinamentos? Fico esvaziando a Palavra de Deus com tradições meramente humanas? Em que a Palavra de Deus hoje mais me ajuda?
Senhor, liberta-me de todo formalismo, do legalismo mesquinho, que dá grande importância ao que não tem, para que eu não transforme a religião em algo de externo, sem valor diante de Ti. Ajuda-me a pôr cada coisa no seu lugar, a dar apenas importância ao que merece; a viver com fidelidade à luz da tua Palavra e no bom cumprimento do chamado que me fazes. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago