Celebramos hoje as memórias de São Jerônimo Emiliani e de Santa Josefina Bakhita. São Jerônimo nasceu na Itália em 1486 e lá faleceu em 1537. Como soldado, conheceu os horrores da guerra. Abandonou a carreira militar, tornou-se padre e muito se empenhou no serviço aos pobres e às crianças abandonadas. Santa Josefina Bakhita nasceu no Sudão em 1869 e morreu na Itália em 1947. Sofreu os horrores da escravidão. Uma vez libertada, entrou para a Congregação das Irmãs canossianas. Fez de sua vida uma total doação aos excluídos. Foi canonizada pelo Papa São João Paulo II, no ano 2.000. À semelhança destes santos, sejamos testemunhas da misericórdia de Deus, acudindo os mais empobrecidos e necessitados, com o pão da Palavra e o pão material.
Na primeira leitura, vemos que o reinado de Salomão, glorioso sob tantos aspectos, teve as suas sombras que se podem resumir numa só palavra: idolatria. Havia uma lei que proibia o casamento com mulheres estrangeiras, exatamente para evitar o pecado de idolatria. Salomão seguiu uma política de alianças em boa parte baseada em combinações matrimoniais. As suas mulheres pagãs exigiam templos onde prestar culto aos seus deuses. Salomão cedeu a esses pedidos e ele mesmo e alguns dignitários da corte, bem como populares, caíram na idolatria. Salomão afastou-se do Senhor, Deus de Israel. E o Senhor rejeitou-o. Em consequência dessa rejeição acontecerá a divisão do reino de Israel. Por que, mais a frente, o exílio, a dispersão e tanto sofrimento e humilhação? A resposta dada pelos autores sagrados é por causa da infidelidade, da prática da idolatria, desviando-se do Senhor. Contudo, a esperança permanece, pois, apesar disso, Deus permanece fiel à sua aliança e à sua promessa. A leitura nos faz ver que as tentações de Salomão continuam atuais. É preciso grande fortaleza de alma para resistir e permanecer fiéis a Deus. Os deuses que hoje nos podem seduzir, talvez se chamem da busca do sucesso a todo custo, das ambições desregradas, o deus dinheiro, a sensualidade, as paixões amorosas desordenadas... O caminho será sempre cumprir o mandamento de Deus: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6, 5). Esta é a verdadeira sabedoria: em tudo, fazer a sua santa vontade.
No Evangelho, no diálogo com a mulher cananeia emerge a tensão entre o papel proeminente de Israel na história da salvação e o universalismo da mesma salvação. Não só os “filhos”, os judeus, mas também os “cães”, os pagãos, segundo a metáfora, são chamados à salvação. A única condição é escutar a Boa Nova e acolher Jesus como Senhor. Foi o que fez aquela mulher. A fé da cananeia dissolveu a tensão e alcançou-lhe o milagre. A filha foi libertada do demônio. É sendo perseverantes, na escuta da Palavra de Deus e na observância fiel da fé, que seremos salvos, teremos vida e vida em plenitude.
Sou dado aos deuses do mundo, praticando a idolatria, ou vivo, com fidelidade, a minha fé? Faço a vontade do mundo ou a vontade de Deus? Confio que Deus pode me curar? Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda?
Senhor, quero, hoje, unir-me a ti presente na vida do mundo, com teu corpo santo, e, em solidariedade contigo, oferecer-me ao Pai como oblação viva, santa e agradável, “como oferenda e sacrifício de agradável odor” (Ef 5,2). Ajuda-me a, em tudo, fazer a vontade do Pai. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago