Celebramos a memória litúrgica de Santa Escolástica. Ela nasceu na Itália em 480 e lá faleceu em 547. Mulher de profunda intimidade com Deus e irmã de sangue de São Bento, Escolástica fundou, por inspiração dele, a Ordem das Beneditinas. A seu exemplo, valorizemos a vida de oração e de profunda comunhão com Deus.
Na primeira leitura, vemos consumado o cisma político em Israel. Jeroboão reina sobre as 10 tribos do norte, enquanto Roboão reina sobre as tribos de Judá e de Benjamim. Mas o fosso entre o Reino do Norte e o Reino do Sul se agrava com o cisma religioso, idealizado por Jeroboão para evitar as peregrinações a Jerusalém. Essas peregrinações podiam levar o povo a voltar-se novamente para a casa de Davi e a dar maior poder econômico ao Reino do Sul. Assim Jeroboão revitaliza o templo de Betel, onde Abraão construíra um altar ao Senhor, e onde Jacó tivera o sonho da escada que subia da terra ao céu, e o templo de Dan, cidade santuário desde o tempo dos Juízes. Em cada um dos santuários, coloca um bezerro de ouro, inspirando-se numa antiga tradição segundo a qual essa imagem era pedestal da divindade invisível, do mesmo modo que a arca era o trono de Javé no templo de Jerusalém. Jeroboão coloca nesses santuários sacerdotes que não eram oriundos da tribo de Levi. Assim procura, não só congregar as tribos isoladas do Norte, mas também desviar os peregrinos de Jerusalém. Para completar a sua obra, Jeroboão institui uma “festa dos Tabernáculos” para satisfazer a possível saudade do povo, que costumava peregrinar ao templo de Salomão, em Jerusalém, para a celebrar. Revela uma grande habilidade política para contrariar a forte atração que exercia sobre o povo a cidade de Davi e o seu suntuoso santuário. Mas também revela aquele egoísmo cego, que vicia desde o princípio o seu reino, conduzindo-o à destruição. Ele imagina uma série de intervenções que visam pôr o povo a seu favor, sem se importar que caia num pecado que lhe trará a destruição. Jeroboão vê o povo como um meio para fortalecer o seu poder real, sem se importar com a sua sorte, porque o seu coração é perverso. Dos corações perversos nascem as “estruturas de pecado”.
No Evangelho se pode ver uma alusão à refeição eucarística. O evangelista parece querer realçar a multiplicação dos pães como prefiguração da eucaristia cristã e das suas implicações. Além disso, a compaixão de Jesus é suscitada pela miséria física daquela gente que andava com Ele havia três dias. É este sentimento de compaixão que provoca o milagre. Cristo dá-Se a comer na Eucaristia, mas também se dá por meio do nosso amor, por meio do nosso serviço aos pequenos, àqueles que têm fome e sede, que estão doentes ou na prisão... É o mesmo Cristo que Se dá nestes dois "sacramentos" que reciprocamente se apelam (Mt 25, 40). Alimentados pelo Pão da Palavra e da Eucaristia, é esse mesmo sentimento que também nos deve levar à partilha em comunidade, em favor dos mais necessitados.
Busco fazer a vontade de Deus ou apenas os meus interesses, me desviando de sua Palavra? Conservo grande amor à Eucaristia, participando, regularmente, das missas e recebendo esse sacramento? A comunhão com Deus tem me levado à comunhão com os irmãos e irmãs, no serviço da caridade cristã? Em que a Palavra de hoje mais me ajuda?
Senhora, Mãe de Jesus e minha Mãe, quero saudar-te especialmente neste dia de sábado. Tu és modelo de confiança e de abandono. Tu acolheste a Palavra de Deus sem preocupar contigo mesma, nem com os teus projetos. Aceitaste pacificamente que a tua vida fosse perturbada pela “invasão” de Deus... até ao Calvário. Por isso é que Deus Ti encheu de alegria e todas as gerações Ti proclamam bem-aventurada. Alcança de Jesus para mim uma confiança e um abandono semelhantes aos teus, em todas as situações. Que, mais do que olhar para mim mesmo, eu saiba olhar para Jesus, teu filho, e para o projeto em que Ele me quer como colaborador. Que eu saiba fazer da minha vida uma eucaristia para louvor do Pai e serviço dos irmãos e irmãs, particularmente dos mais necessitados. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago