A liturgia do 6.º Domingo do Tempo Comum nos fala de um Deus que ama e abraça, com ternura de pai e de mãe, todos os seus filhos e filhas, particularmente aqueles que os acidentes da vida magoaram e desfiguraram. Ele não exclui ninguém nem aceita que, em seu nome, se inventem sistemas de discriminação ou de marginalização dos irmãos.
A primeira leitura nos fala de Naamã, general da Assíria. Ele era leproso e, orientado, foi procurar o profeta Elizeu, nas terras de Israel. No início ele, em seu orgulho, se faz resistente ao que o profeta lhe pediu, mas depois assentiu e ficou curado. A leitura nos ensina a fazer a vontade de Deus, condição para sermos curados, e a reconhecer o amor de Deus que se estende a todos, como a Naamã, um estrangeiro. Deus não faz acepção de pessoas. Deseja a vida e salvação para todos os seus filhos e filhas. Também essa leitura nos recorda as águas batismais que nos lavou do pecado original e nos trouxe à vida nova em Jesus Cristo. Possamos, como Naamã, mergulhar hoje nas águas da santidade, da humildade, da alegria de amar e servir, em nome de Jesus.
A segunda leitura convida os cristãos a terem como prioridade a glória de Deus e o serviço do bem aos irmãos e irmãs. O exemplo supremo deve ser o de Cristo, que viveu na obediência incondicional aos projetos do Pai e fez da sua vida um dom de amor, ao serviço da libertação e salvação dos homens. Paulo assim dá testemunho dizendo esforçar-se, com toda honestidade e coerência, para imitar Cristo. É esse o caminho que ele aponta para a comunidade e, hoje, para todos nós.
O Evangelho nos mostra como, em Jesus, Deus desce ao encontro dos seus filhos e filhas, vítimas da rejeição e da exclusão. Ele, como fez com o leproso, também se compadece de nossa miséria, estende a mão com amor, para nos libertar dos sofrimentos, especialmente da lepra do pecado, nos integrando, em sua misericórdia, à comunidade do “Reino”. Deus não pactua com a discriminação e denuncia, como contrários ao seu projeto, todos os mecanismos de exclusão dos irmãos e irmãs. Num mundo que exclui, que deleta as pessoas, precisamos agir como Jesus, com misericórdia, incluindo a todos. O mandato é esse: “Ide, fazei de todos meus discípulos” (Mt 28,19-20).
Confio que Deus pode me curar no corpo e na alma? De que “lepras” preciso ser curado? Glorifico ou não a Deus com a minha vida? Sou sinal de luz ou de trevas? Tenho compaixão dos que mais sofrem, de modo a testemunhar a minha fé com as boas obras? Em que a Palavra de Deus mais me ajuda hoje?
Ó Deus, para Ti, nada é impossível. A Ti, me confio, por vezes, atingido pela lepra do pecado, em minhas fragilidades, preconceitos e omissões. Tem piedade de mim. Tu és minha alegria e meu refúgio. Se queres, pode curar-me. Cura-me, Senhor, e me faz instrumento de tua compaixão para que, com meu testemunho de fé, ajude, na perspectiva do teu Reino, que todos sejam incluídos e tenham vida de verdade, vida plena. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago