“Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me”
1. Coloco-me pronto para ouvir o que Deus quer me dizer:
- Depois de uns instantes de silêncio, apaziguando o coração, e de se colocar em oração sob as luzes do Espírito Santo, pegue a sua Bíblia (ou a liturgia diária) e leia, atentamente, os textos da sagrada Escritura, propostos para esse dia e, de modo especial, o santo Evangelho.
2. Meditando a Palavra de Deus:
- Ouvimos Jesus dizer aos seus discípulos: “de que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se e a arruinar a si mesmo? (Lc 9,25).
- Para Jesus, a verdadeira vida existencial passa pela partilha. Concretamente: usar o que é justo, não possuir nada e partilhar tudo.
- Certamente o poder do dinheiro e das posses também foi sentido por Ele.
- Qual o sentido de acumular riqueza e poder, correndo o risco de perder o único bem real à nossa disposição, a nossa vida?
- É verdade, o que teremos ganho, riquezas e poder, não nos permitirá redimir a nossa existência ou atrasar a hora da morte: “Quem entre vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um único instante à duração da sua vida?”(Mt 6,27; Lc 12,25).
- A oposição é entre duas lógicas de existência. A lógica mundana, que se centra na posse e procura a sua própria preservação em ter sempre mais; e a lógica do discípulo, que se centra no dom, na partilha.
- Segundo o Evangelho, a escolha entre as duas lógicas põe em jogo toda a existência do ser humano.
- O paradoxo do Evangelho, para alguns “tolice e loucura” e para outros “poder e sabedoria de Deus” (1Cor 1,18-25), deve ser colocado nesses termos e não de outra forma.
- Como tenho “gastado” a minha vida? Que sentido tem para mim as coisas? Sou mais atento a elas que às pessoas? Sei partilhar? O que mais me ocupa: ser ou ter? Os bens materiais, passageiros, têm me ajudado a buscar os bens eternos, duradouros?
3. Reze à luz dessa Palavra:
- O primeiro chamado, seja qual for a sua vocação, o seu estado de vida, é para dar a vida, gastar-se como uma vela. “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
- Peça a Deus essa graça: que eu seja uma vela generosa, que se gasta, sem reclamar; que se doa para iluminar a vida dos que estão à minha volta.
4. Da contemplação para a ação:
- É seguindo Cristo, de modo radical, até ao fim, que se chega à vida. O seguimento de Cristo implica passar pelo Calvário, pela cruz. Mas é por aí que se chega à ressurreição, que se salva a vida.
- A vida de oblação, no concreto do dia a dia, consiste em aceitar com serenidade, dando graças, as cruzes e canseiras; consiste em irradiar com espontaneidade simples os frutos do Espírito.
- É assim que realizamos o convite de Jesus: Quem quiser ser Meu discípulo "tome a sua cruz, dia a dia, e siga-me” (Lc 9, 23).
Oração
Senhor Jesus, o teu desafio é tremendamente claro,
deixando-me sem escapatória possível:
ou a salvação imediata, que me levará a perder a vida;
ou renúncia a mim mesmo, que me conduzirá à vida.
E desafias-me, não só com palavras,
mas também com o teu exemplo, pois quiseste percorrer,
antes de mim, o caminho que leva à salvação.
Como Tu mesmo declaraste, trata-se de um caminho muito difícil:
“O Filho do homem tem de sofrer muito,
tem de ser condenado à morte”,
mas “ao terceiro dia, ressuscitar”,
Seguindo as tuas pegadas sangrentas, não errarei o caminho,
e estarei seguro da tua graça, que me conduzirá até ao fim.
Infunde em mim o teu Espírito Santo para que,
unido a Ti durante a caminhada, e até ao sacrifício,
Contigo continue unido na glória da Ressurreição.
Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago