“Quem de vós dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão?”
Est 4,3-4.12-14; Sl 137; Mt 7,7-12.
1. Preparo-me para ouvir o que Deus tem a me dizer:
- Faça silêncio, por alguns instantes, aquiete o seu coração.
• Entregue as suas preocupações ao Senhor. Coloque-se, confiante, em suas mãos.
• Peça a graça desta semana. Invoque o Espírito Santo, pedindo que Ele lhe conceda suas luzes e dons.
• Leia, atentamente, os textos bíblicos, propostos para hoje. Saboreie essa Palavra de vida e salvação... procure se deter no que mais lhe chamou atenção. Se sentir vontade, leia novamente...
2. O que diz a Palavra de Deus para mim?
- A liturgia da Palavra de hoje nos chama a ver como está nossa vida de oração.
- Um personagem em destaque é Ester.
• Escolhida pelo rei Assuelo para ser sua rainha, ela se encontra em uma situação dramática e desafiadora, pois o príncipe Amã armou uma trama para que o rei mandasse exterminar os judeus do seu reino.
• A rainha quer interceder por seu povo, mas para isso se expõe ao perigo de morte, por dois motivos: ela era judia e o rei não sabia desse fato; depois, quem se aproximasse do átrio real sem ser chamado pelo rei, era condenado à morte.
- É nessa situação que encontramos a oração confiante da rainha Ester.
• Ela busca refúgio em Deus, a quem suplica que venha em seu socorro e que lhe dê palavras atraentes quando, desamparada, estiver diante do leão que é o rei poderoso.
• Ela sabe que só Deus pode socorrê-la.
- A oração de Ester é atendida. Você pode estar perguntando por quê?
• De fato, a oração que Ester faz não é autocentrada, ou seja, de quem busca benefícios para si, mas de quem põe em risco a própria vida para salvar o seu povo.
• Sua oração é do coração humilde e confiante – ela prostrou-se com reverência diante de Deus, suplicando a graça de poder ajudar, fraternalmente, os mais vulneráveis.
• Aqui, uma pergunta que não quer calar que você deve fazer a si mesmo: Como eu rezo? Que “preocupações” ou “atenções” eu trago, quando me coloco em oração?... Mas, caminhemos um pouco mais...
- No Evangelho, Jesus apresenta um critério fundamental de autenticidade da oração: “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles”. E Jesus diz mais: “Nisso consiste a Lei e os Profetas”.
• A oração autêntica gera sempre um coração fraterno e solidário.
• De nada adianta dizer em alta voz que Deus está acima de tudo, erguer os braços e a voz em oração, se isso não nos leva a ser fraternos, a respeitar a vida, a trabalhar em favor da vida, da justiça e da paz.
• Mais uma vez, você deve se perguntar: Minha oração é autêntica ou não? Por quê?
- Ainda mais um ponto. Você já ouviu pessoas dizerem que pedem a Deus e não são atendidos. Pedem, procuram, batem à porta do coração de Deus, insistem, mas não são atendidos... talvez você se sinta assim...
• É importante perguntar-se: o que estou pedindo? O que estou procurando? Peço e busco com sabedoria?
• Sim, porque muitas vezes Deus, na sua infinita bondade e providência, na expressão de Jesus no Evangelho, já nos deu muito pão e muito peixe.
• Mas eu não peço com sabedoria... fico pedindo “pedras e cobras”, em uma oração autocentrada, pensando somente em mim... claro que não serei atendido.
• Por quê? Deus que é bondade e providência, já disse, no Evangelho, que Ele jamais dará essas coisas aos seus filhos e filhas.
- Pede, então hoje, essa graça, como os discípulos pediram a Jesus: Senhor, ensina-me a rezar.
3. Reze à luz dessa Palavra:
-As promessas de Deus e o arrependimento do seu povo levam Ester, em sua oração, a pedir ao Senhor a salvação da sua gente e a pedir, para si mesma, a coragem, a sabedoria e a ajuda necessárias para cumprir, com êxito, a sua missão de intercessora.
- Jesus no Evangelho diz que Deus dá a quem pede e abre a quem bate... É uma verdade: O Pai escuta sempre os pedidos dos filhos e dá-lhes o que é melhor para eles.
• Nem sempre Deus nos dá o que lhe pedimos, porque nem sempre sabemos pedir o que convém, mas sempre Ele nos dará o que precisamos... confia, seja perseverante, sua oração nunca será em vão e Deus, na sua onisciência, saberá aplicá-la para o seu verdadeiro bem... Ele sabe do que precisamos...
Oração
Senhor, hoje, quero aprender a apresentar-Te os meus pedidos sem condicionar as tuas respostas,
porque sei que só dás coisas boas a quem Te pede.
Quero pedir-Te confiadamente e com perseverança aquilo que julgo importante para mim, para a Igreja, para o mundo.
Mas deixo-te o cuidado de encontrar a melhor solução, de escolheres o dom que me queres fazer.
E estou certo que sempre assim o farás, dando-me mais que meus pobres pedidos, pois nem sempre sei o que, verdadeiramente, pedir.
E, quando me deres o que Te peço, aproveitarei essa graça para crescer na união Contigo,
transformando o teu dom em instrumento de progresso espiritual,
abrindo-me ao teu amor e ao amor para com meus irmãos e irmãs.
Amém.
4. Da contemplação para a ação:
- O tempo da Quaresma é propício para intensificar minha oração, aprimorando essa “intimidade” com Deus, a modo do apóstolo Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.
- A comunhão com Deus, a que Jesus nos convida, é uma experiência que nos renova interiormente: “Pedi, e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e hão ¬de abrir-vos. Pois, quem pede, recebe; e quem procura, encontra; e ao que bate, hão¬ de abrir” (vv. 7-8).
• A oração confiante e perseverante não desilude, porque Deus só pode dar coisas boas a quem pede. Como eu disse, e você deve guardar para a vida: Ele sabe do que precisamos. Então, na oração, mais do que apresentar os seus desejos, você deve abandonar-se aos que Ele tem para você.
- Experimente fazer o que vou lhe propor: A sua oração deve começar com um ato de contemplação gratuita, fixando o olhar no rosto do Pai misericordioso... É tua face que eu procuro, Senhor... Deixa, então, cair ao chão, ao vazio, os seus muitos pedidos e permita crescer em você um só pedido, que é o que mais importa: que se cumpra em você a santa vontade de Deus... tudo o mais é secundário... acredite.
• Contemplando o rosto de Deus, você “limpará as suas vistas”, experimentará a certeza de que é filho/filha muito amado e que, portanto, nada (repito, nada) lhe faltará daquilo que realmente você precisa.
- E mais, se você sente a necessidade de rezar demoradamente, não é para convencer a Deus das suas necessidades, mas para transformar os seus desejos e fazê-los coincidir com a vontade divina que quer o seu bem... este é um sinal de uma oração autêntica.
• Quem assim se alcança na oração descobre algo profundamente enriquecedor em termos de espiritualidade, descobre que rezar é amar e que a caridade é a oração que dá valor a todas as orações e práticas de piedade e torna fecundo o "nosso apostolado".
Pe. Marcelo Moreira Santiago