Primeira sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus!
“Quando o dono da vinha voltar, o que fará com os vinhateiros”
Gn 37, 3-4.12-13.17-28; Sl 104; Mt 21,33-46.
1. Preparo-me para ouvir o que Deus tem a me dizer:
- Faça um pequeno silêncio, para aquietar o seu coração, para acolher a Palavra de Deus.
• Coloque-se nas mãos de Deus... e invoque sobre você o Espírito Santo, pedindo seus dons e suas luzes...
• Leia, atentamente, com atenção e sem pressa, os textos da Sagrada Escritura, propostos para esse dia. Procure saborear a Palavra de Deus e ruminá-la... Cante louvores ao Senhor...
2. Meditando a Palavra de Deus:
- No Evangelho, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos são os vinhateiros que têm o privilégio de cultivar a vinha predileta de Deus, o povo de Israel.
• No momento da colheita, em vez de apresentarem os frutos ao dono, que é Deus, querem se apropriar deles e maltratam os profetas que lhes são enviados.
- Finalmente, Deus envia-lhes o seu próprio Filho, que é Jesus que lhes está a falar. É a última oportunidade que Deus lhes oferece para que se tornem seus colaboradores na obra da salvação.
• Mas acontece exatamente o que a parábola dizia sobre os vinhateiros malvados: compreenderam que eram eles os visados e procuravam prendê-lo (vv. 45-46).
• E, conduzidos habilmente por Jesus, são eles mesmos que tiram as consequências de um tal ato: o dono, que é Deus, “Dará morte afrontosa aos malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entregarão os frutos na altura devida” (v. 41).
- Quando Mateus escreve este Evangelho, já se tinham verificado a alegoria de Isaías e a profecia de Jesus: os chefes do povo de Israel tinham efetivamente matado o Filho fora da vinha - fora dos muros de Jerusalém - e a cidade santa já tinha sido destruída por Tito, no ano 70, e caído em mãos estrangeiras, o império romano.
• Os novos vinhateiros, os pagãos convertidos, cultivavam a nova vinha, a Igreja, dando a Deus abundantes frutos, com adesões cada vez mais numerosas à fé cristã.
- José, de quem nos fala a primeira leitura, é uma impressionante figura de Jesus, tal como o filho herdeiro de que nos fala o Evangelho.
• Em ambas as leituras escutamos já o “Crucifica-o”. “Eis que se aproxima o homem dos sonhos. Vamos matemo-lo”, disseram os irmãos de José; “Este é o herdeiro. Matemo-lo”, disseram os vinhateiros malvados.
• O único protagonista é, portanto, Jesus, escondido na figura de José e na figura do filho herdeiro da parábola.
- Estes textos nos fazem pensar nos sofrimentos do Coração de Jesus, morto por inveja, como nos referem os relatos da paixão. Foi a inveja que mobilizou a má vontade dos irmãos contra José e a dos vinhateiros contra o filho herdeiro da parábola.
- Numa atitude de gratidão, converse com o “senhor da vinha”... se deixe questionar... Como tenho trabalhado na “vinha” do Senhor? Sou jardineiro ou explorador? Que frutos tenho produzido, em ordem ao mundo, nesse grande “jardim” do Criador? À pergunta de Jesus, na parábola de hoje, “Que fizestes de minha vinha”, que resposta eu tenho dado em minha vida, no modo como vivo minhas relações com as pessoas e com todo o criado?
3. Reze à luz dessa Palavra:
- As leituras que escutamos hoje também falam de nós. Jesus é o protagonista. Mas nós também entramos na sua história. Somos os irmãos, somos os vinhateiros malvados. Mas não devemos desesperar com os nossos pecados.
• Na história de José, a inveja foi maravilhosamente vencida: no Egito, José não puniu os irmãos, mas salvou-os. Soube ler a história das suas tribulações, do seu exílio, como preparação, querida por Deus, para poder salvar os seus irmãos e todo o seu povo no tempo da carestia.
• Jesus também venceu a inveja aceitando tornar-se o último de todos. Quando o contemplamos na cruz, não podemos dizer que cause inveja a alguém! Pondo-se no último lugar, Jesus revelou o seu poder. O domínio que o Pai lhe prometeu é um domínio de amor, no serviço de todos.
- Ao escutarmos as leituras de hoje, não devemos, portanto, sentir-nos condenados, mas devemos erguer os olhos mais alto, para o coração do Pai. Jesus veio revelá-lo.
• É Ele, o Pai que, por amor, envia Jesus, como fora enviado José, a “procurar os irmãos” (Gn 37, 16).
• A predileção de Israel por José, ou do Pai por Jesus, não é mais do que uma particular participação no amor paterno.
• É esse amor, que tem origem no coração do Pai, que os torna diferentes e capazes de vencer a inveja, o ódio e a rivalidade, com o perdão.
Oração
Senhor Jesus, quanto me impressionam a história de José e a parábola dos vinhateiros malvados.
Em José, e no filho herdeiro, vejo a Ti mesmo, enviado pelo Pai, a reunir os seus filhos dispersos, a procurar os teus irmãos e irmãs.
Eu também sou um desses filhos, um dos teus irmãos.
Contemplo-Te, vítima da inveja e do ódio, e penso nos sofrimentos do teu Coração sensível e inocente.
Contemplo o amor obediente com que realizaste o projeto do Pai e nos alcançaste o perdão e a graça de uma vida nova.
Um amor verdadeiramente vencedor.
Por isso, Te peço: purifica o meu coração de todo o sentimento de inveja e de ciúme e enche-me de mansidão e humildade para, Contigo,
estar ao serviço de todos os irmãos e irmãs.
Amém.
4. Da contemplação para a ação:
- Os apelos à conversão repetem-se durante este tempo da Quaresma. Devemos escutá-los e acolhê-los, deixando-nos tocar e iluminar pela Palavra de Deus. Devemos ser bons trabalhadores na vinha do Senhor...
- O amor do Pai foi derramado nos nossos corações. Tornando-nos diferentes, tornando-nos participantes da natureza divina, fez-nos capazes de amar ao jeito de Deus, de vencer a inveja, o ódio, com o perdão.
• Mas, provavelmente, como José, e como Jesus, Filho de Deus, teremos também nós que passar por algumas tribulações.
• É assim que também poderemos nos tornar colaboradores de Deus na obra da reconciliação que está a realizar no coração do mundo.
• A vida reparadora será, por vezes, vivida na oferta dos sofrimentos suportados com paciência e abandono, mesmo na noite escura e na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos e com a morte de Cristo pela redenção do mundo.
• Concretamente: para glória e alegria de Deus e salvação do gênero humano.
- E mais, em ordem ao desastre ecológico que presenciamos, precisamos fazer do amor, que é o próprio Deus, a pedra angular... cuidando da vinha, trabalhando com o Criador, o Pai, como Jesus nos ensinou, para que a vinha seja fecunda e alimente a alegria de todos. Aqui já não cabe nenhuma atitude de dominação, de exploração, de depredação e de posse... pois somos jardineiros, cuidadores, e não exploradores...
- No seu caderno de vida, registre hoje os sentimentos que vieram mais à tona, diante da Palavra de Deus e da conversa que teve com Ele... Sua missão é a de ser colaborador(a) na vinha, no grande jardim do Criador...
Pe. Marcelo Moreira Santiago