“Levantaram-se e o expulsaram da cidade”
2Rs 5,1-15; Sl 41; Lc 4,24-30.
1. Preparo-me para ouvir o que Deus tem a me dizer:
- Faça um pequeno silêncio, para apaziguar, interna e externamente, o seu coração.
• Tome consciência de que você está acolhendo a presença de Deus. Coloque-se em suas mãos. Invoque sobre você o Espírito Santo.
• Leia, atentamente, os textos da Sagrada Escritura, propostos para esse dia e, de modo especial, o Santo Evangelho... procure saborear a presença de Deus, através de sua Palavra...
2. Meditando a Palavra de Deus:
- A cena do Evangelho se passa em uma sinagoga, de onde Jesus foi expulso.
- Os conterrâneos de Jesus, em princípio, não lhe são hostis.
• De fato, eles ficam maravilhados com as palavras que saem de sua boca, cheias da benevolência de Deus e de sabedoria.
• Dão-se conta de que o cumprimento da profecia de Isaías se realiza nas próprias palavras de Jesus.
• Ele mesmo está pregando o ano da graça anunciado pelo profeta.
• A sua origem, “o filho de José”, causa-lhes surpresa, no entanto, alegram-se pensando que, por direito, seriam os primeiros destinatários do “hoje” da salvação trazida por Jesus.
• Eles querem milagres para si, mas Jesus lhes nega o monopólio e, sobretudo, a possessão de sua atividade messiânica.
- A atitude dos conterrâneos de Jesus muda quando Ele menciona os profetas Elias e Eliseu que fizeram milagres não a seus conterrâneos, mas a estrangeiros.
• Assim como o foi com profetas, Jesus mostra que a sua missão é universal e destinada também aos pagãos.
• A partir desse momento, acontece uma reviravolta: seus conterrâneos passam de uma atitude de admiração e de possessão de Jesus para um sentimento de ódio, de querer aniquilá-lo, de pensar em linchá-lo.
• Queriam lança-lo do alto do monte.
- Esta hostilidade extrema, no entanto, não é capaz de deter Jesus.
• Ele segue com sua missão, fora de sua pátria, até seu destino final, em Jerusalém, quando a hostilidade lhe será fatal.
- Sou de impor condições a Deus para crer? Ajo de modo “possessivo” em relação a Deus? Acolho, com docilidade de alma e coração, o modo escolhido por Deus para se revelar, em seu filho Jesus? Tenho disponibilidade para acolher meus irmãos e irmãs, inclusive os que são “diferentes de mim”, também os mais distantes e necessitados?
3. Reze à luz dessa Palavra:
- As leituras de hoje nos mostram que devemos estar dispostos a acolher o modo escolhido por Deus para se revelar, para realizar as suas intervenções salvíficas.
• Não faz sentido impor condições e, menos ainda, arrogar-se direitos.
• A única atitude correta é a disponibilidade para acolher as iniciativas tantas vezes surpreendentes de Deus.
- Foi o que sucedeu em Nazaré. O filho de Maria e de José era certamente admirado por todos. Mas quando se revela como profeta, como instrumento de Deus, mencionando ações de Elias e Eliseu, voltadas para os pagãos, as opiniões mudam.
• A atitude dos seus conterrâneos, de possessão, de não acolhida à missão universal de Jesus, os impede de receber os dons de Deus, porque a graça divina é gratuita, é livre no modo de corresponder às expectativas humanas.
- Nesse sentido é interessante ver a primeira leitura... Naamã teve realmente que morrer aos seus preconceitos, às suas certezas e seguranças, para aceitar a iniciativa divina, marcada pela simplicidade. E foi curado: “a sua carne tornou-se como a de uma criança e ficou limpo”...
- Peça, em sua oração, essa graça, de acolher e de não ser resistente às surpresas de Deus...
Oração
Senhor, eis-me aqui! Tu és a minha esperança. Tu me conheces.
Coloco diante de Ti a minha miséria e o meu profundo desejo de cura. Tu podes curar-me. Tu tens palavras de vida eterna.
Espero em Ti, espero na tua Palavra, porque é grande a tua misericórdia. Não Te peço ações espetaculares.
Peço um coração simples, humilde, dócil para acolher as tuas iniciativas sempre cheias de originalidade, sempre surpreendentes.
Dá-me a simplicidade de uma criança, para me espantar diante da grandeza do teu amor escondido
na fragilidade dos sinais sacramentais e na voz e no rosto de cada irmão.
Dá-me a simplicidade de Naamã, da viúva de Sarepta. Dá-me a simplicidade de Maria de Nazaré.
Dá-me a tua simplicidade de Filho muito amado do Pai, feito homem entre os homens.
Amém.
4. Da contemplação para a ação:
- A quaresma é tempo propício para fazermos o bem, cumprir as obras de misericórdia...
- Também os gestos simples da nossa vida se podem tornar instrumentos da graça de Deus, quando realizados por amor.
• Pensemos em tantos santos e santas que se dedicaram à realização das obras de misericórdia, gestos simples do dia a dia como dar de comer, dar de beber, visitar doentes e presos, agasalhar quem precisava...
- De fato, a disponibilidade para acolher as iniciativas de Deus, leva à disponibilidade para com os irmãos e irmãs.
• Trata-se de uma "solidariedade" afetiva e efetiva com Cristo, caracterizada por uma extrema atenção ao ser humano, especialmente aos mais desprotegidos, os mais pobres e necessitados...
• Faze isto e viverás...
Pe. Marcelo Moreira Santiago