Ainda ontem, irmãos e irmãs, conversava com um dos nossos em meus encontros dominicais em nossas celebrações. Nesta conversa, falávamos da grande dificuldade que existe no convívio entre as pessoas e, verdade seja dita, temos vivido tempos complicados em nossos dias. Não estamos sabendo mais conviver uns com os outros.
Tenho um amigo que alguns dias atrás disse algo pesado para mim, ele disse o seguinte: minha vontade é sumir para roça novamente e vir à cidade somente para comprar o que necessito para manutenção da roça e alguns alimentos que não conseguir produzir. Perguntei a ele por qual motivo? Ele exclamou com voz cansada: não suporto mais conviver entre as pessoas.
A sensação é que Caim está sempre à espreita, quando Abel aparecer ele o sufocará novamente. Como dizem os mais velhos, as pessoas não nascem com uma estrela na testa para sabermos quem é Caim e quem é Abel nesta vida. Mas, uma coisa é certa, a fala de Deus advertindo Caim é extremamente lúcida – é verdade que, se fizeres o bem, andarás de cabeça erguida; mas se fizeres o mal, o pecado estará à porta, espreitando-te. Tu, porém, poderás dominá-lo – é uma exortação é extremamente funcional para nossas vidas.
Se acaso ao olharmos o mundo nos sentimos muito abafados em relação à condição humana: isolamentos, indiferença, individualismo, busca exacerbada pelo lucro, desumanização de nossas condutas, promoção do ódio e da violência, busca pela vingança, mortes, insegurança social e familiar dentre tantos outros desafios é, muito, em virtude do que nos espreita e do que temos dificuldade em dominar: o mal.
A atitude de Jesus em ir para outra margem é justamente aquele momento em que se domina o mal. Jesus não tem interesse em se submeter ao desejo dos fariseus. O Cristo não precisa oferecer nenhuma prova a eles, Ele apenas precisa seguir o seu caminho de cabeça erguida. Jesus não precisa de se rebaixar às discussões fúteis, desnecessárias e mesquinhas dos fariseus, Ele não vai “perder seu tempo”.
Ao seguir para outra margem Jesus nos ensina que o pecado não pode ficar à porta de nossos corações. A cólera não habita a vida do Cristo, mas a misericórdia e a compaixão. A mudança de margem é o ensinamento para também mudarmos de margem. Não precisamos fugir da realidade humana, isso é inevitável, não devemos nos entregar ao ódio, mas abrir-nos ao amor de Deus que nos leva sempre adiante, nunca nos impele ao mal.
Coragem!
Deus é Bom e Ele cuida de nós!
Pe. Jean Lúcio de Souza