O Capítulo 8 do Evangelho de Marcos é repleto de surpresas interessantes, ainda poucos versículos acima contemplamos os discípulos sem entender muito bem quem era Jesus – Vós tendes o coração endurecido? Tendo olhos vós não vedes e, tendo ouvidos não ouvis? Vós ainda não compreendeis? (Mc 8, 17b.18.21) – esta movimentação é muito bonita quando contemplamos o que nos é proposto neste dia – e vós, quem dizeis que eu sou? – à indagação de Jesus a bela profissão de fé da Igreja nas palavras de Pedro: tu és o Messias!
Muitos dizem muito. Um disse o necessário. Mas quem disse o necessário, não está livre de equívocos. Quem está próximo de Jesus não está isento de suas próprias incongruências, nosso coração pode vacilar mesmo diante de Deus.
Jesus vem nos mostrando que, mesmo estando tão perto d’Ele, os discípulos conseguem se demonstrar vacilantes. Hoje não será diferente. Pedro faz aquela belíssima profissão de fé que se transforma em um reconhecimento universal de Jesus enquanto Messias, mas ao receber o anúncio da paixão do Filho do Homem e de sua ressurreição, tal realidade não apetece a Pedro e ele repreende a Jesus.
Aquele que disse o necessário possuía em seu coração a ideia de um Messias glorioso e apenas isso, não conseguia perceber que a glória do Messias está justamente em ser doação de si no amor. Havia algo maior, melhor e mais alto que o olhar de Pedro poderia alcançar. Pedro disse o necessário, mas não compreendia o essencial: o amor de Jesus por nós é amor que se doa e, nesta doação total de si, vence a morte em nosso favor, e nos garante a vida em plenitude.
Pedro, embora respondendo como deveria, passou a agir como um mediano homem. Os homens não podem compreender um amor que se doa ao extremo da cruz, por isso o Evangelho é ousado e comprometedor, não há meio termo, no serviço/doação morremos com o Cristo e ressurgimos com Ele para uma vida nova, no amor que nos faz avançar para águas mais profundas...
Coragem!
Deus é bom e Ele cuida de nós!
Pe. Jean Lúcio de Souza