RETIRO QUARESMAL PAROQUIAL 2025. REFLEXÃO DIÁRIA. 05 de março. Quarta-feira de Cinzas.

Bem-vindo, meu irmão, minha irmã, ao Retiro Quaresmal – 2025.

- A liturgia quaresmal se apresenta como tempo favorável para voltar ao essencial, ao Evangelho, como oportunidade para mobilizar o coração diante do acontecimento central de nossa fé, a Páscoa.

• Deixemo-nos conduzir pelo Espírito Santo, permitindo que Ele dê uma “sacudida” em nossa vida.
• Aproveitemos bem deste tempo que nos convida a construir novas relações vitais: com Deus, com os outros, com o mundo e conosco mesmos.
• Valorizemos, especialmente nesse tempo, as “práticas quaresmais” da oração, da esmola e do jejum, em que nossas relações são iluminadas e questionadas pelo modo de proceder de Nosso Senhor Jesus Cristo.
• Caminharemos, nesse tempo, em comunhão com a Igreja no Brasil que nos convida a vivenciar a Campanha da Fraternidade. Nesse ano, vamos aprofundar o tema: “Fraternidade e Ecologia Integral”, com o lema: "Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

- Fundamentalmente, o Retiro Quaresmal é um caminho de oração, feito no dia-a-dia, a partir da liturgia da Palavra, baseando-se em exercícios de oração. Para isso. Você:

• Deve reservar, todos os dias, um tempo propício para esse “encontro íntimo com o Senhor”, estipulado em torno de 30 minutos.
• Deve com fidelidade manter uma “rotina de oração”, não o fazendo “por fazer”, mas com ânimo e generosidade.
• Deve anotar o que, a cada dia, na oração lhe foi mais importante e significativo para o seu crescimento na fé e para a sua prática de vida.

- Os textos serão propostos a partir da Leitura Orante da Palavra de Deus. Quanto a mim, serei um facilitador, propondo os textos e rezando por todos que fazem esta experiência.

• Teremos também encontros online ao final de cada semana, para partilha em grupo e me proponho, quanto possível, a conversar, pelo WhatsApp, com quem desejar fazer alguma partilha mais pessoal.

Deus nos abençoe nesse bom propósito!

DIA 5 DE MARÇO - QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Leituras: Jl 2,12-18; Sl 50; 2 Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18.

“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens só para serem vistos por eles. Caso contrário não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus”

(Mt 6,1)

- Começamos a Quaresma com o rito da “imposição das cinzas". Há um risco de vivermos a travessia quaresmal contentando-nos com atos externos de penitência, renúncia, mortificações, mas sem referência à pessoa de Jesus Cristo e à abertura aos outros.

• Esteja atento... para viver com frutos esse tempo que nos propõe um caminho de conversão pessoal e o das estruturas... o tempo é agora!

- O gesto de receber as cinzas sobre nossas cabeças nos mobiliza a caminhar em direção ao “centro de nosso ser”, conscientes de que este caminho ao mesmo tempo nos humaniza e nos diviniza.

• Receber as cinzas nos faz entrar em comunhão com toda a natureza e vem reforçar a fraternidade universal.
• Somos pó, mas pó apaixonado, habitados pelo sopro do Espírito...

Pedido de graça da semana:

Senhor, fazei despertar em mim a sensibilidade compassiva e solidária ante

o violento processo de destruição da Casa Comum.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 6,1-6.16-18

- Antes de entrar em oração, prepare seu ambiente interior. Sinta-se na presença do Senhor. Escolha um local propício, relaxe, faça silêncio interior...

• Reze ao Espírito Santo. Peça a graça que deseja receber ao começo da Quaresma...
• Senhor, que todas as minhas ações, intenções, pensamentos e sentimentos sejam ordenados para o bem do próximo, dos meus irmãos e irmãs; cuidado para com a Casa Comum, o nosso planeta terra, e para o vosso louvor.

- Leia o texto proposto, sem pressa. Procure saborear o que ele diz. Pare numa ou outra palavra que mais lhe chamou atenção. Repita a leitura, para melhor compreensão do que diz o texto. Procure entrar na cena, imagine Jesus falando aos seus discípulos...

- Jesus pede aos seus discípulos uma justiça superior à dos escribas e fariseus, mesmo quando praticam as mesmas obras que eles:

• “Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serem vistos por eles” (V.1).

- Agora Jesus aplica esse princípio a algumas práticas religiosas do seu tempo: a esmola, o jejum e a oração.

• Imagine Jesus falando e os discípulos atentos, procurando compreender o que Ele lhes dizia, cobrados para não fazer com o mesmo espírito dos fariseus e os doutores da Lei...
• Devemos também nós estar atentos às motivações que nos levam a dar esmola, a orar, a jejuar, porque o Pai vê o que está oculto, vê os sentimentos profundos do coração.

- Se buscamos o aplauso dos homens, a vanglória, Deus nada tem para nos dar.

• Mas se buscamos a relação íntima e pessoal com Ele, a comunhão com Ele, seremos recompensados.

- Jesus então nos ensina a praticar as boas obras com reta intenção, sem hipocrisia...

- Medite o texto, se perguntando: o que ele diz para mim? Deixe as palavras de Jesus “ressoarem” no seu coração.

- Jesus nos mostra qual deve ser a nossa atitude quando praticamos obras de penitência, tais como a esmola, a oração, o jejum. Ele insiste na retidão interior, garantida pela intimidade com o Pai.

• Era essa a atitude e a orientação do próprio Jesus em todas as suas palavras e obras.
• Ele nada fazia para ser admirado pelos homens.

- Nós podemos ser tentados a fazer o bem para obtermos a admiração dos outros.

• Essa atitude, por um lado, nos fecha em nós mesmos; por outro lado, nos projeta para fora de nós, tornando-nos dependentes da opinião dos outros.

- Precisamos fazer o bem porque é bem e porque Deus é Deus e nos dá oportunidade de vivermos em intimidade e solidariedade com Ele, para bem dos nossos irmãos e irmãs e em harmonia com toda a obra criada.

• Estar cheios de Deus, viver na sua presença, é a máxima alegria neste mundo.

- Jesus, ao recuperar o sentido verdadeiro destas três práticas quaresmais, nos revela aquilo que os hipócritas escondem: o que a esmola, a oração e o jejum têm em comum e que precisam ser vividas no escondimento.

• O essencial da vida, que é o amor, sempre é discreto.
• O que não é essencial faz barulho, como a vaidade, o prestígio social, o querer despertar uma boa impressão nos outros. Tudo isso é pura hipocrisia.
• Quaresma pede humildade e sinceridade de coração.

- Como me proponho a viver as três práticas quaresmais: a oração, o jejum e a esmola? Em que essas práticas quaresmais me ajudam a viver, na perspectiva da CF-2025, a ecologia integral, ou seja, meu compromisso com o meio social e o meio ambiente, compreendendo que tudo está interligado?

- Converse com Deus, dando graças, louvando e agradecendo... Deixe a graça de Deus “trabalhar” em você, recriando-o, despertando-o para passos e horizontes ainda maiores de vida.

Senhor, mais uma vez, me ofereces a graça da Quaresma,

 ajuda-me a vivê-la no segredo onde me vês, me amas e me esperas. Sei que as coisas exteriores têm a sua importância.

Mas quero vivê-Ias na tua presença.

Gostaria de fazer muitas obras de penitência durante este tempo.

Mas, se fizer poucas, que sejam no teu amor,

o que é mais importante do que fazer muitas

para atrair a admiração e a estima dos outros.

Quero fazer o que puder na oração, na mortificação,

na caridade fraterna.

Mas quero fazê-lo na humildade e na sinceridade diante de Ti.

Infunde em mim o teu Espírito Santo que me conduza e guie pelo deserto da penitência, durante esta Quaresma.

Amém.

- Pergunte-se: Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda a viver? Que respostas de vida, Ele me pede?

- Converter-se "ao Evangelho"! O Evangelho para nós, mais do que um livro, é uma pessoa, Jesus Cristo.

• É necessária a "conversão" ao verdadeiro conhecimento de Cristo.
• Não um conhecimento intelectual, mas um conhecimento de fé, uma experiência viva com Jesus Cristo.

- Façamos nesta Quaresma as obras de penitência que pudermos.

• Mas fazê-las na intimidade e na presença do Senhor que devemos procurar na oração, na Eucaristia, na comunidade... no fiel cumprimento dos nossos compromissos com Deus, com os irmãos e com toda a obra criada.

- A Liturgia da Palavra nos dá, hoje, a orientação correta para vivermos frutuosamente a Quaresma, tempo favorável da graça, da salvação do nosso Deus.

• Penitência e arrependimento não são caminho de tristeza, de depressão, mas caminho de luz e de alegria, porque, se nos levam a reconhecer que somos pecadores, também nos abrem ao amor e à misericórdia de Deus.
• Vale aqui o conselho do profeta Joel: "Rasgai o coração e não as vestes e voltai para o Senhor, vosso Deus. Ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado sempre a perdoar” (Jl 2,13).
• Também do apóstolo Paulo: “é agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,2).

- Termine sua oração com preces espontâneas e dando graças a Deus por esse momento... registre sentimentos, moções, inspirações... despertados pela ação de Deus em seu interior. Conclua com a oração do Pai-Nosso e da CF-2025:

Ó Deus, nosso Pai,

ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom!

O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra,

e hoje experimentamos suas consequências.

Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos:

dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento

e da conversão de nossas atitudes.

Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão 

que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação,

no cuidado e no respeito à vida.

Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça.

Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum,

na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste

para nós no Céu. 

Amém!

- Não esqueça, registre no seu “caderno de vida” os sentimentos despertados pelo encontro de hoje com o Senhor: alegrias, conforto, resistências, medos, libertação... novos propósitos...

- Também não deixe de participar, com sua comunidade, das celebrações que abrem a Quaresma.

Pe. Marcelo Moreira Santiago