- A ceia de Betânia, meditada ontem, foi rica em símbolos de amor, de amizade, de festa... foi um esbanjamento de humanidade.
- Jesus está celebrando a última ceia com os seus discípulos. Ele tinha acabado de lavar os pés deles e de ter falado do dever que temos de lavar os pés uns dos outros.
Pedido de graça da semana:
Senhor, dá-nos fidelidade à vida até o fim,
para que possamos saborear a ressurreição
da criação inteira.
“Um de vós há de me trair... já era noite” (Jo 13,21)
- Na contemplação da Última Ceia, um personagem vem sempre à nossa lembrança: Judas Iscariotes.
- Veja bem, Judas é o “espelho” no qual nos vemos.
- Judas ficou decepcionado com o chamado de Jesus, pois tinha outros interesses e não conseguiu entrar em sintonia com o coração e o projeto de Jesus.
- Judas aparece nos três relatos evangélicos destes dias, de segunda a quarta feira, não como protagonista, mas como alguém deslocado, frio e insensível diante do drama que Jesus está vivendo.
- Os evangelistas não dão muita importância à figura de Judas.
- Há coisas que estão muito além do dinheiro, como a delicadeza com as pessoas, os gestos de ternura e compaixão, o cuidado com os mais necessitados, o espírito gratuito de serviço...
- Na Última Ceia que Jesus mesmo prepara com tanto cuidado, Judas só está fisicamente presente no ritual, mas seu coração está ausente, não consegue entrar no clima da refeição.
Evangelho de Jesus Cristo segundo São João 13,21-33.36-38.
- Leia o Evangelho, sem pressa. Procure saborear o que ele diz... entrar na cena, registrada por São João dada na Última Ceia, em Betânia... Deixe-se conduzir pelo Espírito de Deus...
- Terminado o lava-pés, Jesus alude à traição de que está para ser vítima: “um de vós me há de entregar!” (v. 21).
- Jesus revela a infinita delicadeza que O distingue: enquanto indica o traidor, oferece-lhe um bocado de pão envolvido em molho, sinal de honra e distinção entre comensais.
- “Fazia-se noite (v. 30b), anota o evangelista.
- “Nenhum dos que estavam com Ele à mesa entendeu” (v. 28).
- Ensina essa semana: A hora da morte e a hora da ressurreição são, juntas, a hora da glorificação, da manifestação de Deus-Amor.
- Depois, Jesus inicia o discurso de adeus (v. 33). O vazio que deixa, e que nada nem ninguém pode preencher, não é definitivo.
- Em que essa passagem me faz reconhecer também minhas infidelidades, inconsistências...? Judas mais tarde vai se marcar pelo desespero, Pedro pelo arrependimento... Tenho buscado arrepender-me, verdadeiramente, de meus pecados? Reconheço em Jesus, crucificado-ressuscitado, a expressão máxima do amor de Deus por mim? ...
- Converse com Deus... Deixe a graça de Deus “trabalhar” em você... Acolha, com abertura, as palavras do Evangelho deste dia... Reze confiante:
Senhor Jesus,
Tu conheces todas as possibilidades das nossas traições,
das nossas repentinas reviravoltas,
que ferem o coração da comunidade e ferem o teu coração,
sempre em agonia, até ao fim do mundo.
Judas, traidor, continuou a ser, para Ti, um amigo,
a quem ofereceste um último gesto de delicada predileção.
O Amor, que és Tu, não retira o que ofereceu,
não renega o que é.
Prefere consumir-se no sofrimento e na morte!
Todos levamos em nós as trevas de Judas,
a impulsividade de Pedro, o amor de João.
E por todos Ti ofereces,
porque nos amaste até à morte.
É a tua glória. É a glória do Pai!
O seu amor eternamente fiel,
revela-se no teu rosto desfigurado pelo sofrimento.
A Ele a vitória. A Ele, a glória para sempre!
Amém.
- Pergunte-se: Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda a viver? Que respostas de vida, Ele me pede?
- Num mundo que nos enche de angústias e nos pode tornar pessimistas, porque nos parece que "tudo ... jaz sob o poder do maligno” (1 Jo 5, 19), Cristo, "Homem novo” (Ef 4, 24) nos dá coragem, ilumina-nos, pacifica-nos e nos dá alegria (Jo 20, 20-21), porque nos mostra o poder do Pai em transformar, para sua glória e nosso bem, todas as situações, mesmo as mais difíceis.
- As leituras de hoje mostram-nos esta verdade...
- O Servo de Javé, de que nos fala Isaías, vive um momento dramático. Está profundamente desanimado. A sua missão tornara-se um fracasso.
- Esta profecia se realiza plenamente em Jesus.
- A sua missão parece redundar num completo fracasso, numa tremenda derrota.
- Tanto o Servo de que fala Isaías, como Jesus, o verdadeiro Servo, conseguem ver para além das aparências.
- Situações semelhantes podem surgir na nossa vida de cristãos.
- Este acolhimento confiante não depende unicamente da nossa boa vontade, da nossa generosidade.
- Confiança, meu irmão, minha irmã: Pela vocação e pelo carisma, somos unidos a Cristo e tornados capazes de participar na sua missão, mesmo no meio das maiores hostilidades e sofrimentos.
- Termine sua oração com preces espontâneas e dando graças a Deus por esse momento... louve, suplique, agradeça...
- Reze a oração do Pai-Nosso, peça a graça de se decidir, sempre por Jesus e que nada o impeça de assim viver... e, a seguir, reze a oração da CF-2025:
Ó Deus, nosso Pai,
ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom!
O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra,
e hoje experimentamos suas consequências.
Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos:
dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento
e da conversão de nossas atitudes.
Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão
que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação,
no cuidado e no respeito à vida.
Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça.
Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum,
na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste
para nós no Céu.
Amém!
- Não esqueça, registre no seu “caderno de vida” os sentimentos despertados pelo encontro de hoje com o Senhor: alegrias, conforto, resistências, medos, libertação... novos propósitos...
Pe. Marcelo Moreira Santiago