Hoje celebramos a memória de São Carlos Borromeu. Ele nasceu na Itália em 1538, foi nomeado bispo e cardeal de Milão, norte da Itália. Foi um verdadeiro pastor da Igreja no exercício de sua missão, desenvolvendo uma intensa atividade pastoral no esforço da evangelização e salvação das pessoas, tendo promovido a renovação da vida cristã. Morreu em 1584. A seu exemplo, sejamos zelosos com as coisas de Deus para a salvação de todos.
- Na primeira leitura, depois de anunciar o Evangelho da salvação (Rm 1, 18 a 11, 36), Paulo passa a exortar a comunidade de Roma a viver de acordo com esse mesmo Evangelho (Rm 12, 1 a 15, 13). Se Deus é amor gratuito, devemos conceber a vida como dom. Os cristãos são os membros de um só corpo, o corpo de Cristo. Cada membro recebe uma manifestação da graça, um dom, e um modo específico de viver a gratuidade. O importante é que todos entendam o dom como dom, para o bem comum (1 Cor 12, 7), em vista da edificação da comunidade, e não como posse de algo em proveito próprio. Assim, uns com os outros, caminhamos juntos para a plena humanidade de Cristo (Ef 4, 11-16). É preciso cultivar a humildade e a caridade. Servir o Senhor na comunidade, com simplicidade, trazendo uma compaixão que partilha os sentimentos do outro, fazendo próprias as suas alegrias e sofrimentos, confiando-se de modo sereno e perseverante à oração. A caridade deve ser sem hipocrisia (v. 9). Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração (v.13).
- No Evangelho, Lucas passa espontaneamente de um banquete humano ao banquete escatológico, “Feliz o que comer no banquete do Reino de Deus!” (v. 15). A parábola se refere a vários convites e várias recusas daqueles que não compreenderam a novidade da presença de Jesus, nem sentiram necessidade da salvação. É interessante sublinhar como nesta parábola está delineada a história da salvação: a cada convite e a cada recusa se pode quase pensar que correspondam outras tantas fases de uma história visitada por Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. O momento culminante da parábola parece ser a palavra do dono da casa: “Saí imediatamente às praças e às ruas da cidade e traz para aqui os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos” (v. 21). Equivale a dizer que, no banquete messiânico, irão tomar parte os excluídos e serão excluídos os que a ele teriam direito. Confirma-se mais uma vez a lei da Nova Aliança, a bondade de Deus. O grande banquete é a ceia da caridade divina oferecida a quem tem um coração grande, e não para quem se agarra aos bens terrenos com um amor possessivo, sufocante. “Comprei um terreno... Comprei cinco juntas de bois...Casei-me”. São os nossos afetos limitados, vividos de modo possessivo, com todas as preocupações que daí derivam. Deus, pelo contrário, nos convida ao banquete da caridade universal. É o banquete que vivemos em cada eucaristia, se nela participamos de coração aberto, apenas atentos às preocupações divinas e prontos a receber com alegria e gratidão os seus dons.
- Para refletir: Procuro agir com simplicidade e caridade, atento aos apelos de Deus para a minha vida? Sou alegre na esperança, paciente na tribulação e perseverante na oração? Me apego a coisas menores, nas ocupações e agitações da vida, porque afeito ao “banquete da caridade”, a uma vida de verdadeira comunhão com Ele e como os irmãos e irmãs? Sou, de fato, uma pessoa de vida eucarística?
Oração
Senhor, meu Deus,
purifica-me do individualismo, que tantas vezes me fecha
em mim mesmo, e não me deixa disponível para acolher os teus dons,
nem reparti-los com os irmãos e irmãs.
Tu és Amor, Tu és Comunhão.
Por isso, és Alegria, és Festa.
Dá-me disponibilidade para acolher o teu convite,
entrar na tua casa,
e viver como membro do corpo do teu Filho Jesus Cristo.
Apoia o meu compromisso em viver na caridade,
amando a todos com um amor verdadeiramente fraterno.
Manda sobre mim o teu Espírito,
que me ponha em sintonia com a tua vontade
e com o coração movido na alegria de servir.
Amém.
- Compromisso, à luz da fé: detestai o mal e apegai-vos ao bem. O vosso amor seja sincero (Rm v.9).
Pe. Marcelo Moreira Santiago