”O Filho também dá a vida a quem Ele quer”
Is 49,8-15; Sl 144; Jo 5,17-30.
1. Coloco-me na presença de Deus, para ouvir a sua Palavra:
- Faça silêncio, por alguns instantes, aquiete o seu coração.
• Prepare-se para entrar em oração, entregue as suas preocupações ao Senhor. Coloque-se, confiante, em suas mãos...
• Peça a graça desta semana... Invoque o Espírito Santo, pedindo que Ele lhe conceda suas luzes e dons.
• Leia, atentamente, os textos da Sagrada Escritura, propostos para esse dia. Rumine... Saboreie essa Palavra de vida, de verdade e salvação... Ofereça a Deus, o melhor de nosso tempo...
2. Medito a Palavra de Deus: O que ela diz para mim?
- No Evangelho de hoje, Jesus desafia as normas sociais e religiosas de sua época, revelando sua identidade e dignidade filial.
• Ele proclama ser Filho de Deus, um ato audacioso que não passa despercebido pela sociedade ao seu redor.
- Na verdade, Jesus não apenas se autodenomina Filho de Deus, mas reconhece a comunhão com o Pai, revelando a intimidade e o vínculo indissolúvel entre Ele, o Filho, e o Pai.
• Com isso, faz crescer nos líderes judeus, de seu tempo, a vontade de matá-lo (Jo 5,18).
- Para os líderes judeus da época, as palavras de Jesus são escandalosas, especialmente quando Ele chama Deus de Pai.
• A ideia de se considerar Filho de Deus é inaceitável para eles.
• No entanto Jesus não recua diante da dureza e preconceito de seus corações. Ele assume seu papel como Filho, falando com a autoridade que isso implica.
- O preconceito e a discriminação que Jesus sofre dá margem para olharmos os muitos preconceitos em nossa sociedade...
• É preciso superar o escândalo e o tabu que possa ser falar, com clareza, sobre os direitos humanos dos descartados da sociedade.
• Na verdade, é preciso caminhar ao lado deles que têm rostos muito concretos, mostrando que “misericórdia e piedade é o Senhor (Sl 144,8).
- A afirmação de identidade e a autoridade de Jesus não é arrogância, nem se põe acima dos demais.
• Jesus compreende essa autoridade como um serviço, uma missão de amor.
• Ele é um Filho fiel que vive a amizade com o Pai (Jo 5,20) e que revela essa amizade aos seus discípulos, chamando-os de amigos.
- Jesus também nos convida a entrar nessa amizade, a fazer parte desta família divina.
• Ele nos ensina a sermos irmãos e irmãs uns dos outros, sem discriminação por qualquer diferença.
• Jesus nos mostra que a fidelidade ao Senhor é proporcional ao amor pelos irmãos e irmãs.
- Como eu reconheço a minha identidade e a minha dignidade como filho e filha de Deus, que me ama e me chama pelo nome? Como eu vivo essa filiação divina na minha relação com Deus, comigo mesmo e com os outros? Como eu enfrento os desafios da sociedade atual, denunciando as formas de preconceito e discriminação que atentam contra a fraternidade e a amizade social?
3. Reze à luz dessa Palavra:
- Aos judeus que o perseguem por curar em dia de sábado, Jesus revela a sua identidade de Filho de Deus, e se coloca acima da Lei.
• Jesus mostra que se conforma em tudo ao agir de Deus: “o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer” (v. 19).
• Esta afirmação surge novamente no v. 30, revelando o sentido de todo o texto.
- A total unidade de ação entre o Pai e o Filho resulta da total obediência do Filho, que ama o Pai e partilha do seu amor pelos homens e mulheres pecadores.
• O Pai doa ao Filho o que só a Ele pertence, o poder sobre a vida e a autoridade no juízo (vv. 21 s.).
• Esta íntima relação entre o Pai e o Filho pode alargar-se a todos nós pela escuta obediente da Palavra de Jesus.
- Peçamos, em nossa oração, a graça de viver a intimidade com o Pai, como filhos e filhas que somos, no Filho que é Jesus Cristo, e a amizade social entre nós...
Oração
Senhor Jesus, Tu és verdadeiramente Aquele em Quem encontramos o Pai.
Mas és também Aquele em Quem encontramos os irmãos e as irmãs.
Só em Ti os podemos amar de verdade.
Por isso, queremos permanecer em Ti, especialmente neste tempo da Quaresma,
quando já se aproxima a celebração do teu Mistério Pascal.
Queremos penetrar no teu Coração para nele bebermos o amor ao Pai
e o amor aos irmãos e irmãs.
Tu és a nossa aliança, a nova e eterna aliança que o Pai nos oferece.
Queremos viver em Ti, Senhor!
Amém.
4. Da contemplação para a ação: -
- Deus fez do seu Servo, que é Jesus Cristo, sinal e instrumento de aliança com o seu povo: “designei-te como aliança do povo”.
• Esta afirmação nos permite penetrar mais profundamente no mistério de Cristo.
• Em primeiro lugar, nos leva a contemplar a sua união com o Pai.
- Jesus é o Filho muito amado, que contempla tudo quanto o Pai faz, para também Ele o fazer: “o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vê fazer o Pai, pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filho”.
• O Filho de Deus veio ao mundo, não para fazer a sua vontade, mas a vontade do Pai: “porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou”.
• Por isso, Jesus é imagem viva, ativa, do Pai: “O meu Pai continua a realizar obras até agora, e Eu também continuo”.
- Por estar perfeitamente unido ao Pai, Jesus Cristo se torna Aliança para o povo.
• Como Filho muito amado do Pai, vem nos convidar para a festa da vida.
• A ninguém é negado esse convite. Se acreditarmos n’Ele, estamos salvos do poder do mal e da morte.
- Ocupemo-nos, no seguimento de Jesus, a fazer, não a nossa vontade, mas a vontade do Pai...
• A Quaresma é tempo de conversão... Faze isto e viverás...
- Concluindo, converso com o Senhor sobre aquilo que a oração me despertou... Depois, tomo nota em meu caderno de vida das moções que mais me tocaram...
Pe. Marcelo Moreira Santiago