“Eles procuravam pendê-lo”
Sb 2,12-22; Sl 33; Jo 7,1-2.10.25-30.
1. Coloco-me na presença de Deus, para ouvir o que Ele tem a me dizer:
- Faça silêncio, por alguns instantes, aquiete o seu coração.
• Prepare-se para entrar em oração, entregue as suas preocupações ao Senhor. Coloque-se, confiante, em suas mãos... abra o seu coração para acolher o Senhor...
• Peça a graça desta semana. Invoque o Espírito Santo, pedindo que Ele lhe conceda suas luzes e dons.
• Leia, atentamente, os textos da Sagrada Escritura, propostos para esse dia. Coloque-se na cena dos textos bíblicos... Saboreie essa Palavra de vida, de verdade e salvação...
2. Medito a Palavra de Deus: O que ela diz para mim?
- Jesus vive em meio à perseguição e à ameaça dos líderes judeus que procuram prendê-lo e matá-lo.
• Ele não se deixa dominar pelo medo ou pela violência, mas busca as estratégias adequadas para cumprir a sua missão.
• Ele sabe o tempo certo para agir, para se manifestar, para se retirar...
• Sabe discernir o que é possível no momento, o que é mais conforme à vontade do Pai e o que é mais frutuoso para o Reino.
- Aproveitando a festa das Tendas, uma das mais importantes do judaísmo (nesta festa, agradecia-se a Deus pelas colheitas, mas também se recordavam os 40 anos de caminhada no deserto), Jesus segue para Jerusalém e passa a ensinar no templo.
• Ele ensina em alta voz, sem se esconder, sem se intimidar, sem se calar.
• Ele proclama o amor de Deus, mas não busca a confusão gratuita. Enfrenta as dúvidas, as críticas e as acusações dos seus adversários com autoridade e sabedoria.
• Segue revelando a sua origem divina e a sua unidade com o Pai. E, assim, desafia os seus ouvintes a conhecerem a verdade que liberta.
- Ao propor essa reflexão, a partir do Evangelho de hoje, entendo que Jesus nos convida a seguir o seu exemplo de liberdade interior e de fidelidade ao Pai, de discernimento e de coragem diante das situações difíceis, adversas...
• Ele nos desafia a sair da nossa passividade, da nossa conformidade e a nos abrirmos para a ousadia do testemunho.
• Ele toca nos nossos desejos e aspirações mais profundos.
- Quais são as estratégias que usamos para viver a nossa missão? O que ainda podemos fazer para cumpri-la com zelo e fidelidade? Como nos posicionamos diante dos poderes opressores, dos sistemas injustos, das necessidades dos mais pobres...? Percebo, com esse Evangelho, a importância de saber discernir os tempos certos, o que é mais de acordo com a vontade de Deus para a minha vida, e o que é mais frutuoso para o Reino de Deus, de acordo com as minhas possibilidades?
• Você deveria sempre se perguntar assim, em suas ações, em seus enfrentamentos...
• Um outro questionamento pertinente aqui: À luz do chamado que Deus me faz, tenho vivido minha vida e missão com coragem e autenticidade? Em que preciso mudar?...
3. Reze à luz dessa Palavra:
- Jesus não é um provocador. Mas a sua pessoa suscita interrogações e inquietações crescentes nos seus contemporâneos, enquanto os chefes Judeus, movidos pela sua aversão, decidem matá-lo (v. 1b).
• Ele aguarda serenamente a hora do Pai. Não foge, mas também não apressa os tempos.
• Evita a Judeia e, quando decide subir a Jerusalém, o faz com discrição. (v. 24). Embora seja logo reconhecido e, de imediato, as opiniões se dividem a seu respeito sobre a sua messianidade.
• Para alguns, membros de círculos apocalípticos, se Jesus vem de Nazaré, não é mais do que um impostor (vv. 26s.) pois, para eles, “quando chegar o Messias, ninguém saberá donde vem” (v. 27).
- Entretanto, Jesus sabia bem donde vinha. Por isso, “bradava”, proclamando de modo solene e autorizado: “Eu não venho de mim mesmo; há um outro, verdadeiro, que me enviou, e que vós não conheceis. Eu é que o conheço, porque procedo dele e foi Ele que me enviou” (vv. 28-29).
• Ele afirma que a sua origem é efetivamente desconhecida dos que julgam saber muito e, por isso, não o reconhecem como enviado de Deus.
• Estas palavras ecoam nos ouvidos dos adversários como ironia, insulto e blasfêmia.
- As autoridades do povo tentam apoderar-se d'Ele, mas não conseguem, pois é Ele o Senhor do tempo e das circunstâncias.
• Submeteu-se totalmente aos desígnios do Pai, e a sua hora ainda não tinha chegado.
- É a esse Jesus, o Filho de Deus, nosso Senhor e Salvador, que somos chamados a seguir como discípulos missionários... “O que eu fiz, vão e façam”...
• Precisamos de uma fé que nos liberte, que nos emancipe, que nos faça protagonistas da nossa história.
• Uma fé que não seja apenas ritualística ou legalista, mas profética e libertadora, pautada no amor-serviço e, como nos pede a CF-2024, ao nos recordar que somos todos irmãos e irmãs, movida na fraternidade e na amizade social.
- Peça a Deus essa graça, para agindo assim, conservar o bom discernimento em todas as circunstâncias da vida e trazer, na vida e no coração, a alegria de sempre servir...
• Mais uma vez, em sua oração, reze: Senhor, tenho fé, mas aumenta a minha fé...
Oração
Senhor Jesus, manso e humilde de coração,
dá-nos a graça de revivermos em nós a tua mansidão e a tua humildade.
Como Tu, queremos, em toda e qualquer situação, mesmo diante do mal, da oposição e da hostilidade, manifestar a luz e a tua bondade.
Queremos também aceitar que, em algumas ocasiões, a atitude dos outros seja de crítica e de condenação contra nós.
Ajuda-nos a manter a paciência e a calma, nessas ocasiões, como Tu as soubeste manter.
Que jamais nos deixemos tomar pela ira e pela raiva, mas saibamos corrigir-nos do que julgarmos necessário.
Então, estaremos no bom caminho, no seguimento a Ti, homem das dores e da esperança.
Amém.
4. Da contemplação para a ação:
- No Evangelho, vemos um último esforço, feito por Jesus, para levar os seus adversários a meditarem sobre a sua pessoa e sobre as “obras” por Ele realizadas.
• Mas os que ali se encontram julgam conhecer a Jesus e saber tudo sobre Ele. Na verdade, não sabem.
- Jesus aproveita a ocasião para Se manifestar mais claramente: “Eu não venho de mim mesmo; há um outro, verdadeiro, que me enviou, e que vós não conheceis. Eu é que o conheço, porque procedo dele e foi Ele que me enviou” (vv. 28b-29).
• O resultado, como vimos, foi o aumento da hostilidade com Jesus. Decidem prendê-lo e acabarão, depois, por fazê-lo.
- A tentativa de Jesus pode resultar em relação a nós, se acolhermos a sugestão da liturgia de hoje e aproveitarmos a caminhada, que estamos a fazer rumo à Páscoa, para relermos e meditarmos este texto tão denso e inesgotável, e nos interrogarmos mais a fundo sobre o mistério da pessoa de Jesus e aderirmos a Ele com um amor maior.
• Peçamos ao Senhor que nos dê um coração simples e aberto às suas iniciativas surpreendentes para tomarmos a atitude dos justos e rejeitarmos a dos pecadores.
• A adesão à Pessoa de Cristo é essencial para uma autêntica vida cristã. O nosso zelo apostólico, inclusive nosso apostolado social, brota dessa adesão.
• Esta "adesão" deve ser entendida, não o sentido fraco de um simples "acordo", mas no sentido forte de "aderir", até se identificar com Cristo e viver a sua vida, os seus "mistérios", os seus "sentimentos: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20).
- O tempo da Quaresma é tempo propício para escutar a voz do Senhor, de aderir a Ele...
- Conclua a sua oração com a prece do “Pai-Nosso”, louvando, agradecendo e suplicando ao Senhor... Não deixe, depois, de anotar, no caderno da vida, os principais apontamentos da sua experiência orante nesse dia...
Pe. Marcelo Moreira Santiago