São José, descendente de Davi, era provavelmente de Belém. Por motivos familiares ou de trabalho, transferiu-se para Nazaré e tornou-se esposo de Maria. O anjo de Deus comunicou-lhe o mistério da encarnação do Messias no seio de Maria, e José, homem justo, aceitou-o apesar da dura crise por que passou.
Indo a Belém para o recenseamento, lá nasceu o Menino Jesus. Pouco depois, teve de fugir com ele e com sua esposa Maria para o Egito. Anos mais tarde, regressou a Nazaré. Quando Jesus tinha doze anos, vemos José e Maria em Jerusalém, onde perdem o filho e acabam por o reencontrar entre os doutores do templo.
A partir deste episódio, os Evangelhos nada mais dizem sobre José. É possível que tenha morrido antes de Jesus iniciar a sua vida pública.
“Não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo”.
E José assumiu o desígnio divino.
2Sm 7,4-5a.12-14a.16; Sl 88; Rm 4,13.16-18.22: Mt 1,16.18-21.24.
1. Coloco-me na presença de Deus, para ouvir o que Ele tem a me dizer:
- O convite hoje, na celebração desta solenidade, é repousar os olhos sobre a figura de São José, o esposo da Virgem Maria, o patrono da Igreja.
• Esta ocasião nos permite também experenciar, à luz da fé, a ação de Deus em favor do seu povo.
• Até porque o Filho que vai nascer, como obra de Deus em Maria, a escolhida, terá então um pai e uma mãe muito concretos que vão lhe dar um nome e uma existência civil.
• José foi o escolhido por Deus para assumir essa missão.
- É muito interessante ver o evangelista, São Mateus, afirmar que Jesus vem da estirpe de Davi, segundo a carne, com todos os direitos de um descendente, o que evidência que a salvação que Deus realiza, desde sempre, é bem real e nunca acontece sem a cooperação do ser humano.
• José terá grande responsabilidade nisso... vai deixar-se formar para assumir esta tarefa, de pai adotivo do menino Deus, ao lado de Maria, sua mãe, ajustando-se, como homem justo que era, aos propósitos divinos.
• Se ele não tivesse uma profunda experiência de Deus, não teria condições de assumir um projeto tão grande que iria mudar, por completo, a vida do casal.
- De outra parte, ninguém duvida que José, como quem se prepara para o casamento, também sonhava em construir sua própria casa para acolher sua esposa, ter filhos, educá-los...
• Por isso é perfeitamente compreensível, como vemos no Evangelho, a sua inquietação ao saber da gravidez de Maria.
- Não deve ter sido fácil mudar tanto e tão rápido.
• Deixar de lado os próprios sonhos, abrir espaço na vida de uma futura família para um sonho maior: o sonho de Deus.
• Não deve ter sido simples, porque não era apenas uma questão de acreditar na palavra de Maria, era mais: era a Palavra de Deus, era o Verbo Encarnado que iria nascer.
- Muitas coisas se passaram na cabeça de José.
• Dúvidas, inquietações... a ele, nosso apoio e admiração...
• E não é para menos, sua vida vai mudar muito, como sabemos: ele terá de sair de sua terra, deixar sua casa e familiares, andar pelo mundo. Vai fugir, para proteger o menino Deus, de reis; mudar de cidade, passar por dificuldades em terra estrangeira; vai montar e desmontar, muitas vezes, sua carpintaria, como podemos imaginar, vai precisar sustentar a família sem saber como fazer; vai ser guiado por sonhos...
- E muitas mais coisas, vão viver Maria e José...
• Verão reis e magos de quem nunca tinham ouvido falar; vão testemunhar a alegria dos pastores e do povo simples do campo, com o nascimento daquele menino; vão ouvir a notícia da morte dos inocentes recém-nascidos e vão se comover ao pensar na tristeza de tantos casais que perdiam seus filhos pela maldade de Herodes que procurava matar o menino...
• Tragédias, dor e lágrimas de um lado e, de outro, ternura, confiança e proteção.
- Com os olhos da imaginação, vejamos quantas vezes os olhos de José terão se cruzado com os de Maria, sem que nenhum dos dois entendesse nada do que se passava.
• Quantas vezes bastou um silêncio entre eles para que, imediatamente, começassem a fazer ou desfazer o que fosse necessário.
• Consideremos a quantidade de vezes em que tudo parecia caminhar numa direção e, na última hora, tiveram de mudar de rumo, andando na direção do desconhecido.
- Fico aqui pensando: que amor é esse? E só cresce a minha admiração por esse homem. Não podia ter escolha mais acertada, da parte de Deus, ao confiar a esse homem o seu próprio Filho...
• José foi um homem honesto, íntegro, cheio de fé e muito consciente.
• Ele via as ansiedades da Mãe e do Menino, depois de nascido, e também deve ter guardado muitas coisas no coração.
• Ele teve de ser forte para tranquilizar Maria e proteger o Menino Jesus.
• José compreendeu muito, porque muito amou e pôde ensinar ao menino Jesus as mesmas virtudes que havia aprendido...
- Que virtudes eram essas?
• O que é ser homem digno, cheio de caráter e de bom coração... tudo isto nos basta para viver, sentir e entender, profundamente, o que quer dizer: Jesus, manso e humilde de coração!
• A São José, esposo da Virgem Maria e pai do menino Deus, nossa gratidão e súplicas para que proteja e interceda em bem de nossas famílias e de suas lutas diárias...
- Tenho sido uma presença solícita, junto à minha família? Procuro agir como São José, confiante em Deus e colaborando, sem desanimar em meio às provações e exigências próprias da vida? Procuro ser honesto, íntegro e agir com fé, na missão que Deus me confia? Acho que por ser filho e filha de Deus, deveria ser isento de dificuldades? Como tenho cumprido a missão que Deus me confiou?
2. Reze à luz dessa Palavra:
- A Igreja nos convida, hoje, a nos voltar para São José, a nos alegrar e bendizer a Deus pelas graças com que o cumulou.
• São José é o "homem justo" (Mt 1, 19). A sua justiça vem-lhe do acolhimento do dom da fé, da retidão interior e do respeito para com Deus e para com os homens, para com a lei e para com os acontecimentos.
- Não foi fácil para José aceitar uma paternidade que não era dele e, depois, a responsabilidade de ser o mestre e guia d’Aquele que, um dia, havia de ser o pastor de Israel.
• Respeito, obediência e humildade estão na base da "justiça" de José.
• Foi esta atitude interior, no desempenho da sua missão única, que levaram José ao cume da santidade cristã, junto de Maria, a sua esposa.
- Peça, em sua oração, pela intercessão de São José, esta graça: mesmo considerando-se pequeno, fraco e, por vezes, indigno, aceitar e realizar a missão que lhe é dada, confiando n´Aquele que nos diz: "Eu estarei contigo".
• São José não confiou em suas próprias forças, mas confiou em Deus e colaborou...
Oração
Ó São José,
eu admiro e louvo a vossa perfeição e a vossa santidade.
Que exemplos e que méritos, a vossa vida e missão!
A vossa intercessão no céu é sempre escutada.
O Coração de Jesus não pode ficar insensível à vossa oração.
Pedi hoje a minha conversão, a minha santificação.
Pedi o perdão de todas as minhas faltas e a graça de corresponder ao que Nosso Senhor espera de mim.
Em tudo, em minha vida, seja feita a vontade divina.
Amém.
3. Da contemplação para a ação:
- As atitudes de José são características dos grandes homens, de que nos fala a Bíblia, escolhidos e chamados por Deus para missões importantes.
• Ele não procurou os seus interesses e satisfações, mas se colocou, inteiramente, ao serviço dos que amava.
• O seu amor pela esposa, Maria, visava unicamente servir a vocação a ela que fora chamada. Deste modo, o casal chegou a uma união espiritual admirável, donde brotava uma enorme e puríssima alegria. Era a perfeição do amor.
• O amor de José por Jesus apenas visava servir à vocação de Jesus, à missão de Jesus. Para José, o filho não era uma espécie de propriedade a quem impunha uma autoridade e afeto tirânico, como, por vezes, acontece com alguns pais. José sabia que Jesus não era dele, e nada mais desejava do que prepará-lo, conforme as suas capacidades, para a missão de Salvador, como lhe fora dito pelo Anjo.
- Por intercessão do nosso santo, peçamos a Deus a fé, a confiança, a docilidade, a generosidade e a pureza do amor para nós mesmos e para quantos têm responsabilidades na Igreja, para que as maravilhas de Deus se realizem também nos nossos dias.
- Quaresma é tempo propício para renovarmos nossa obediência à voz, ao chamado de Deus, e o desejo de ser, em tudo, instrumento de seu amor, onde assim nos coloca: na família, na comunidade e na sociedade.
• São José, valei-nos!
- Reze um Pai-Nosso e uma Ave-Maria, dirigindo uma prece em favor da sua família e das famílias do mundo inteiro.
- Faça o seu colóquio com Deus e, em seguida, tome nota do que achar necessário... perseverança, meu irmão; perseverança, minha irmã... olhe para São José...
Pe. Marcelo Moreira Santiago