“Se alguém guardar a minha palavra, jamais provará a morte”
Gn 17,3-9; Sl 104; Jo 8,51-59.
1. Preparo-me para ouvir o que Deus tem a me dizer:
- Faça um pequeno silêncio, para apaziguar, interna e externamente, o seu coração... Crie um ambiente propício à oração, para renovar as suas forças... Você já fez um longo percurso, perseverança...
• Tome consciência de que você acolhe, de modo especial, com essa Palavra, a presença de Deus. Coloque-se, confiante, em suas mãos. Invoque sobre você o Espírito Santo... Peça a graça desta semana: Senhor, concede-me ânimo e generosidade para em tudo amar e servir, sendo fiel e permanecendo contigo no bom combate da vida, a fim de participar igualmente da tua vitória.
• Leia, atentamente, os textos da Sagrada Escritura, propostos para esse dia... Procure saborear a Palavra de Deus...
2. Meditando a Palavra de Deus:
- No Evangelho de hoje, Jesus afirma, categoricamente, aos judeus: “Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”.
• Tal consideração lança luz sobre uma situação, no mínimo, instigante e constrangedora para os judeus.
• Eles, no desejo de negar Jesus, ao perguntar “se Ele é maior que o pai Abraão...?” acabam por afirmar ser verdade o que não admitem, ou seja, quem Ele é.
• Aqui está, evidentemente, o caminho da fé que eles, infelizmente, não aceitam e não reconhecem... endureceram o seu coração...
- Para acirrar essa discussão, Jesus revela sua identidade, dizendo: “antes que Abraão existisse, Eu Sou”.
• Com isso, Jesus procura abrir-lhes a mente e o coração para aderirem a Ele e acolherem o dom de Deus, a salvação.
• Mesmo assim, vimos pelo Evangelho, que isto adianta pouco... fazem-se resistentes a Jesus, o Messias, e à sua Palavra...
- A expressão “Eu Sou” em que Jesus, em mais esse momento, se autorrevela, não vem acompanhada de nenhum predicativo e, na verdade, não necessita de complemento.
• Isto porque toda a discussão entre Jesus e os judeus atesta algo maior, ou seja, a necessidade de uma adesão pessoal a Ele, numa resposta que seja clara e afetiva.
• Concretamente: aquele que crer e guardar a sua Palavra tem a vida.
• Essa, penso, é a palavra de ordem nesse Evangelho.
- Os judeus, tinham ouvidos e olhos para ouvir e para ver, mas não escutavam, nem enxergavam.
• Preferiram pegar em pedras para apedrejar Jesus e afastar, assim, qualquer evidência do que pudessem tocar ou sentir.
• Enrijecidos, não puderam crer, nem reconhecer a verdade e a glória de Deus, manifestada em Jesus e nos sinais que realizava.
• Não foram capazes de perceber o poder e a ação do Pai por meio dos sinais realizados por Jesus em favor do povo.
- Isto também acontece comigo? O que me ensina esse Evangelho? Como ele me interpela? Sou resistente ou dócil aos ensinamentos da fé, da Palavra de Deus? Acolho na minha vida o dom de Deus, com suas alegrias e também exigências?
3. Reze à luz dessa Palavra:
- Jesus afirma, com solenidade, que a sua Palavra é vida e dá a vida a quem a acolhe.
• Nas respostas que dá aos judeus, Jesus mostra que Ele é o Filho de Deus e que só reconhecendo Deus, o Pai, que se manifesta n’Ele se pode ter a Vida.
• Contudo, os seus ouvintes, naquela ocasião, não o acolheram, como se vê no versículo final: “Então, agarraram em pedras para lhe atirarem”.
- De fato, há uma perfeita comunhão entre o Pai e o Filho.
• É para ela que se encaminha a história da salvação, prometida a Abraão que, na fé, entreviu a sua realização.
• Esta afirmação se tornou um escândalo para os Judeus que, apenas segundo a carne, se mostram filhos de Abraão.
- A adesão à verdade que é Jesus leva à liberdade: “a verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32).
• Trata-se da liberdade do pecado, mas também da liberdade diante da morte: “se alguém observar a minha palavra, nunca morrerá”.
• Jesus nos ensina que o segredo da liberdade é a obediência à sua Palavra, uma obediência nascida do mais profundo do coração de quem a soube acolher.
- Peça, na sua oração, essa graça de reconhecer em Jesus e em sua Palavra, o imenso amor do Pai que não poupou a vida de seu Filho, mas a entregou pela nossa salvação. Só n’Ele, em Jesus, alcançamos vida, liberdade e salvação.
Oração
Senhor Jesus Cristo,
Cordeiro imolado e ressuscitado, para glória e alegria do Pai e para nossa salvação,
nós Te louvamos e bendizemos, nós Te damos graças.
Eis¬-nos aqui, dispostos a escutar a voz do Pai e a obedecer-Lhe.
Ajuda-nos a viver na fé e na disponibilidade confiante no Pai e no seu projeto de amor e salvação.
Ajuda-nos a viver na fé na tua ressurreição,
a vencer permanentemente as forças da morte
e a nos alegrar, porque a tua vitória será também a nossa vitória.
Ajuda-nos a vencer a morte, encarando-a e oferecendo-a como participação na tua morte.
Ajuda-nos a vencer tudo quanto nos pode causar tristeza, pessimismo, desânimo,
tudo quanto nos possa fazer capitular diante das dificuldades da vida.
Que, em todas as situações, ressoe aos nossos ouvidos a tua palavra:
“Coragem: Eu venci o mundo”.
Amém.
4. Da contemplação para a ação:
- Na primeira leitura vemos Abraão. Ele soube acolher a palavra de Deus e lhe obedecer. Tornou-se, assim, modelo para os que creem e exultou de alegria, na esperança de ver o “dia de Jesus”, da plena aliança de Deus com o seu povo...
• Também nós somos chamados, neste tempo da Paixão e da Páscoa que se aproxima, a ver o “dia de Jesus” e a permanecer na alegria.
- Abraão viu o dia de Cristo, o dia da Ressurreição, em prefiguração, isto é, participando em acontecimentos que deixavam entrever o desígnio divino de ressuscitar o seu Cristo, principalmente no nascimento de Isaac e no seu sacrifício em Moriá.
• Sendo de idade avançada e sua mulher estéril, ele acreditou em Deus...
• Quando Deus lhe pediu o sacrifício do filho, Abraão se dispôs a sacrificá-lo.
• Abraão não hesita na sua fé: “Deus providenciará”, diz ele ao filho que lhe pergunta pelo cordeiro a sacrificar. E Deus providenciou...
• Isaac desceu vivo de Moriá. De certo modo, ele foi sacrificado e permaneceu vivo, tornando-se figura de Cristo morto e ressuscitado.
• São figuras imperfeitas, mas Abraão pôde já ver nelas o dia do sacrifício real de Cristo, premissa da Ressurreição para uma vida plena e gloriosa.
• Ele Viu e alegrou-se! A nós, foi dado conhecer esse mistério de Amor...
- Deus ao nos dar o seu Filho e ao sacrificá-lo pela nossa salvação, nos testemunha um imenso amor.
• Nossa resposta a esse amor, não pode ser outra, senão acolher a sua Palavra, reconhecer que n’Ele emana a vida nova e nos decidir, no seguimento a Ele, a amar mais e servir melhor...
• Faze isto e viverás!
- Antes de concluir, fale com Jesus sobre o que se passa em seu interior, nesse momento... Registre em seu caderno de vida o andamento da sua oração e as principais moções que o afetaram hoje...
Pe. Marcelo Moreira Santiago