“Procuravam prendê-lo, mas ele escapou das suas mãos”
Jr 20,10-13; Sl 17; Jo 10,31-42.
1. Coloco-me na presença de Deus, para ouvir o que Ele tem a me dizer:
- Faça silêncio, por alguns instantes. Prepare-se para entrar em oração... entregue as suas preocupações ao Senhor.
• Vamos nos aproximando da Semana Santa, tempo de maior interioridade e silêncio. É chegado o momento de verificar minhas reais condições de acompanhar Jesus, ser solidário com Ele e manter-me fiel até o fim.
- Comece sua oração com um breve exercício de interiorização e de concentração. É no seu interior que habita a verdade de Deus...
• Deus não está lá no alto, distante, longínquo, mas próximo... perceba-o aí na sua vida, habitando todo o seu ser, o seu coração...
• Invoque o Espírito Santo, pedindo que Ele lhe conceda suas luzes e dons...
- Peça a graça desta semana:
Senhor, concede-me ânimo e generosidade para em tudo amar e servir, sendo fiel e permanecendo contigo no bom combate da vida,
a fim de participar igualmente da tua vitória.
• Leia, atentamente, os textos da Sagrada Escritura, propostos para esse dia... Saboreie essa Palavra de vida, verdade e salvação... Palavra viva e eficaz...
• Deixe-se mover pelo Senhor, por uma coerência maior e um sentido de liberdade sempre crescente diante da vida.
2. O que diz a Palavra de Deus para mim?
- O cerco ao redor de Jesus vai se fechando... Hoje, no Evangelho, vemos dois grupos:
• Os que não creem em Jesus e tentam apedrejá-lo.
• E os muitos que creram n’Ele, a partir do testemunho dado por João Batista, que não havia realizado sinal algum, ao contrário de Jesus, que havia feito bem a tanta gente.
- Esses prodígios e milagres, realizados por Jesus, na perspectiva do Evangelho de João, evidenciam quem é Jesus e comprovam sua íntima união com o Pai.
• Mas, vemos, os judeus pegaram pedras para o apedrejarem, sob a acusação de blasfêmia.
• Eles, com isso, anulam o princípio de toda obra realizada pelo Filho, a quem o Pai havia consagrado e enviado ao mundo.
• Fecham os seus corações, em mais esse momento, ao dom de Deus, o Pai, que é Jesus...
- O intuito de Jesus não era, pura e simplesmente, que cressem n’Ele, mas que pudessem reconhecer a ação bondosa do Pai, em favor do povo, por meio d’Ele.
• As obras realizadas deveriam não apenas abater todo o obstáculo, reconhecendo que Jesus realiza as obras do Pai, mas também abri-los à sua luz, ou seja, determinar esse encontro entre a criatura e o seu Criador e Senhor.
- Eles, contudo, proferiram logo, sem maior reflexão, a sentença, o julgamento e a condenação...
• Era mais fácil que admitir e dar o passo da fé, reconhecendo a presença viva de Deus, por meio de Jesus Cristo, revelando o rosto do Pai, demasiadamente humano...
- Porque esta manifestação tão humana de Jesus incomodou tanto? Incomoda também você? Porque tantas pedras nas mãos? E você o que traz em suas mãos? De que lado você está: entre os que creem ou entre os que não creem? Que evidências tem para crer ou o que lhe falta para crer e aderir pessoalmente ao Senhor? O que existe aí dentro do seu coração? Ressoa em você a voz de Jesus?
3. Reze à luz dessa Palavra:
- Durante os dias da festa da Dedicação do Templo, Jesus anda livremente no pórtico de Salomão, quando é rodeado pelos judeus que, mais uma vez, o interrogam.
• Ele lhes responde afirmando que Ele é e falando da missão que o Pai lhe confiou.
• Gera-se, então, mais um vivo debate, que aumenta de intensidade, a ponto de os adversários de Jesus agarrarem em pedras para o apedrejarem.
- Várias vezes tinham tentado prendê-lo por causa das suas “obras”, nomeadamente as curas em dia de sábado.
• Agora o acusam de blasfemo, por se fazer igual a Deus, sendo um homem (v. 33).
- Jesus responde, primeiro referindo-se à Palavra de Deus, que todos aceitam, e, depois, apelando para a obras realizadas, que os seus adversários puderam testemunhar.
• Trata-se da última tentativa para lhes abrir o coração à fé.
• Jesus apela para as suas obras que são “palavra”.
• Se Jesus não é condenável por causa de nenhuma delas, porque não acreditar na verdade do que diz?
- Mas a comunicação se mostra impossível. Eles têm olhos e ouvidos, mas não querem ver e nem ouvir...
• Então Jesus volta para além do Jordão, onde João dera testemunho da verdade, onde apareceram os primeiros discípulos, e onde muitos começam a acreditar.
• Na experiência da recusa, brota um germe de fé nova, que antecipa o evento pascal.
- Peça, em sua oração, essa graça a Deus: de crer, acreditar em sua bondade, em seu poder e misericórdia...
Oração
Senhor Jesus,
Tu afirmaste solenemente à multidão: “Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim;
mas se as faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras,
e assim compreendereis que o Pai está em mim e Eu no Pai”.
Mostraste, com isso, que Te revelas, não só por palavras, mas também por obras.
Ajuda-me a viver em união contigo e a escutar atentamente as tuas palavras,
para ter em mim os sentimentos que estavam no teu Coração.
Que nas minhas atividades, em todas as circunstâncias, mesmo nas mais difíceis,
com minhas palavras e minhas obras, eu seja sinal do teu amor sem limites.
Que eu saiba perdoar os meus irmãos e irmãs de todas as suas faltas para comigo, imaginárias ou reais.
Que eu saiba rezar por eles e oferecer-me, generosamente, em espírito de amor e de reparação.
Amém.
4. Da contemplação para a ação:
- No Evangelho, Jesus revela a sua identidade, não só por meio de palavras, mas também por meio de obras.
• Diante de suas afirmações, mais uma vez os ânimos se dividem. Enquanto “muitos ali creram n’Ele”; outros não acreditaram e até se acirraram mais contra Ele.
- Provavelmente estas tendências contraditórias, no que se refere à fé, talvez também se encontrem nos nossos corações.
• A nossa caminhada de fé tem momentos altos e momentos baixos.
• Por vezes, temos a sensação de que a multidão, de que nos fala o Evangelho de hoje, resistente a Jesus, também encontra eco dentro de nós.
- Jesus nos ensina a resistir a estas oscilações perigosas.
• Para isso, é preciso nos fundamentar, solidamente, na Sagrada Escritura. Aí encontramos as palavras que dão fundamento e solidez à nossa fé porque, nelas, descobrimos a Palavra que é Jesus Cristo.
• A Palavra de Deus, sobretudo os Evangelhos, permite sintonizar os nossos sentimentos com os de Jesus Cristo.
• Dessa forma será mais fácil para nós reagirmos à maneira do Coração de Jesus, durante toda a sua vida, e particularmente na sua Paixão.
• Faze isto e viverás!
- Faça as anotações sobre o que foi mais significativo para você: o que mais o afetou durante a oração, os apelos mais fortes que sentiu... Reze um Pai-Nosso, agradecendo...
Bênçãos renovadas do Bom Deus para você e sua família...
Pe. Marcelo Moreira Santiago