Hoje, como Abraão, somos convidados a perceber que os caminhos de Deus nem sempre são os nossos. Conforme lemos no texto da primeira leitura de hoje, este pai queria que todos os seus filhos fossem criados juntos de si. Mas, nem sempre a vida é tão simples assim. Para um bem maior, às vezes temos que nos afastar dos entes queridos.
Parece estranho aos nossos olhos de hoje este episódio, por isso é preciso perceber as circunstâncias da época e o que este texto quer significar. Não se trata de simplesmente uma exclusão de uma criança, na verdade se lermos o texto sobre outro ponto de vista, veremos que se trata de valorizar e confiar na promessa de Deus representada por Isaac. Seu nascimento foi cercado de mistérios e milagres: o próprio pai tinha 100 anos e a mãe era igualmente idosa.
Se analisarmos mais livremente a história, o filho de Agar, a escrava, é fruto do ser humano querer resolver de seu modo a promessa de Deus porque estavam pensando que Deus estava demorando demais. Esta é uma das razões da recusa de Sara desta criança.
Abraão tenta proteger seu filho e mais uma vez é convidado a confiar na promessa de Deus e perceber que os planos de Deus não são como os nossos. A tradição diz que esta criança dará origem a outros, os povos se reconhecem neste personagem, tais como os muçulmanos.
Já no Evangelho vemos Jesus que realiza exorcismo e é recusado pelos moradores da região dos gadarenos.
A expulsão do demônio é uma clara demonstração de que o ser humano pode perder sua autonomia e perder o controle de si mesmo. Infelizmente muitas ideias, pessoas, ideologias, partidos, etc, podem como que controlar nossa mente de modo que não pensamos mais por nós mesmos. Por isso são necessárias a presença, a palavra e a ação de Jesus.
Além disso é interessante notar que o demônio conhecia quem era o Messias e o povo da região recusa Jesus. Às vezes tantos que se dizem bons não reconhecem a presença e o poder daquele que é o Filho de Deus.
Somos convidados a perceber que Deus está presente no meio de nós e que sua ação é sempre libertadora. Nem sempre estamos dispostos a abrir o coração e vivermos com autonomia, é preciso coragem e determinação para deixar Jesus agir em nossa vida!
Questões: Confio na Palavra de Deus e espero seu tempo, ou quero que tudo seja apenas do meu jeito e conforme meu desejo? Reconheço Jesus que liberta ou prefiro deixar tudo como está numa falsa aparência de controle?
Pe. Thiago José Gomes