- Na primeira leitura, vemos a conclusão da aliança de Siquém, assumida com três momentos essenciais. Primeiro, é o convite de Josué ao povo para que assuma, com totalidade, a sua adesão ao Senhor, renunciando aos ídolos. O chefe dá exemplo em nome da sua casa e da sua tribo: “eu e a minha casa serviremos o Senhor” (v. 15). O povo responde fazendo memória dos feitos do Senhor e expressando sua renúncia coletiva aos ídolos para servir ao Senhor. Segue-se o segundo momento: Josué anuncia a realeza do Deus de Israel, Deus da Aliança, que é santo e cioso, como demonstrou em diversos momentos ao longo da caminhada pelo deserto. Não falta uma ameaça: “Quando abandonardes o Senhor para servir a deuses estranhos, Ele voltar-se-á contra vós e far-vos-á mal; vai destruir-vos, após ter-vos feito bem” (v. 20). Finalmente, num terceiro momento, por duas vezes, ecoa a profissão de fé do povo, com uma promessa de aliança concreta em palavras e obras: “Nós serviremos o Senhor nosso Deus e obedeceremos à sua voz” (v. 24). A história sucessiva mostrará que, apesar desta força na adesão ao Senhor, a fraqueza humana se mostrará, em diversos momentos. Mas Deus será sempre fiel. Aceitar entrar em aliança com Deus não é uma simples formalidade. Tem consequências na vida que não podemos ignorar ou esquecer. É um compromisso que envolve toda a pessoa, em todas as suas atividades, em todos os seus pensamentos, em todas as suas aspirações. Somos livres para escolher. Mas quem se compromete com Deus, deve fazê-lo seriamente. A dignidade da pessoa humana está precisamente na capacidade de assumir compromissos sérios. Assim foi renovada a aliança em Siquém. Assim devemos renovar nossa aliança, celebrada no batismo. Vivendo os nossos compromissos batismais, vivendo como filhos de Deus, caminhamos na caridade de Cristo que nos amou e se entregou por nós.
- No Evangelho, é preciso ter presente que à época de Jesus, o rito da imposição das mãos e da bênção das crianças era frequentemente usado. Faziam-no os pais, mas também os rabinos famosos, a quem se pedia a bênção. É nesse contexto que se deve entender o episódio narrado hoje por Mateus. Aqui Jesus manifesta a intenção de não afastar ninguém do Reino. Na antiguidade, as crianças não eram consideradas significativas na sociedade. Mas Jesus faz delas privilegiadas no reino de Deus, admite-as com agrado na comunidade cristã. A atitude dos discípulos em querer afastar as crianças revela a sua falta de compreensão pelo ministério de Cristo. Jesus é Aquele que acolhe os pequenos para lhes oferecer o Reino. A imposição das mãos sobre as crianças e a oração é um gesto de bênção (vv. 13.15). Mas é também um sinal de que a salvação é comunicada a todos os que podem identificar com elas: os pequenos, os pobres, os humildes...
- Para refletir: Tenho procurado viver com fidelidade a adesão a Cristo e à sua Igreja, à luz do batismo que recebi? Minha vida tem sido uma bênção para os que comigo convivem? Tenho ou não um coração largo para acolher e servir a todos, a partir dos pequenos, pobres e mais necessitados? Em que a Palavra de hoje mais me questiona? ...
Oração
Derrama, Senhor, sobre mim, o teu Espírito.
Abranda a dureza do meu coração,
enche com o teu sopro divino o meu ser,
para que possa oferecer-Te, com liberdade e sentido de gratidão,
tudo o que sou, tudo o que tenho,
tudo o que faço.
Dá-me um coração de criança,
totalmente confiante no teu plano de amor por mim,
totalmente aberto às tuas inspirações.
Amém.
- Para hoje: pedir a graça e renovar a aliança batismal no propósito de viver a alegria em servir: “ Eu e minha casa, serviremos o Senhor” (Js 24, 18).
Pe. Marcelo Moreira Santiago.