José Sarto (Itália: 1835-1914) foi Cardeal de Veneza e subiu à Cátedra de Pedro com o nome de Pio X. Empenhou-se em realizar inúmeras reformas nas áreas de catequese, liturgia, pastoral e missões. Favoreceu o movimento bíblico, a reforma litúrgica e o canto sacro. A seu exemplo, sejamos ardorosos nas coisas de Deus e da sua Igreja, para alcançarmos, um dia, o prêmio eterno.
- A primeira leitura que hoje escutamos é das mais enigmáticas da Bíblia e pode mesmo nos causar mal-estar e arrepios. O povo mergulhara, mais uma vez no pecado: “Os filhos de Israel continuaram a fazer o mal diante do Senhor: adoraram os ídolos... e abandonaram o Senhor, negando-se a servi-lo. Inflamou-se, então, a ira do Senhor contra Israel, entregando-os nas mãos dos filisteus e nas mãos dos amonitas. Estes os oprimiram e lhes causaram grande vergonha durante dezoito anos. (Jz 10, 6-8). O povo clamou ao Senhor, reconhecendo o seu pecado (10, 15s.). Deus escolheu, como Juiz-libertador, Jefté, filho de uma prostitua, chefe de um grupo de aventureiros... Mas “o espírito do Senhor desceu sobre Jefté” (11, 29) que venceu e humilhou os Amonitas (v. 33). O voto, feito ao Senhor por Jefté, e que o leva a sacrificar a filha, nos desconcerta. A Lei proibia sacrifícios humanos. Mas a contaminação com costumes dos pagãos, com quem Israel convivia, levaram Jefté a este ato horrível. Ainda havia muito caminho a fazer, até que o povo de Deus se libertasse de formas de religiosidade perigosas e equívocas, que não respeitavam a pessoa humana, nem a relação com o Deus da aliança do Sinai.
- No Evangelho, Jesus compara o reino de Deus exatamente a um banquete de núpcias. Mais ainda, compara-o ao banquete que um rei preparou para o casamento do seu filho. Era de esperar uma enorme e bem-sucedida festa. Mas, surgem imprevistos. Os convidados recusam participar. Na perspectiva teológica de Mateus, esta parábola refere-se a Israel, desde os seus princípios até à vinda do Messias. Foi sempre um povo rebelde, e acabou por recusar o Messias, com os seus dons. Mas Deus, que tem “tudo pronto”, abre o banquete a outros convidados. Os novos comensais formam o novo Israel, a Igreja, santa, mas sempre necessitada de conversão e que, por isso, precisa sempre de estar atenta para conservar a veste nupcial. Esta parábola nos ensina que o convite para a festa do banquete é uma graça, um dom que envolve e compromete seriamente toda a nossa vida. Podemos acolhê-lo ou recusá-lo. Quem o recusa, encontra sempre desculpas e justificações, que não são mais do que autoenganos. Quem entra na sala nupcial também não deve pensar que tem a salvação garantida. Ainda que a entrada seja gratuita e oferecida a todos, exige dos participantes a veste nupcial e as disposições correspondentes, especialmente “revestir-se de Cristo” (Rm 13, 14; Gl 3, 27).
- Para refletir: As promessas que faço atentam contra a bondade de Deus? Sou de me valer de religiosidades estranhas e equivocadas ou caminho na fidelidade aos ensinamentos da fé e em sintonia com a Igreja? Acolho o “convite” que Deus me faz para participar do seu banquete? Tenho procurado me “revestir” de Cristo? ...
Oração
Senhor,
ensinaste-me que o que é bom aos teus olhos,
é que eu pratique a justiça,
ame a piedade e caminhe, humildemente, na tua presença.
À primeira vista,
não são coisas que causem grande impressão,
ou que revelem muita generosidade.
São coisas simples, obrigatórias: praticar a justiça,
amar a piedade, e caminhar humildemente
na tua presença.
É esse o caminho seguro, o sacrifício que Te agrada.
Afasta-me, pois, de buscar coisas extraordinárias,
que podem lançar-me em caminhos de perdição.
Que, dia a dia, com dedicação e constância,
eu procure viver na justiça, na piedade,
na humildade.
Amém.
- Para hoje: reconhecer a bondade de Deus. “Felizes os convidados para as núpcias do Cordeiro” (Ap 19, 9).
Pe. Marcelo Moreira Santiago