Caros irmãos e irmãs, paz e bênçãos!
Acho muito interessante a expressão paulina de que somos “participantes da luz”. Já disse aos senhores e senhoras sobre a dimensão da participação na missão do Senhor, lembrei-os que o evangelista João comunica à comunidade dos fiéis a beleza de que Jesus é a vida e a vida é luz que ilumina nossa história, ou seja, o encontro com o Senhor nos torna homens e mulheres iluminados de dentro para fora, nos ilumina o coração e nossas consciências para que nossas práticas se tornem iluminadas e nos faça verdadeiros participantes da luz.
No texto de Lucas, presente na liturgia de hoje, percebemos como a vocação dos primeiros discípulos os aproxima da Luz, aliás, podemos dizer, como a Luz se aproxima dos discípulos.
A pescaria sem resultados pode nos evocar a esterilidade da vida sem a presença do Senhor – sem mim nada podeis fazer – esta vida, vivida sem os frutos da pesca, exige de nós a presença do Senhor, Deus conosco, para reavivar o dom do Espírito nos corações. A chegada de Jesus se dá em um momento oportuno, onde o desânimo, o fracasso, a desilusão dos discípulos pela ausência de resultados na pescaria torna-se símbolo da infecundidade da missão acéfala, isto é, sem o Cristo, cabeça da Igreja.
É encantador perceber como o Senhor adentra à história dos discípulos neste momento, calmo, sereno, exercendo sua missão de anunciar. Jesus primeiro cativa, ensina, exorta e encanta. Os discípulos, de certo, pararam para ouvi-lo. Precisavam ser saciados na alma, era necessário um novo encantamento, um arder por dentro, fazer com que os olhos começassem a brilhar noutra perspectiva, a do Evangelho. Jesus os conquista e, então, surge o chamado dirigido a Simão, o primeiro entre os iguais: avança para águas mais profundas, e lançai as redes para a pesca! Mas como? Pescar durante o dia? Não seria contraproducente?
Já era tarde... a Luz os alcançara, a pescaria não seria mais à noite, porque diante de Deus não há as trevas da incerteza no lavoro cotidiano, apenas a confiança em seguir seu pedido tão gentil, podem ir, estou com vocês. Pedro replica, tendo consciência sobre o formato da proposta, contrária à costumeira pesca cotidiana, reflete profundamente, sabemos Senhor que é inconsequente querer regressar ao mar durante o dia para pesca e que se à noite nada pescamos, é bem provável que durante o dia os resultados sejam ainda mais vazios, no coração e no trabalho, mas vamos ouvir sua palavra, daremos atenção a ela, e vamos sim lançar as redes na expectativa da bênção, e partem.
Com o Senhor, ao lado, podemos muito, podemos ver e sentir a clemência do alto. Ele não deixa que aqueles os quais fora dirigida sua palavra sintam-se desamparados e o resultado da pesca é um sublime louvor ao Deus altíssimo que “nos recorda o seu amor sempre fiel”, amor que não decepciona, amor que é capaz inclusive de mudar a ordem da vida para nos mostrar a beleza da salvação. O resultado do espanto é sim um “alegrai-vos” que significa sempre, não tenham medo. A pescaria agora é repleta de frutos, pois o Senhor está no meio de nós, a graça é superabundante, transborda, é para Pedro e os companheiros, ela se espalha, se multiplica é perfeita.
Simão Pedro quer que o Senhor se afaste porque ele é um pecador. Pedro acredita que os pecadores não podem se transformar em vocacionados no amor e na misericórdia, mas Jesus não o repele. Jesus insiste com Pedro: por qual motivo você tem medo? O amor lança fora o medo, tenha coragem Pedro, de hoje em diante você tem outra missão, sua missão é estar comigo, antes de tudo, deixar-se ser conduzido por meu amor, agora Pedro você e estes que estão contigo, pertencem ao céu, pertencem a Deus e irão viver a minha missão e irão partilhar comigo os bens e as perseguições por causa do Reino. Coragem! Coragem! Coragem!
Irmãos e irmãs estamos na mesma barca de Pedro, todos somos chamados à beira do mar de nossas vidas, de nossas desilusões, medos e fracassos. O Senhor nos quer do seu lado, para que caminhemos com Ele, para experimentarmos com alegria os frutos da pesca milagrosa do Evangelho, para sermos participantes da luz. O Senhor nos quer cantando os salmos que proclamam as maravilhas de Deus em nossas vidas e nas vidas dos irmãos e irmãs. O Senhor é nosso Rei e com Ele seremos todos, todos, todos, pescadores de homens e mulheres para que amando o Senhor, no Senhor frutifiquem em boas obras no chão deste mundo!
Pe. Jean Lúcio de Souza