Já no século XII se celebrava, na Basílica vaticana de São Pedro e na de São Paulo, na via Ostiense, em Roma, o aniversário das respectivas dedicações, feitas pelos papa Silvestre e Siríaco no século IV. Esta comemoração estendeu-se, posteriormente, a todas as Igrejas do Rito Romano. Nesse dia, mais uma vez veneramos estes apóstolos-mártires, colunas da Igreja. Pedimos pela unidade e comunhão da Igreja e pela evangelização dos povos.
- Na primeira leitura, do livro de Macabeus, o texto nos apresenta a figura exemplar de Eleazar que, para não transgredir as normas sobre a alimentação, enfrenta serenamente o martírio. Não se trata de uma religiosidade formal e rígida, de um legalismo excessivo. A fidelidade às leis sobre a alimentação era sinal da fidelidade à lei do Senhor e ao próprio Senhor. Quando lhe é sugerido que finja comer as carnes proibidas, Eleazar recusa por temer dar mau exemplo aos jovens Israelitas. Eleazar reage com firmeza às imposições do rei pagão. Reage com a mesma firmeza à sugestão de comer carnes puras, fingindo comer as carnes proibidas, para salvar a sua vida. Não queria induzir em erro os seus compatriotas, que poderiam interpretar o ato como uma conversão aos ídolos e como uma traição. O santo varão prefere enfrentar a morte. As últimas palavras do mártir contrapõem o sofrimento físico à alegria do coração. Assim se torna para todos “um exemplo de fortaleza e de coragem” (v. 31). Ele preferiu resistir e enfrentar a morte a violar a Lei de Deus.
- No Evangelho, ao entrar em Jericó, Jesus se encontra com Zaqueu, homem rico e chefe de publicanos (vv. 1s.). É útil darmos atenção ao itinerário de fé deste homem. Ele “procurava ver Jesus” (v. 3), mas não conseguia, seja devido à sua pequena estatura, seja à distância psicológica e espiritual que o afastava do Senhor. Mas era um homem à procura... Pelo que lemos no Evangelho, procurava Jesus. Mas Jesus também procurava Zaqueu para lhe satisfazer o desejo. O encontro de ambos se torna um momento de graça: Jesus lhe disse: “Hoje tenho de ficar em tua casa... Hoje veio a salvação a esta casa” (vv. 5.9). O termo "hoje" nos mostra a realização da missão de Jesus, mas também a abertura de Zaqueu à salvação. A abertura ao hoje de Deus, a capacidade de se dar conta da sua presença no "hoje" da humanidade, é o segredo de quem está realmente disposto a seguir Jesus, que “veio procurar e salvar o que estava perdido” (v. 10). Por isso, é oferecida a todos a oportunidade de o ver, de se encontrar com Ele, de o reconhecer como Ele verdadeiramente é. Precisamos de tempos de intimidade pessoal com o Senhor, de tempos que devemos escolher no dia, fora dos tempos da oração comunitária. Devemos beber na fonte da salvação, que é o próprio Deus, na fonte da oblação, que é Cristo-Eucaristia, se quisermos viver o amor oblativo, como resposta de amor ao Pai e como serviço aos irmãos. Devemos nos pôr à escuta da Palavra, se quisermos nos converter como Zaqueu e d’Ele dar testemunho da nossa vida quotidiana.
- Para refletir: Procuro viver com fidelidade os ensinamentos de Deus para a minha vida? Dou maus exemplos, pouco afeito às verdades da fé? Em que preciso melhorar? Como Zaqueu, tenho procurado Jesus, no dia a dia de minha vida? O encontro com Ele, tem mudado os rumos de minha vida? O que me falta ainda?
Oração
Senhor Jesus,
quando me olhares,
dá-me a graça de estar atento,
porque posso estar distraído,
mais centrado em mim e nos meus problemas,
do que a Te procurar.
Por vezes, lamento que as minhas orações não são atendidas.
Mas dou-me conta de que, não é porque não as ouças,
mas porque eu não sou incapaz de me elevar
acima da minha pequena estatura
para procurar ver-te.
Dá-me a simplicidade de Zaqueu
e a firmeza de Eleazar.
Mostra-me o que queres de mim,
o que é realmente importante na minha vida,
e que ela só tem sentido quando
corresponde à tua vontade.
Amém.
- Compromisso, à luz da fé: Ouvir Jesus que lhe diz: “Hoje tenho de ficar em tua casa” (Lc 19, 5).
Pe. Marcelo Moreira Santiago