“Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único”
2Cr 36,14-16.19-23; Sl 136; Ef 2,4-10; Jo 3,14-21.
1. Preparo para me colocar na presença de Deus e para ouvir o que Ele tem a me dizer:
- Faça silêncio, por alguns instantes. Prepare-se para entrar em oração... entregue as suas preocupações ao Senhor.
- Comece sua oração com um breve exercício de interiorização e de concentração. É no seu interior que habita a verdade de Deus...
- Deus não está lá no alto, distante, longínquo, mas próximo... perceba-o aí na sua vida, habitando todo o seu ser, o seu coração...
- Invoque o Espírito Santo, pedindo que Ele lhe conceda suas luzes e dons...
- Peça a graça desta semana:
Ó Senhor, Deus da Luz e da Amizade, dá-me a alegria de um coração mais livre e disponível
para abraçar a fraternidade universal como estilo de vida.
- Leia, atentamente, os textos da Sagrada Escritura, propostos para esse domingo, o Dia do Senhor... Saboreie essa Palavra de vida, verdade e salvação... Ela é útil para nos corrigir, nos formar na justiça e nos empenhar em toda boa obra...
2. O que diz a Palavra de Deus para mim?
- O quarto domingo da quaresma é chamado de “Laetere”, do latim, alegria. Mais próximos nós estamos da salvação do nosso Deus e Senhor, no caminho quaresmal que nos propomos a fazer...
- No Evangelho de hoje, Jesus preanuncia os eventos da sua paixão e morte de cruz. Anuncia a sua paixão como expressão do amor incondicional de Deus pela criatura humana.
- A descoberta desse amor que Deus tem por nós (Jo 3,16) nos põe cheios de júbilo e exultantes de alegria (Is 66,10).
- Não importa o percurso que fizemos até aqui, as tristezas que carregamos conosco, nem mesmo as infidelidades vividas:
- Deus é rico em misericórdia (Ef 2,4) e não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele (Jo 3,17).
- Em Cristo, encontramos toda a fonte de consolação (Is 66,11) para nos pormos a caminho da Páscoa.
- Não há nada mais lindo do que a firmeza e a verdade do amor de Deus derramado por sobre nós, que, sabemos, não depende de nós, nem de nossos méritos.
- Deus não nos ama porque somos bonzinhos (até porque não somos).
- A nós, basta acolher a riqueza incomparável do amor de Deus que é graça (Ef 2,7).
- Amor que nos salva da solidão, do fechamento em nós mesmos, do isolamento em relação aos nossos irmãos e irmãs, dos apegos desordenados aos bens materiais, dos nossos juízos internos, cheios de preconceitos e injustiças...
- Jesus é aquele que é levantado (Jo 3,14), erguido pela força do amor. Ele nos eleva, atraindo-nos a Ele. Este é o projeto de salvação de Deus para todos nós...
- Por puro amor, Deus enviou ao nosso encontro o seu Filho Unigênito, que veio nos oferecer a salvação.
- Quem “acreditar” em Jesus e aprender com Ele a lição do amor até ao extremo, nascerá para uma Vida nova, para a Vida plena e definitiva.
- Como eu experimento o amor incondicional de Deus por mim, que se manifesta na entrega de seu Filho? Em que áreas da minha vida ainda tenho experimentado solidão, fechamento, isolamento ou apegos desordenados? Como posso permitir que o amor de Deus preencha esses vazios? A fé que trago em Deus me traz desolações ou consolações, como me compreendo na vivência da minha fé cristã?
3. Reze à luz dessa Palavra:
- A missão de Jesus consiste em mostrar aos homens o amor de Deus e em ensinar-lhes a viver no amor.
- Será na cruz que Ele mostrará, de forma superlativa, tudo isso. Por isso, Jesus diz a Nicodemos que o Messias tem de “ser levantado ao alto”, como “Moisés levantou a serpente” no deserto.
- A referência evoca o episódio da caminhada pelo deserto quando os hebreus, picados pelas serpentes, olhavam uma serpente de bronze levantada num estandarte por Moisés e se curavam (Nm 21,8-9).
- Essa serpente de bronze, levantada ao alto, oferecia a vida, a salvação. Do mesmo modo, Jesus tem de ser levantado na cruz para ser fonte de vida e de salvação para aqueles que o contemplarem.
- É na cruz que Jesus manifesta o seu amor até ao extremo e que indica aos homens o caminho que eles devem percorrer para alcançar a salvação, a Vida definitiva (vers. 14).
- Nicodemos pensava que a Lei dava Vida; no entanto, a Vida plena brota do amor de Deus, expresso naquela cruz onde Jesus se oferece por amor até a última gota de sangue.
- Quem acredita naquele Homem levantado na cruz, quem adere a Ele e à sua proposta de Vida, quem aprende com Ele a fazer da própria vida dom total a Deus e aos irmãos, esse terá Vida eterna (vers. 15).
- Poderá, então, integrar a comunidade do Reino...
- Peça essa graça ao Senhor...
Oração
Ó Pai de bondade,
Tu depositaste em Jesus, Teu Filho, a plenitude do teu amor.
Não o poupaste do sacrifício da cruz, assim elevado, por amor a mim, pobre pecador.
Fizeste dessa morte mais atroz, do Justo e Santo, o lugar onde se manifestaria
O poder de teu amor,
a libertar-me do pecado e da morte, dando-me vida e salvação.
Faz de mim corpo entregue e sangue derramado, no seguimento de teu Filho,
para levar a todos e todas a Boa Nova da Salvação.
Amém.
4. Da contemplação para a ação:
- Jesus, o “Filho único” de Deus, enviado pelo Pai ao encontro dos homens para lhes trazer a vida definitiva, é o grande dom do amor de Deus à humanidade.
- A expressão “Filho único” evoca, provavelmente, o “sacrifício de Isaac” (Gn 22,16): Deus comporta-se como Abraão, que foi capaz de desprender-se do próprio filho por amor.
- Jesus, o “Filho único” de Deus, veio ao mundo para cumprir os planos do Pai em favor dos homens.
- Para isso, encarnou na nossa história humana, correu o risco de assumir a nossa fragilidade, partilhou a nossa humanidade...
- Como consequência de uma vida gasta a lutar contra as forças das trevas e da morte que escravizam os homens, foi preso, torturado e morto numa cruz.
- A cruz é o último ato de uma vida vivida no amor, na doação, na entrega.
- A cruz é, portanto, a expressão suprema do amor de Deus pelos homens. Ela nos dá a dimensão do incomensurável amor de Deus pela humanidade (v. 16).
- Ao enviar ao mundo o seu “Filho único”, Deus não tinha uma intenção negativa, mas uma intenção positiva.
- O Messias não veio com uma missão judicial, nem veio excluir ninguém da salvação. Pelo contrário, Ele veio oferecer aos homens e mulheres, a todos, a Vida definitiva, ensinando-os a amar sem medida e dando-lhes o Espírito que os transforma em pessoas novas (v. 17).
- É importante dizer: Deus não enviou o seu Filho único ao encontro de pessoas perfeitas e santas; mas enviou o seu Filho único ao encontro de pecadores, egoístas, autossuficientes, a fim de lhes apresentar uma nova proposta de Vida…
- E foi o amor de Jesus, bem como o Espírito que Jesus deixou, que transformou esses homens e que pode também transformar você...
- Outra coisa importante: Diante da oferta de salvação que Deus faz, a pessoa tem de fazer a sua escolha.
- Quando aceita a proposta de Jesus e adere a Ele, escolhe a vida definitiva; mas quando prefere continuar escrava de esquemas de egoísmo e de autossuficiência, rejeita a proposta de Deus e se auto exclui da salvação.
- A salvação ou a condenação não são, nesta perspectiva, um prêmio ou um castigo que Deus dá à pessoa pelo seu bom ou mau comportamento; mas são o resultado da escolha livre da pessoa, face à oferta incondicional de salvação que Deus lhe faz.
- Então, uma pergunta que não quer calar: que escolhas você vem fazendo?...
- Não deixe de participar da Missa dominical. Faça as anotações sobre o que foi mais significativo para você: o que mais o afetou durante a oração: o que mais lhe tocou, consolações e desolações, distrações ou resistências experimentadas...
Bom domingo para você, com bênçãos renovadas do Bom Deus...
Pe. Marcelo Moreira Santiago