Esta festa nasceu em Jerusalém e se difundiu por todo o Oriente Médio, onde ainda hoje é celebrada, em paralelo com a Páscoa. A 13 de Setembro foi consagrada a Basílica da Ressurreição, em Jerusalém, mandada construir por Santa Helena e Constantino. No dia seguinte, foi explicado ao povo o significado profundo da igreja, mostrando-lhe o que restava da Cruz do Salvador. No século VI, esta festa em honra da Santa Cruz já era conhecida em Roma. Em meados do século VII, começou a ser celebrada no dia 14 de setembro, quando se expunham à veneração dos fiéis as relíquias da Santa Cruz. Foi na Cruz que Jesus consumou a sua oblação de amor para glória e alegria de Deus e nossa salvação. É, pois, justo que veneremos o sinal e o instrumento da Redenção.
Na primeira leitura, no caminho rumo a terra prometida, o povo murmura porque não tem o que deseja; revolta-se, não suporta o cansaço do caminho (v. 2) por causa da fome e da sede (v. 5). Já não é capaz de reconhecer o poder de Deus, já não tem fé no Senhor, que agora o vê como Aquele que lhes prejudicou a vida. Deus manifesta o seu juízo de castigo em relação ao povo, mandando serpentes venenosas (v. 6). Na experiência da morte, os hebreus reconhecem o pecado cometido contra Deus e pedem perdão. E, tal como a mordida da serpente era letal, assim, agora, a imagem de bronze erguida sobre um poste se torna motivo de salvação física para quem for mordido. A serpente de bronze, erguida no deserto por Moisés, é a prefiguração profética da elevação do Filho do homem crucificado, o Senhor Bom Jesus.
O Evangelho de hoje faz parte do longo discurso com que Jesus responde a Nicodemos, apontando a necessidade da fé para obter a vida eterna e fugir ao juízo de condenação. Jesus, o Filho do homem (v. 13), provém do Pai. Ele é aquele que “desceu do Céu” (v. 13), o único que viu a Deus e pode comunicar o seu projeto de amor, que se realiza na oblação do Filho unigênito. Jesus se compara à serpente de bronze (Nm 21, 4-9), afirmando que a plena realização do que aconteceu no deserto irá se verificar quando Ele for elevado na cruz (v. 14) para salvação do mundo (v. 17). Quem olhar para Ele com fé, isto é, quem acreditar que Ele, crucificado, é o Filho de Deus, o salvador, terá a vida eterna. Acolhendo n´Ele o dom de amor do Pai, o homem e a mulher passam da morte do pecado à vida eterna. Celebrar a festa da Exaltação da Santa Cruz significa tomar consciência do amor de Deus Pai, que não hesitou em nos enviar o seu Filho, Jesus Cristo: esse Filho que, despojado do seu esplendor divino, se tornou semelhante aos homens, deu a vida na cruz por cada um dos seres humanos, os que creem e os que não creem (Fil, 2, 6-11). Na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, podemos reencontrar o verdadeiro significado da vida, as portas da esperança, o lugar da renovada comunhão com Deus. Do Coração de Cristo, aberto na cruz, nasce o homem de coração novo, animado pelo Espírito e unido aos seus irmãos na comunidade de amor, que é a Igreja.
Sou de ficar murmurando contra Deus diante dos infortúnios e provações da Vida? Reconheço, em todos os momentos, seu amor por mim? O olhar para Cristo crucificado, tem mudado a minha vida, feito-me passar da morte para a vida? Como tenho agido diante dos “crucificados”, os sofredores de todos os tempos, com misericórdia e caridade? Como tenho carregado a minha cruz? Que me falta para me assemelhar a Jesus Cristo crucificado-ressuscitado, meu Senhor e Salvador?
Divino Coração de Jesus, Tu amaste e quiseste a cruz, como nos mostras nas chamas do teu amor. Não tinhas modo mais forte de nos dizer que devemos amá-la. Abraço a tua cruz. Quero carregá-la hoje e em todos os dias, obedecendo à Tua Palavra, doando-me aos irmãos e irmãs e suportando as provações que vierem. Dá-me, Senhor, discernimento, coragem e perseverança. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago