Na primeira leitura, Paulo fala a respeito das relações entre carismas e ministérios na comunidade, questão muito viva na comunidade de Corinto. o Apóstolo afirma que a manifestação do Espírito, por meio dos vários carismas, é dada a cada um para o bem de toda a comunidade. Paulo quer fazer compreender que os dons que recebemos e os serviços que somos chamados a prestar têm o seu fundamento na graça que recebemos por meio dos sacramentos, em força dos quais formamos um só corpo, o corpo de Cristo que é a Igreja. Todos, de fato, “fomos batizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito” para formar um só corpo (v. 139. A unidade não exclui a diversidade dos membros, dos dons, dos ministérios, mas a garante e a exalta, a reconduzindo à sua fonte divina, à Trindade, e orientando-a para o bem da comunidade eclesial. Usando a linguagem do corpo, diz que não pode haver divisões na comunidade, tal como não pode haver divisões no corpo humano (vv.15-26). A exortação de Paulo também nos convida a sair do nosso egoísmo, a ultrapassar todas as divisões, a curar todas as feridas e colocar os dons a serviço. Os carismas são para o serviço. Daqui se compreende o espírito de serviço que deve caracterizar todo o discípulo do Senhor, não por sede de lucro ou por orgulho, mas unicamente animado pela oblação de amor, na imitação do próprio Jesus.
O Evangelho narra a ressurreição do filho único de uma mãe viúva, natural de Naim. Ao vê-la, Jesus “sentiu compaixão para com ela e lhe disse: ‘Não chores’” (v.13). Este episódio não só nos revela a sensibilidade de Jesus, mas também, a sua opção em favor dos fracos e dos marginalizados. Aquela mulher, na sociedade a que pertencia, estava incluída nessas categorias de pessoas. Finalmente, Jesus é aclamado como “um grande profeta” (v. 16), não só pelo que "diz", mas também pelo que "faz" e, sobretudo, pelo modo como se comporta: sente compaixão, comove-se interiormente e partilha a dor daquela mãe. Somos exortados a trazer em nós os mesmos sentimentos do seu coração: “O que eu fiz, vão e façam” (Mt 28,19-20).
Coloco dos dons e carismas que Deus me concede a serviço ou eles têm sido causa de divisão, de me julgar melhor que outros, de buscar aparecer? Reconheço que Deus me concede seus dons para colocá-los em bem da vida e da salvação de meus irmãos e irmãs? O que eu tenho feito deles? Sou de sentir compaixão de quem sofre e de me colocar em solidariedade para ajudar? O que me falta ainda?
Senhor, ao me dar a vida, confiaste-me uma missão a realizar. Torna-me forte e disponível para o serviço a que sou chamado a realizar no mundo e na Igreja, para a tua glória, para minha realização pessoal e para o bem dos irmãos e irmãs. Que eu seja solidário às suas dores e sofrimentos. Faz de mim um ícone vivo da tua vida de amor, de comunhão e misericórdia e que meu coração seja, a todo momento, agradecido e humilde! Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago