Hoje celebramos São Januário, bispo e mártir. Ele viveu na Itália, no século 4º. Defendeu os cristãos que eram submetidos ao martírio por testemunharem a fé. Em virtude da liquefação de seu sangue, milagre que ocorre anualmente em Nápoles, onde se encontram as suas relíquias, seu culto difundiu-se rapidamente em todo o mundo. A seu exemplo, amemos o Evangelho e sejamos seus fiéis anunciadores.
Na primeira leitura, tudo indica que entre os cristãos de Corinto, existiam dúvidas acerca da verdade da ressurreição de Cristo, o que punha em causa a integridade da fé e a unidade da Igreja. Paulo intervém decididamente. O evento da ressurreição é objeto do testemunho apostólico: são muitos, e dignos de fé, aqueles que viram o sepulcro vazio e o Senhor Ressuscitado. O próprio Paulo fez experiência do Ressuscitado e, por isso afirma: “pela graça de Deus sou o que sou” (v. 10). O evento da ressurreição de Jesus entrou na pregação apostólica. A partir dele os Apóstolos, não só aderiram à novidade de Cristo com todas as forças, mas fizeram dele sua tarefa missionária. Se Cristo não tivesse ressuscitado, seria vã a sua pregação e o seu trabalho, como afirma o Apóstolo. O mesmo evento da ressurreição de Cristo é objeto direto e imediato da fé dos primeiros cristãos: se Cristo não tivesse ressuscitado, seria vã a nossa fé e nós seríamos os mais infelizes do mundo: infelizes porque enganados e iludidos. É, pois, claro que, ao serviço desta verdade fundante do cristianismo, não está só a tradição apostólica, mas também o testemunho da comunidade cristã e de todo o verdadeiro discípulo de Jesus. Se a Eucaristia é o centro da fé cristã, a Ressurreição de Jesus é o culminar da vida de Jesus e de toda a história da salvação e, portanto, também do nosso caminho de fé.
No Evangelho de hoje, vemos a oposição de Jesus a um fariseu e a sua acolhida fraterna e misericordiosa à uma pecadora. Ao fariseu, Jesus quer ensinar que uma pessoa não se considera só a partir do exterior, ou das suas experiências passadas. Uma mulher, notoriamente pecadora, é sempre capaz de tomar um novo rumo. Precisa apenas de encontrar irmãos, não pessoas críticas e invejosas, mas alguém que a compreenda e redima. Jesus veio para isso! À mulher, Jesus quer ajudar a compreender que a vida vale, não pela soma das experiências passadas, ainda por cima negativas e prejudiciais, mas pelo encontro central e decisivo com a Sua pessoa, que não é só capaz de compreender e de perdoar, mas também de resgatar e de renovar. Foi para isso que Ele veio! A nós, destinatários do Evangelho, Jesus quer nos fazer compreender que é a fé que nos salva: a fé n´Ele: Deus, feito homem, amigo dos publicanos e pecadores, capaz de nos remir de todo pecado. Um Deus com uma palavra consoladora e eficaz para cada um de nós: “A tua fé te salvou. Vai em paz”. (v. 50).
Pra refletir: Sigo a Jesus Cristo crucificado- ressuscitado, dou testemunho d’Ele e de seu Evangelho? Como trato quem errou, com prepotência, julgando-me melhor e agindo com dureza de coração, ou com misericórdia, estendo-lhe a mão? Minhas preocupações são só com o exterior? Sou capaz de perdoar? O que me falta ainda?
Oração: Senhor, a pecadora, no Evangelho de hoje, me alerta para um amor incondicional. Perdoaste-lhe os pecados gratuitamente, ensinando-me a lógica do dom, sem razões, nem interesses. É bonito dar, mas, sobretudo, dar-se. Perdoaste muito à pecadora apenas porque ela confiou no teu amor. É eterna a tua misericórdia! Ofereceste-lhe a tua paz porque, com fé, ela acreditou em Ti, e assim também me ensina a lógica do abandono confiante em tuas mãos. Que, com passos largos, eu possa confiar em tua compaixão, abandonar o supérfluo e, sobretudo, abandonar-me em tuas mãos, meu Senhor e meu Deus. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago