No século 19, entre os missionários que evangelizaram a Coréia, destacam-se o presbítero André e o grande apóstolo leigo Paulo. Em meio às perseguições, eles foram martirizados juntamente com grande número de cristãos, na maioria leigos, que consagraram com seu sangue os inícios da igreja coreana. A esses santos, que puseram sua esperança em Cristo, rezemos hoje pedindo sua intercessão pela evangelização da Igreja na Coréia e em todo mundo.
Leituras: 1Cor 15,12-20; Sl 16; Lc 8,1-3.
Na primeira leitura, Paulo afirma, com total convicção, que a ressurreição de Cristo é fundamento da nossa fé e da nossa esperança. Foi isso que ele intuiu no caminho de Damasco. Foi essa a certeza que o amparou na dura vida apostólica. O Apóstolo se encontrou, verdadeiramente, com Cristo vivo, com Cristo vencedor da morte. Dessa vitória, brota para todo aquele que crê o dom de esperar, para além de todas as possibilidades humanas. De fato, Cristo ressuscitado é “primícias dos que morreram”, é “o primogênito de muitos irmãos” (Rm 8, 29). Todos quantos acolherem, pela fé, a Cristo como Salvador, farão a experiência da ressurreição. A esperança cristã se baseia na certeza de que a morte foi vencida, de que a vida nova em Cristo foi inaugurada, de que, em Cristo, viveremos sempre a plenitude da vida, na totalidade do nosso ser humano: corpo, alma, espírito. A esperança cristã é uma “esperança dom”, penhor de um bem futuro, que ultrapassará todas as previsões. Esperar, para nós, significa viver em plenitude a nossa fé, mantendo-a aberta não só ao passado da ressurreição de Cristo, mas também ao futuro da nossa própria ressurreição.
No Evangelho, Lucas nos dá informações sobre quem acompanhava Jesus no seu ministério público. Acompanhavam-no os Doze, como bem sabemos. Mas também “algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades” (v. 2). Lucas indica os nomes delas. Aqui, elas não são apenas ouvintes da sua Palavra ou destinatárias dos seus milagres: colaboram com Ele, apoiando o seu ministério. Isto tem grande interesse: Jesus sabia redimir e libertar também as mulheres da sua situação espiritual negativa, atraindo-as para junto de si e confiando-lhes tarefas de assistência em relação a Ele e aos apóstolos. Soube, pois, valorizar a presença e o serviço delas durante a sua vida pública, o que provavelmente desencadeou a crítica e a malevolência de alguns seus contemporâneos, apenas habituados a instrumentalizar e a explorar as mulheres. Também sobre este aspecto, tão atual, Jesus nos é apresentado como o libertador de que a humanidade precisava.
Acredito na ressurreição e vivo assim, desde já, a vida nova trazida por Jesus, para ser de plenitude, um dia, no céu? Esta esperança cristã tem me fortalecido no serviço de bem ao próximo? Estou consciente que no instante derradeiro de minha existência serei julgado pelo amor com que alimentei minhas ações? Valorizo a presença e atuação da mulher na Igreja e na sociedade? Reconheço o seu valor, sua dignidade e seus direitos?
Obrigado, Senhor, porque, desafiando a mentalidade do teu tempo, arrancaste a mulher do túmulo da desumanização, restabelecendo o seu valor de pessoa humana. Obrigado, Senhor, porque, ultrapassando os preconceitos e os abusos da cultura em que vivias, libertaste a mulher do túmulo da subordinação, valorizando a sua presença e o seu serviço. Obrigado, Senhor, porque, envolvendo a mulher no teu ministério público, a ergueste do túmulo da descriminação, prevendo o seu atual papel profético no campo social, profissional, político, eclesial. Obrigado, Senhor, por todas aquelas mulheres que, seguindo o teu exemplo, colaboraram na obra de redenção, restituindo à mulher o lugar que lhe fora dado por Deus. Que eu saiba olhar a mulher com olhos semelhantes aos teus. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago