Acho, particularmente, este texto muito interessante. A comunidade de Lucas consegue extrair de um cenário tão inóspito um conteúdo muito profundo para nossa fé que é a dimensão do acolhimento, que traz para perto de Jesus, todos os que estão isolados no mundo pelo preconceito, pela desilusão e ou por suas dores e limites em sua humanidade.
Lembremos que acolhimento é misericórdia...
Se formos olhar bem ali, na raiz da situação, ser um cobrador de impostos, não seria em si o problema, desde que o Estado fosse justo nas cobranças e que os impostos voltassem para os cidadãos em forma de ações de governança que implicassem no cuidado dos nacionais e, também, desde que os cobradores de impostos não aproveitassem das situações para aumentar valores em seu benefício. Afinal, vai entender, mas no mundo, desde que se inventou a riqueza e o Estado, os impostos vieram anexados a estas realidades para que as estruturas governamentais pudessem ser mantidas.
E os pecadores? Não seriam um mal em si mesmos? Claro que não! Aprendemos que Deus não odeia o pecador, e não o odeia porque é seu filho e sua filha, é sua imagem e semelhança e não se odeia o semelhante a si. O que Deus não gosta é do pecado, do absurdo erro de nossas humanidades, que nos afastam de sua Paternidade e coloca em risco nossa Fraternidade. O pecador não é o seu pecado, pode haver sempre uma mudança, uma transformação, um encontro com o Sumo Bem que faça da vida humana um manancial de graças.
Porém, os fariseus e mestres da lei, tomados pelo transtorno de alguém que não tem medo de ajudar as pessoas a serem melhores, acolhendo-as perto de si, conversando, ensinando e amando, acharam mais digna a acusação que aprenderem este seguimento, mudar para o lado do Evangelho e assumir a cruz da missão.
Jesus ensina que Deus vem se encontrar justamente com aqueles e aquelas que, por algum momento em suas vidas, acabaram errando o caminho do bem e embrenharam-se no meio dos espinhos tortuosos do pecado. Ali Jesus se mostra Pastor das almas que se perdem e vai ao encontro de todas as ovelhas que saíram do redil para serem resgatadas em seu amor. Ali Jesus mostra que todos têm valor aos olhos de Deus e que ninguém é descartável somente pelo fato de ter pecado, mas deve ser acolhido, a casa deve ser varrida com cuidado e amor, para se resgatar o que há de maior valor na humanidade que é sua vida em Deus.
Caros irmãos e irmãs sejamos corajosos no acolhimento... a exemplo de Jesus que cuida e liberta, sejamos canal de júbilo e lembremos que os anjos gostam da alegria de quem voltou para casa.
Deus abençoe nossas vidas.
Coragem!
Pe. Jean Lúcio de Souza