O texto do Evangelho de Lucas 16 parece-nos de grande habilidade, porém de uma difícil compreensão dadas às digressões textuais que flutuam entre advertências e elogios em face de uma mesma conduta, outrora, desonesta. As personagens possuem papéis certeiros e muito bem definidos na conturbada conduta humana cujos passos no chão deste mundo podem ser vez ou outra confusos, dentro do entendimento humano.
Uma modalidade de sobrevivência entre as pessoas em Israel e regiões era a administração de fazendas. Alguns homens eram encarregados desta administração e conseguiam retirar de empréstimos, a altos juros, seu sustento. Portanto, aquela realidade profissional, estava inserida em um ambiente de aceitação legal razoável.
A figura do homem rico e do administrador se contrapõem, tendo em vista que o primeiro dono de sua riqueza confia e espera que seu administrador corresponderia à confiança que lhe fora depositada e que, não iria extrapolar seus limites, agindo com honestidade. Porém, como visto, o administrador não se mostrou confiável chegando às raias de esbanjar os bens de seu patrão, sendo chamado a prestar contas de seus trabalhos.
O pensamento corrente entre as pessoas concorre, e muito, com a vontade de Deus, por exemplo, de modo geral, as pessoas acreditam piamente que o dinheiro ou ter dinheiro e riquezas seus problemas estariam todos resolvidos, aí se encontra a ilusão. De que forma? A busca desenfreada por riquezas pode colocar nossa ética e nossa liberdade em risco. Vejam como procede o administrador, iludido pela busca de riqueza e uma riqueza que poderia valer-lhe como segurança, acaba sendo colocado em um lugar de extrema dificuldade no campo da sobrevivência, não conseguindo buscar fonte que o pudesse sustentar, buscar fiar-se mais uma vez na desonestidade, reduzindo pesos, medidas e quantidades da dívida de outros com seu patrão, ao passo que estes, concordam com a conduta desonesta do administrador.
De fato, nas coisas de Deus, ou para as coisas de Deus, houve um distanciamento daquele homem, que em sua conduta diária, afasta-se do bom propósito à luz da vontade de Deus que, basicamente, se traduzia em amá-Lo e amar aos irmãos como se ama a si. O distanciamento foi pleno a tal ponto que não amando e nem respeitando os seus e nem a si, encontra refúgio na perpetuação de seu erro e nos “conchavos” humanos estabelecidos no campo do desrespeito às coisas de Deus e dos irmãos e irmãs.
Tudo é dom de Deus, sobretudo nossas vidas que precisam ser administradas como presente do altíssimo. Administramos a vida humana para voltarmos um dia a nosso Deus e Senhor e entregar-lhe os frutos desta administração: como temos procedido?
Deus abençoe nossas vidas.
Coragem!
Pe. Jean Lúcio de Souza