Chegamos ao penúltimo domingo do tempo comum (ano B), próximo domingo será a Festa de Cristo Rei do Universo e tão logo estaremos, novamente, no ciclo do Advento com a inauguração de novo Ano Litúrgico. Esses últimos domingos que antecedem o tempo do Advento devem servir para nossa intensa reflexão.
Com a proximidade do tempo do Advento a liturgia começa a apresentar aqueles temas mais voltados para os assuntos que versam sobre o fim da humanidade acerca de sua fé cristã, ao que se contempla, a partir da vida humana em seu fim (pós morte) e a vinda de Jesus Cristo (parusia). O resultante da vida é posto diante de Jesus, justo juiz. Disto surge a pergunta: como temos nos preparado?
O texto dominical do Evangelho de Marcos será, aqui, dividido em duas partes: a primeira que versa sobre a parusia, isto é, a segunda vinda de Cristo; noutra apresentam-se as ideias dos sinais, da Palavra imorredoura e do segredo Eterno.
Para iniciarmos nossa reflexão, vamos retornar ao texto da Primeira Leitura. Em Daniel observamos a contemplação da manifestação dos tempos futuros a partir do fim último e derradeiro, o tempo da angústia, o qual, o povo de Deus será livre. Mas por qual razão tornam-se livres dessas angústias de morte? Um passo definitivo na preparação dos corações, de tal modo que, por terem sido sábios e ensinado às pessoas o caminho do bem e da verdade, veem-se livres de tais tormentos. Logo, se compreende o que o salmista nos apresenta como resultado deste caminho da verdade vivido e ensinado: felicidades sem limites e delícia eterna ao lado de Deus.
Pela divisão posta no texto aquela tribulação dos filhos e filhas de Deus, que antecede a chegada do Filho do Homem, é símbolo daqueles que não se contentam, nem se adaptam às maldades do mundo e da vida presente, essa inquietação de bem-aventurança – bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus – implica na reunião dos eleitos à chegada do Justo Juiz. Ele chegará em meio a grandes sinais de revelação de uma epifania definitiva e conclusiva: o sol? Vai escurecer. A lua? Sem brilho. As estrelas? Caem. As forças deste mundo? Abaladas.
Aqui lembramos do cântico de Maria no Evangelho de São Lucas – Ele realiza maravilhas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, derruba do trono os poderosos e eleva os humildes – um cântico profético... Nestas quedas dos poderosos de seus tronos de tirania, de espoliação dos pequeninos e humildes, que se fartam de bens enquanto tantos vivem na penúria. Na dispersão dos soberbos que não conseguem enxergar nada além de si próprios, o Senhor que vem retira-lhes o brilho, jogará as estrelas que seduzem falsamente as pessoas no chão e o dia será sem sol para aqueles que fazem o mal.
Marcos não foge deste ideário, ou seja, os eleitos de Deus são justamente os que trilharam o caminho do bem (são os bem-aventurados), da virtude e da justiça – tive fome e me destes de comer, sede e me destes de beber, estava nu e me vestistes, doente e na prisão e foste me visitar – e ensinaram esse caminho aos outros seus irmãos e irmãs. Foram sábios e iluminados por aquela Palavra Santa, Perfeita e Eterna que ilumina nossos passos, esta mesma Palavra que não passa sem produzir seu sentido e colher seus frutos onde fora semeada com generosidade nos corações abertos à vontade do Pai.
Estes não irão temer o dia tremendo. Mesmo que as tribulações da vida cotidiana nos assaltem e nos provoquem tristezas, aqueles que se aninham na Palavra da Verdade estão atentos ao que virá, porque vigiam na prudência desta mesma Palavra que é lâmpada para seus passos.
O dia derradeiro não é de nossa responsabilidade, não sabemos, somente o Pai conhece esse dia, somente Ele abrirá as portas de sua casa e receberá seus filhos e filhas naquela morada. Por esta razão, é preciso estarmos atentos, vigilantes, como quem espera o seu Senhor regressar de uma festa ou de uma longa viagem. Aí, à sua chegada, abrir-lhe-emos as portas de nossos corações e Ele recolherá os talentos multiplicados por sua sabedoria em nós e então haveremos de participar da ceia da comunhão eterna.
Deus abençoe nossas vidas.
Coragem!
Pe. Jean Lúcio de Souza