Os Santos Inocentes refletem uma história de dor e lágrimas provocados pela crueldade de Herodes. Eles são imagem Peçamos que o Senhor nos conceda pureza de coração, firmeza na profissão de nossa fé e compromisso com a vida, a partir dos pequenos.
“Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito” (Mt 2,13)
Graça a pedir:
Senhor, que eu acolha o Menino Jesus em meu coração,
deixe-me transformar por Ele e seja fiel testemunha
do seu amor pela humanidade.
- Coloque-se diante de Deus ... Invoque, em sua oração, o Espírito Santo... Reze confiante: “Senhor e Criador, que os meus sentimentos, desejos e ações estejam ordenados somente para Ti”. Faça silêncio interior...
EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO SÃO MATEUS 2,13-18
- Leia o texto bíblico bem devagar, atento a cada palavra e frase, procure saborear a Palavra de Deus...
Imagine a cena bíblica...
- A festa dos Santos Inocentes, colocada tão perto do Natal, realça não só o dom do martírio, mas também a grande verdade que a morte do inocente revela: a maldade do pecador, como Herodes, semeia ódio e morte, enquanto o amor do justo inocente, como Jesus, traz frutos de vida e salvação.
São João, na primeira leitura, também nos apresenta o mundo divido em duas partes: a luz, o mundo de Deus, e as trevas, o mundo de Satanás.
- Quem caminha na luz e pratica a verdade (vv. 7-8), vive em comunhão com Deus e com os irmãos e é purificado de todo o pecado pelo sangue de Jesus derramado na cruz.
Quem, pelo contrário, caminhas nas trevas e não pratica a verdade (vv. 6.8), engana-se a si mesmo, não vive em comunhão com Cristo nem com os irmãos, está longe da salvação.
Os que verdadeiramente acreditam reconhecem, diante de Deus, o seu pecado, o confessam e confiam no Senhor “fiel e justo” (v. 9), são salvos. Os maus, pelo contrário, que não reconhecem os seus pecados, tornam vão o sacrifício de Cristo, e a sua Palavra de vida não os pode transformar interiormente.
- Ao terminar, João exorta os cristãos a recorrerem a Jesus como advogado junto do Pai (v. 1), porque é Ele que expia os pecados dos fiéis e os da humanidade inteira.
O cristão não deve pecar, mas, se pecar, o melhor que tem a fazer é reconhecer o seu pecado e confiar na misericórdia d´Aquele que o pode livrar da pobreza moral e restituí-lo à comunhão com Deus.
- Ao celebrar a memória dos Santos Inocentes Mártires, imaginemos a angustia de José e Maria, em deixar sua terra e seguir para uma terra desconhecida, enfrentando as inseguranças do caminho, o temor diante de Herodes que deseja matar o menino Jesus...
Sofrimento que aumenta, diante do decreto de Herodes de mandar matar os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, no intento de matar o menino Jesus...
Uma cena de horror, hoje tristemente presente, sobretudo em áreas de grande violência, em territórios de guerra, ceifando vidas e mais vidas, de indefesos, de crianças, jovens e adultos...
Ainda hoje, muitos Herodes ceifam a vida de inocentes. “Se andamos na luz”, não podemos permitir que esse ciclo continue.
Meditando a Palavra...
- Mateus narra uma das provações da família de Nazaré. Depois de os Magos partirem, advertidos pelo Anjo do Senhor, José e Maria tiveram de fugir com o Menino para o Egito, para escaparem ao ódio de Herodes.
• Na sua loucura, tinha decidido matar todos os recém- nascidos em Belém (vv. 14-16). A Sagrada Família vive uma dolorosa perseguição, que a leva a fugir da sua terra e a lança numa aventura cheia de incertezas.
- Mateus sugere que a Sagrada Família não goza de qualquer privilégio em relação às outras. Jesus é um Deus no meio de nós, mas a sua glória esconde-se numa aparente derrota.
• Não O buscam apenas os Magos. Também Herodes O procura. Mas suas intenções são diferentes: os Magos querem adorá-lo; Herodes quer matá-lo. Jesus é sinal de contradição desde o seu nascimento.
- Na realidade, a narrativa do Evangelho evidencia um outro tema: a aventura humana de Jesus, desde a sua infância, é lida à luz da história de Moisés e do seu povo.
• Tanto o nascimento de Moisés, como o de Jesus, coincidem com a matança de meninos hebreus inocentes (Ex 1, 8-2,10 e Mt 2, 13-14); ambos se dirigem para o Egito (Ex 3, 10; 4, 19 e Mt 2, 13-14); ambos realizam a palavra: “do Egito chamei o meu filho” (Ex 4, 22; Os 11, 1 e Mt 2, 15).
• Finalmente a profecia de Raquel que chora os seus filhos (Jr 31, 15) recorda-nos que Jesus permanece o Messias procurado e recusado, em quem se realizam as promessas de Deus e as esperanças dos homens.
- Como me comporto diante das injustiças e violências que ceifam as vidas humanas? Sou de julgar que as pessoas devem morrer, que violência se combate com violência? O que tenho feito para evitar situações danosas, em sociedade, agindo preventivamente em favor da vida? Interesso-me pelas políticas públicas de atenção, cuidado e promoção da vida de crianças, adolescentes e jovens? Como vejo a acolhida de “estrangeiros”, de refugiados em meu país? ...
Reze confiante ao Senhor...
Senhor Jesus,
que por nós Te fizeste homem, que por nós morreste e ressuscitaste,
Tu és o nosso único advogado junto do Pai quando pecamos e nos afastamos de Ti.
Muitas vezes quebramos a Aliança contigo, e outras tantas a restabeleceste,
sem Te cansar, manifestando a riqueza da tua bondade e do teu perdão.
Não deixes de ser o nosso defensor.
Sê também o defensor da nossa humanidade que massacra tantos inocentes, crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres.
Tu, que experimentaste a situação dos refugiados, tem compaixão dos milhões de homens e mulheres
que, ainda nos nossos dias, têm que abandonar as suas terras, os seus países,
para escaparam às diferentes formas de perseguição, às guerras, aos massacres, aos genocídios.
Pela tua Encarnação, pela tua Morte e Ressurreição,
concede ao nosso mundo a graça de encontrar o caminho da justiça e da paz.
Amém.
Contemple essa Palavra em sua vida...
- Causa-nos um certo choque celebrar o martírio dos Inocentes apenas três dias depois do Natal, festa da família, da alegria e da paz. Mas esta festa nos ajuda a compreender mais profundamente o Natal de Cristo.
• Contemplamos o Menino do presépio que, como sabemos, não é um menino qualquer. Pretende tornar-se rei de todos os corações; por isso, não pode deixar de encontrar resistência e oposição.
• Ele se apresenta como Luz do mundo, mas as trevas não se deixam iluminar, sem luta, sem sofrimento.
• A festa dos Inocentes nos mostra que essa luta começa muito cedo.
- Essa luta começa dentro de nós, como vemos na primeira leitura. Porque somos pecadores, estamos de algum modo do lado de Herodes, recusamos o Salvador e precisamos de conversão para acolher a luz que nos perturba. “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós”, escreve São João.
• Hoje começa a obra da nossa salvação e a primeira coisa a fazer é reconhecer que precisamos de ser salvos.
- O Evangelho narra precisamente a fuga da Sagrada Família para o Egito e a matança dos Inocentes.
• Mateus, partindo dos dados históricos, os recompõe, lendo-os na fé e transfigurando-os à luz do mistério que encerram: o Menino Jesus, que se entrega nas mãos dos homens, não é alguém que foge do inimigo por medo, mas é o verdadeiro vencedor, porque é na sua obediência livre que revela ao homem o rosto do Pai e o amor gratuito com que se entregou a nós.
• Se o mundo recusa a Cristo, o derrotado não é Cristo, mas o mesmo mundo. Se a recusa de Cristo e a sua marginalização são momentos de humilhação que revelam a sua fraqueza humana, são também o início do seu triunfo, por causa da glorificação que dará ao Pai.
- Também nós podemos recusar Cristo e ser culpados de pecado, renegando o amor de Deus. Mas acreditamos que, apesar de tudo, os nossos pecados não são um obstáculo permanente à comunhão com Deus, graças à sua misericórdia a que podemos recorrer.
• O convite é este: Sigamos os pastores e vamos ao presépio beber uma vida nova, uma força nova para doravante seguirmos com coração a direção da graça... Lancemos um olhar também para as pequenas vítimas imoladas por Herodes, os santos Inocentes. Deixemo-nos imolar pela espada do sacrifício, da obediência e da abnegação.
Revisando...
- O menino que celebramos nesta oitava de Natal correu riscos com as tramas de Herodes.
• Na caça fatal, inocentes pagaram, passando dos braços de suas mães para os braços de Deus...
• Sofrimento que perdura hoje... o que fazer para estancar as situações de violência? Como nos colocar a serviço da vida e da dignidade dos mais fragilizados da sociedade?... mais perto de você, o que fazer para que nossas comunidades sejam mais solidárias e fraternas, comprometidas com a vida? ...
• Peça, em sua oração, a graça de testemunhar sua fé, como instrumento de Deus, a serviço da vida e da esperança.
- Conclua rezando um Pai-Nosso e uma Ave-Maria... Revise esse momento orante. Veja o que mais lhe tocou...o que sentiu e qual o apelo que Deus lhe faz hoje...
- Anote, o que julgar de proveito, em seu caderno espiritual.
- Reze durante o dia, a partir da primeira leitura: “O sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1, 7).
Pe. Marcelo Moreira Santiago