Caros irmãos e irmãs,
As duas cenas que temos hoje diante da comunidade que se reúne para meditar o Evangelho são admiráveis, significam para todos nós que, diante do Senhor, ter duas disposições especiais em nossas travessias é fundamental: confiança e esperança.
Como já mencionado, as travessias são muito complicadas, mesmo que conduzam a novas perspectivas que nos trarão alegrias gestadas na mudança, a travessia em si é uma possibilidade, nunca uma certeza.
No primeiro caso, uma mulher é apresentada com uma doença que lhe consome o corpo, a vida e as forças econômicas necessárias para sua sobrevivência. Nada, nem ninguém foram capazes de estancar sua hemorragia. Sua vida escorre em sua doença. Mas há uma esperança e ela sabe em quem confiar: Jesus. Ao se desinstalar de sua casa, não se permitindo conformar com o mal que a aflige, ela parte em uma certa travessia, precisa se encontrar com Jesus que passará por aquela região. Sua confiança foi tão grande que nada pediu, apenas confiou no seu íntimo – basta apenas tocar em sua roupa e eu serei curada – uma fé admirável.
Ela foi, fez a sua travessia e chegou à outra margem: filha tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença! Imaginem o retorno desta mulher para sua casa, sua travessia não foi em vão, ela descobre seu tesouro em Jesus Cristo.
Jairo também se desinstala, sai de sua casa, vence o preconceito de ser o chefe da sinagoga e que, portanto, não poderia olhar para Jesus com tamanha confiança, não poderia dar crédito ao subversivo Jesus, porque Ele não segue a tradição dos judeus, faz tudo diferente... Mas, diante da filha enferma, quase morta, não há vaidade e orgulho que resistam à possibilidade da vida ser renovada. Ele vai, mas vai como quem confia, ele vai esperançando...
Cair aos pés de Jesus é mais que uma prova de confiança, é o extremo da dor e do peso de quem não quer perder a quem se ama, sua pequena e tão jovem filha. Neste caso, como na barca, Jairo não faz a travessia sozinho, Jesus vai com ele. Jesus ensina: basta ter fé! E ele tem! Fé e esperança. Quando se tem a fé de quem confia e espera até a morte pode ser ressignificada.
As pessoas que não confiam e nem esperam apenas caçoam, mas Jesus não lhes dá crédito. Vai ao encontro da menina e não da morte, mas Jesus ordena à morte, como quem ordena à tempestade no barquinho de Jairo – silêncio, cala-te – e a menina se levanta. Eu quero imaginar o sorriso de Jairo e a alegria de sua esposa abraçando a pequenina que vive.
Assim é a vida com Jesus, se esperançarmos confiantes a vida toda é transformada, mesmo nas travessias mais turbulentas da vida!
Coragem!
Deus é bom e Ele cuida de nós!
Pe. Jean Lúcio de Souza