RETIRO QUARESMAL PAROQUIAL. REFLEXÃO DIÁRIA. 16 de março. Segundo Domingo da Quaresma: Gn 15,5-12.17-18; Sl 26; Fl 3,17-4,1; Lc 9,28b-36

- A misericórdia de Deus e o compromisso com o próximo será o tom desta segunda semana da quaresma.

• Ao rezar ao Deus misericordioso, seremos provocados a nos reconhecer pecadores, dando um sentido penitencial a esta semana.

- Faremos a experiência de nos sentir pecadores, mas perdoados pelo Deus infinitamente bom e misericordioso.

• Deus se “arrisca” ao confiar em nós, pois somos marcados pelo pecado e podemos negar o seu amor.
• Nossos pecados, porém, não são maiores que o amor de Deus.

- Nessa semana somos chamados a olhar quem somos, quem é nosso Deus, quem é o nosso próximo e qual é a proposta de salvação que Jesus nos trouxe.

• Seremos chamados a nos reconciliar com o Pai e, consequentemente, com os irmãos e irmãs.

- Pergunto a você: está animado? Tem coragem de se ver por dentro e experimentar o amor misericordioso de Deus? ... Em caso afirmativo, vem comigo.

Pedido de graça da semana:

Senhor, que eu possa ordenar minha vida e minhas práticas

evitando todo pecado e me tornando seu servidor e do próximo

cumprindo, de todo coração, seu mandamento de Amor.

“Enquanto rezava, o aspecto do seu rosto mudou” (Lc 9,29)

- Hoje somos chamados a subir a montanha com Cristo.

• Ali somos convidados a nos “transfigurar”, ou seja, a ampliar a nossa visão.

- Quando estamos na superfície vemos apenas o que nos rodeia e podemos ter a ilusão de que a realidade se resume ao que vemos.

• Quando subimos uma montanha, nossa visão se amplia e entendemos que víamos apenas uma parte pequena da realidade...

- Aqui, a subida será mais um exercício espiritual do que físico, pois a “visão” que se pretende ampliar é a nossa compreensão das realidades divinas.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 9, 28b-36

- Leia o Evangelho, sem pressa. Procure saborear o que ele diz... entrar na cena, registrada por São Lucas... antes de começar a contemplação, prepare-se e deixe-se conduzir pelo Espírito ao deserto de seu interior...O Evangelho é o da “Transfiguração do Senhor”

• Contemple a cena da transfiguração. Veja os apóstolos, ouça Moisés e Elias conversando com Jesus “sobre a morte que Jesus teria em Jerusalém” (Lc 9,31)... Ouça o diálogo de Jesus com Pedro. Demore-se com Jesus na montanha...

- Jesus sobe a montanha e se transfigura diante dos discípulos, mostrando-lhes a sua glória.

• Depois de ter revelado que era o Messias e anunciado que deveria sofrer (Lc 9,22), Jesus quer mostrar algo além do sofrimento, que é a razão dessa entrega, ou seja, o cumprimento daquilo que Moisés e Eles prepararam.

- Deus revela que aquele que deve sofrer é, na verdade, o seu próprio Filho.

• A experiência que os apóstolos fazem lhes mostra que estão diante do verdadeiro Deus, que devem crescer na fé e não devem temer a missão vindoura.

- Eles são encorajados a continuar seguindo para que a missão de Jesus seja completada.

• E podem seguir confiando, pois “Deus transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso” (Fl 3,21).

- Medite o texto... Deixe as palavras do Evangelho “ressoarem” no seu coração... Ouça a voz do Pai: “Este é o meu Filho, o meu Eleito. Escutai-o”.

- Jesus pede aos discípulos que confiem n’Ele e que ousem segui-lo no caminho de Jerusalém.

• Esse caminho, embora passe pela cruz, conduz à ressurreição, à vida nova e eterna.

- Aos discípulos, relutantes e assustados, Deus confirma a verdade da proposta de Jesus: “Este é o meu Filho, o meu Eleito. Escutai-o”.

• É uma proposta que também nós somos convidados a abraçar...

- Como está meu coração: relutante? descrente? assustado diante das provações da vida?... Reconheço em Jesus, o Filho de Deus, o Messias-Salvador? Em que isso me conforta e orienta a minha vida? Tenho escutado ou não Jesus, obediente à voz do Pai: “Escutai o que Ele diz?” Em que preciso me “transfigurar”?... Aproveita, pede essa graça...

- Converse com Deus... Deixe a graça de Deus “trabalhar” em você, despertando-o para passos e horizontes ainda maiores de vida... Acolha, com abertura, as palavras do Evangelho deste dia, exortando-o a reconhecer em Jesus, O Filho de Deus, o Messias e a escutá-lo...

Deus de luz,

bendito sejas por estes momentos de oração em cada domingo.

Tu me transportas sobre a montanha, com Jesus e os discípulos.

É bom estar aqui, na tua presença.

Eu Te peço: abre o coração e o espírito

à Palavra viva do teu Filho bem-amado,

para que o escute.

Amém.

- Pergunte-se: Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda a viver? Que respostas de vida, Ele me pede?

- Jesus, acompanhado por Pedro, Tiago e João, subiu ao “monte”.

• Lucas é o único dos evangelistas a introduzir, no relato da subida “ao monte”, o tema da oração (v. 28): Jesus “subiu ao monte, para orar”.
• É um traço típico do Evangelho segundo Lucas: Jesus, ao longo de toda a sua vida, mas sobretudo nos momentos mais decisivos, sente necessidade de falar com o Pai.
• Era a partir desse diálogo que Ele percebia mais claramente a vontade do Pai e que Ele encontrava a força para cumprir a missão que o Pai lhe confiava.

- Moisés e Elias, as duas figuras do Antigo Testamento que aparecem no cenário da transfiguração de Jesus, representam a Lei e os Profetas.

• Eles anunciam Jesus e permitem entender Jesus, porque a Lei e os Profetas falavam da vinda do Messias...
• Além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva (Dt 18,15-18; Mal 3,22-23).

- Lucas é o único dos evangelistas a nos dizer que Moisés e Elias “falavam da morte (“êxodo”) de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém” (v. 31).

• A palavra “êxodo”, aqui utilizada por Lucas, cumpre duas funções: alude à “saída” dos hebreus do Egito, rumo à liberdade e à vida nova, por um lado; e, por outro, é um eufemismo frequentemente usado para falar da morte.
• O que naquele dia se passou naquele monte é para ajudar os discípulos a entender que a morte próxima de Jesus, a sua passagem para o Pai, irá completar o antigo êxodo e proporcionar a libertação definitiva do Povo de Deus.

- Entre os elementos compõem o cenário da catequese sobre a transfiguração, temos também a nuvem (v. 34) que indica a presença de Deus.

• Era na nuvem que Deus se ocultava e era a partir da nuvem que Deus conduzia o seu Povo ao longo da caminhada pelo deserto, em direção à Terra Prometida (Ex 40,34-35; Nm9,18.22; 10,34).

- Mas o elemento mais significativo é, sem dúvida, “a voz” que vem da “nuvem”.

• Essa “voz” se dirige aos discípulos e declara solenemente: “Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-o”.

- O próprio Deus “apresenta” Jesus e garante que Ele é “o Filho” que veio ao encontro dos homens com um mandato do Pai.

• E o testemunho de Deus sobre Jesus completa-se com um imperativo: “escutai-o”.
• Os discípulos ficam assim prevenidos de que devem escutar e acolher as indicações de Jesus, sem mais hesitações e medos, em cada passo do caminho.
• No final do caminho de Jesus, não está o fracasso, mas está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.

- Jesus é o Filho de Deus, enviado aos homens para lhes propor a salvação e a Vida verdadeira.

• Tudo o que Ele diz e propõe está de acordo com o projeto salvador de Deus.
• Os discípulos devem escutá-lo, levar a sério as suas indicações, mesmo quando Ele propõe um caminho de morte, de dom da vida até às últimas consequências (Lc 9,23-25).

- Jesus é o Messias libertador e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias).

• Ele veio concretizar as promessas que, ao longo da história da salvação, Deus fez ao seu Povo.

- Com a sua “transfiguração”, Jesus trouxe para os discípulos uma “injeção de esperança”.

• Deu-lhes o ânimo de que necessitavam para seguirem atrás de Jesus no caminho para Jerusalém.
• O mesmo deve acontecer comigo, com você...

- Termine sua oração com preces espontâneas e dando graças a Deus por esse momento... agradeça por poder contemplar essa cena e peça o dom de ver mais longe e de conseguir a coragem de seguir Jesus...

- Não deixe de participar da missa dominical, celebrando o “Dia do Senhor”.

Reze a oração do Pai-Nosso e, a seguir ada CF-2025:

Ó Deus, nosso Pai,

ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom!

O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra,

e hoje experimentamos suas consequências.

Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos:

dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento

e da conversão de nossas atitudes.

Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão 

que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação,

no cuidado e no respeito à vida.

Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça.

Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum,

na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste

para nós no Céu. 

Amém!

- Não esqueça, registre no seu “caderno de vida” os sentimentos despertados pelo encontro de hoje com o Senhor: alegrias, conforto, resistências, medos, libertação... novos propósitos...

Pe. Marcelo Moreira Santiago