REFLEXÃO DIÁRIA. RETIRO DE ADVENTO E NATAL. Sábado, 14 de dezembro. Memória de S. João da Cruz. Presbítero e doutor da Igreja.

‘Elias já veio, mas eles não o reconheceram” (Mt 17, 12)

Eclo 48,1-4.9-11; Sl 79; Mt 17,10-13

São João da Cruz nasceu na Espanha, em 1542. Aos 21 anos, vestiu o hábito carmelitano e viveu muito observante da regra original do carmelo. Foi ordenado em 1567 e pediu a Deus a graça especial de que o conservasse sempre em graça, sem pecado, e poderia sofrer com coragem e paciência todos os tipos de dores, penas e enfermidades. Conheceu santa Teresa de Jesus e com ela reformou a vida carmelitana. Deus lhe concedeu a qualidade de saber ensinar o método para alcançar a santidade. Seus ensinamentos foram escritos e resultaram em livros muito importantes, o que o levou a ser declarado Doutor da Igreja. Entre seus livros famosos está “Subida do Monte Carmelo” e “Noite Escura da Alma”. São João da Cruz foi para a casa do Pai em 14 dezembro de 1591, aos 49 anos. Foi canonizado no ano de 1726 e, em 1926, o papa Pio XI o declarou doutor da Igreja. A seu exemplo, ocupemo-nos em viver uma vida perto da graça de Deus, na contemplação e na ação, em tudo fazendo a vontade do Senhor.

Graça a pedir:

Senhor, dê-me a graça de não ser surdo à sua voz

e de me deixar converter, por sua bondade.

- Coloque-se diante de Deus ... procure estar tranquilo...desligue-se de tudo o mais... Invoque, em sua oração, o Espírito Santo...

- Reze: “Senhor e Criador, que os meus sentimentos, desejos e ações estejam ordenados somente para Ti”.

EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO SÃO MATEUS 17,10-13

- Leia o texto bíblico bem devagar, prestando atenção em cada palavra e frase...

Imagine a cena bíblica...

• Imagine a cena descrita hoje no Evangelho... Os discípulos em diálogo com Jesus e Ele lhes explicando a ação de Deus em vista da salvação...
• Veja o quanto estão atentos ao que Jesus lhes diz... a ponto de, em sua compreensão, associar Elias, a partir do que Jesus lhes disse, à figura de João Batista que veio preparar os seus caminhos, a sua vinda...
• Infelizmente os doutores da Lei ainda estão presos ao passado e não reconhecem em Jesus o Messias... um alerta para todos nós...

Meditando a Palavra...

- Faço proveito da primeira leitura para melhor compreensão de Evangelho.

- O livro do Eclesiástico apresenta uma galeria de ilustres personagens. Entre essas personagens ressalta a do profeta Elias.

• Ele é comparado ao fogo, por causa do seu zelo e da sua paixão pela causa do Deus de Israel.
• A sua vida foi, de fato, totalmente votada ao serviço de Deus, em cuja presença Elias se mantinha permanentemente.

- Além da sua ardente pregação para reconduzir o povo a Deus, o retrato traçado aqui exalta os seus poderes, os seus prodígios. (v. 2-4).

• Mas o elogio do profeta atinge o auge na consideração do seu destino especial, o seu arrebatamento pelo fogo (v. 9), visto como uma vitória da vida sobre a morte, alcançada pelo amor de Deus.
• Elias é, pois, um incentivo à esperança na vida para além da morte, à bem-aventurança total e definitiva que espera aqueles que, como Elias, “morreram no amor” (v. 11).

- Por ter sido arrebatado ao céu, a tradição judaica (Mt 3, 24) espera que regresse, a fim de preparar o povo para a vinda do Messias (v. 10).

• O Novo Testamento recebe esta tradição judaica do regresso de Elias e vê-a realizada em João Batista.

- Agora sim, a gente pode melhor compreender o evangelho de hoje.

- Depois da transfiguração, ao descer do monte, Jesus conversa com os discípulos sobre um dos protagonistas da visão: o profeta Elias.

• Referindo-se às discussões rabínicas sobre a missão de Elias, sobre a verdade e sobre o significado do seu regresso preanunciado por Malaquias (3, 23-24), Jesus declara aceitar a tese daqueles que afirmam a necessidade de uma vinda de Elias antes do Juízo.
• Por outro lado, Jesus nega toda a visão fantasiosa, divulgada entre o povo, do regresso de Elias, alertando os discípulos para a necessidade de discernirem o plano de Deus, que se revela a seus olhos.
• Por isso, afirma que Elias já veio, mas foi desconhecido, e que a sua sorte preanuncia a do Filho do homem (v. 12).

- Jesus identifica expressamente Elias com o Batista para convidar o povo à conversão urgente, à cura das relações com as outras pessoas e da relação com Deus.

• Os discípulos compreendem essa identificação (v. 13).

- Parece claro que essa identificação não se deduz automaticamente das Escrituras, mas que se revela a quem, dócil à fé, está disposto a acolher a pregação de João, com o insistente convite à conversão e à preparação para o encontro com Aquele que vem.

• Tenho aberto meu coração à graça de Deus, empenhado em acolher e aprofundar a sua Palavra? Sou dócil à fé?
• Nessa preparação para a vinda do Senhor tenho buscado verdadeira conversão de vida? Tenho buscado aprimorar meu relacionamento com as pessoas e com Deus?  O que está me faltando? ... tempo, coragem, superação, humildade, confiança... peça a graça...

Reze confiante ao Senhor...

Senhora do Advento,

Virgem da escuta, Virgem disponível,

Virgem que acolhe.

Intercede por mim,

para que me prepare convenientemente

para escutar a Palavra de Deus,

acolhê-Ia no meu coração e na minha vida,

estar disponível para caminhar e seguir Nosso Senhor Jesus Cristo.

Então serei iluminado, saberei seguir na verdade, fazendo o bem

e sendo operante da caridade.
Intercede por mim, Senhora,

para o Espírito Santo me inflame,

e possa tornar-me um fogo ardente, um verdadeiro profeta

do amor de Deus,

presente e atuante no mundo,

um servidor da reconciliação dos homens entre si e com o Pai.

Amém.

Contemple essa Palavra em sua vida...

- O elogio a Elias não é feito por um seu contemporâneo, mas por alguém que viveu muito tempo depois dele.

• Assim acontece com os profetas. Não se faz caso deles quando vivem. Muitas vezes até são perseguidos e mortos. Só mais tarde são elogiados.
• Tudo isto porque a sua palavra incomoda, ou não está sempre de acordo com os nossos pontos de vista, ou com as nossas expectativas.

- Foi o que aconteceu com Jesus. Os que deviam estar preparados, porque conheciam as Escrituras, usaram-nas para levantar objeções a Cristo: “Não tem Elias que vir primeiro? ”

• Jesus responde: “Elias já veio, e não o reconheceram; trataram-no como quiseram ... Então, os discípulos compreenderam que se referia a João Baptista”.

- A missão do Batista enfrenta, de modo análogo à de Elias, dois pontos centrais da minha própria vida: a minha relação com Deus (que me pede para regressar a Ele) e a cura das minhas relações com o próximo.

• Devo me deixar interpelar por João Batista cuja voz proclamava corajosamente, como fizera o profeta Elias, o direito de Deus sobre a nossa humanidade: só a Ele prestar culto, aderir integralmente à Aliança.
• Neste sentido, João é, como Elias, um fogo irresistível, um profeta cuja palavra ilumina os meus caminhos e os da minha comunidade, e se ergue como juízo severo contra o pecado, contra toda a infidelidade à Aliança.
• É isso mesmo que tem acontecido em sua vida? ...

- O fato de, tanto Elias como João, serem perseguidos pelos poderosos, e incompreendidos pelos seus contemporâneos, me alerta para o risco de me tornar obstáculo para mim mesmo no caminho da Palavra divina, às vezes incômoda e inquietante.

• Por outro lado, também me recorda que, apesar de todas as oposições, ela acabará por triunfar.

Revisando...

- Somos chamados a ser no mundo de hoje "profetas do amor e servidores da reconciliação dos homens e do mundo em Cristo"... por meio da vida de oblação, de reparação, de imolação.

• Participar, deste modo, na "na obra de reconciliação" que "cura a humanidade, reúne-a no Corpo de Cristo e a consagra para Glória e Alegria de Deus" .

- Não se trata de uma missão fácil, como não foi fácil a missão de Elias ou a de João Batista.

• Pode ser preciso enfrentar a desconfiança, a oposição, a perseguição ou até a morte.
• Nessas situações, a nossa oblação tornar-se-á imolação, participação e vivência do mistério pascal de Cristo, para redenção do mundo.

• Coragem, perseverança, discernimento...

- Conclua rezando um Pai-Nosso e uma Ave-Maria...Agradeça, renove sua confiança n’Ele, veja o que mais lhe tocou em sua oração hoje...o que sentiu e qual o apelo que Deus lhe faz... avalie, depois de uma semana, quais foram as constantes de Deus, ou seja o que mais lhe chamou a atenção durante toda essa semana que termina...

- Ao se despedir do Senhor, prometa voltar no dia seguinte...  Anote o que julgar de proveito, em seu caderno espiritual.

- Repita, em seu coração, as palavras do Eclesiástico: “Felizes os que te viram e os que adormeceram na tua amizade” (Eclo 48, 11).

• É o que eu desejo para mim, Senhor...

Pe. Marcelo Moreira Santiago