“Meus olhos viram a salvação” (Lc 2,30)
Graça a pedir:
Dá-me, Senhor, a graça de estar com teu Filho Jesus
em todos os momentos e lugares, conhecendo-o mais,
amando e servindo ao modo d’Ele.
- Coloque-se diante de Deus ... Pacifique o seu coração... Invoque, em sua oração, o Espírito Santo... Reze confiante: “Senhor e Criador, que os meus sentimentos, desejos e ações estejam ordenados somente para Ti” (repita essa oração, no desejo de se colocar, totalmente, nas mãos de Deus).
EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO SÃO LUCAS 2,41-52.
- Leia o texto bíblico bem devagar, atento a cada palavra e frase... deixe que as palavras e imagens encham o seu coração...
Imagine a cena bíblica...
- O texto que a liturgia deste dia nos propõe no Evangelho é o finalzinho da narrativa da apresentação do Menino Jesus no Templo, com destaque para a Ana, que louva a Deus por aquela criança.
• O texto não nos permite ver todo o desenrolar deste mistério. Se dispuser de um tempo maior, sugiro que leia o texto desde o princípio (Lc 2,22-40), contemplando também Simeão e os pais de Jesus em sua preocupação de cumprir a Lei do Senhor.
- Os pais de Jesus, Maria e José, levam o menino ao Templo de Jerusalém para cumprir a Lei do Senhor acerca do resgate do primogênito.
• Ali, enquanto ofereciam um par de pombinhas, encontraram Simeão e Ana, dois idosos tementes a Deus a serviço do Templo.
- Imagine, agora, os personagens. Maria e José que trazem o Menino. Os anciãos Simeão e Ana, a servirem o Templo dia e noite com orações e jejuns.
• Estes dois anciãos são representantes dos pobres de Javé, os “anawin”, aqueles que foram provados ao longo da vida e se mantiveram fieis.
- Procure também, no texto maior, se você pode lê-lo, ver o que Simeão diz, em seu cântico de ação de graças e louvor: “Agora despedes o teu servo, Senhor, em paz, conforme a tua Palavra. Pois meus olhos viram a tua salvação (...)” (Lc 2,29-30).
• Ouça também a advertência de Simeão para Maria: “ele está aí para a queda e soerguimento de muitos em Israel e para ser um sinal de contradição. A ti, uma espada de transpassará a alma (...)” (Lc 2,34).
• Igualmente, as palavras de louvor de Ana e seu entusiasmo em falar do Menino: “a todos que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2,38).
- A mãe e o pai nada dizem, mas ouvem e guardam no coração...
• Maria e José cumprem seu papel diante da Lei do Senhor e trazem a oferta dos pobres, um par de pombas para o resgate do primogênito, Jesus.
• Atentos aos acontecimentos, guardam no coração as manifestações de louvor a Deus por seu filho.
• Olha como Simeão e Ana, na sua fidelidade a Deus, celebram, esperançosos, a alegria de verem acontecer o cumprimento das promessas de Deus num menino que nem conheciam...
Meditando a Palavra...
- A princípio, era apenas mais um simples casal cumprindo os mandamentos do Senhor: purificação da mãe, circuncisão no oitavo dia, oferta de um sacrifício no Templo em vista do resgate do primeiro filho...
• Mas Deus tocou o coração de dois anciãos, perseverantes na fidelidade a Deus, e o Espírito os levou a ver naquele menino, em tudo semelhante a todo ser humano que vem a este mundo, o cumprimento da promessa de Deus a seu povo.
- Em que essa cena toca o meu coração? Tenho esse coração de pobre capaz de ver a Deus, em tantas situações da vida? Se não tenho, é oportunidade de pedir a Deus que lhe conceda a graça desse discernimento, para entender os sinais dos tempos, para enxergar, mais profundamente, com os olhos do coração, especialmente tantos momentos de sua vida, da vida em comunidade...
Reze confiante ao Senhor...
Senhor Jesus,
Tu quiseste viver numa família humana sem aparência, prestígio ou riqueza, a tua experiência humana.
A tua vida de criança foi marcada pela fragilidade e pelo crescimento normal.
Trabalhaste para ganhar o pão de cada dia.
Viveste no escondimento e na reflexão silenciosa a preparação para a vida pública.
Assim experimentaste a condição humana e venceste o orgulho do mundo.
Dá-nos a graça de acolhermos, com alegria e gratidão, a nossa fragilidade humana, a nossa história, a nossa família, a terra onde nascemos.
Dá-nos a graça de aceitarmos a nossa fragilidade espiritual, sem todavia renunciarmos à busca permanente da tua sabedoria e da tua Palavra.
Dá-nos a graça de sermos coerentes com a opção que fizemos por Ti, no Batismo.
Que, jamais, a pretexto de inserção no mundo, nos deixemos confundir com ele, com os seus ideais e interesses.
Que, tendo Te aceitado como Salvador e Senhor da nossa vida,
aceitemos também partilhar um destino semelhante ao teu.
Amém.
Contemple essa Palavra em sua vida...
- A profetiza Ana, uma anciã com 84 anos, número bíblico que simboliza a perfeição (resulta de 12×7), pois está no fim dos seus dias, sugere uma comparação com o ano civil que também está a terminar.
• Ana, depois de 7 anos de casamento, permaneceu no templo, servindo a Deus dia e noite com jejuns e orações. Por isso ela mereceu a graça do encontro com o Salvador.
• Também nós, como Ana e, afinal, como Maria e todos os que esperavam a salvação de Israel, podemos entoar hinos de louvor e gratidão ao Senhor.
- Este encontro com o Senhor nos traz a salvação, nos insere numa nova forma de vida, com a qual devemos ser coerentes, para manifestarmos o nosso amor a Deus.
• A vocação cristã, a que fomos chamados, nos compromete a viver no mundo a serviço do ser humano, para testemunhar Cristo e levar a todos a sua mensagem de salvação.
- Vivemos no mundo, mas sem nos confundirmos com ele...
• Caso contrário, negamos o espírito de humildade, de pobreza, de caridade que deve animar a nossa vida, à luz da fé.
• Só o coração que se esvaziar do mundo, das suas propostas transitórias e da avidez pelos seus bens passageiros, pode ser cumulado do amor do Pai (1 Jo 2,15).
- O discípulo de Jesus jamais será aceito pelo mundo, por causa da sua opção de vida, contrária às propostas e interesses mundanos.
• Os que se guardam na fé, por causa da sua eleição e da sua opção de vida por Cristo, são considerados estranhos e inimigos do mundo.
• É por isso que o homem de fé é odiado e recusado. O mundo recusa os discípulos porque não são seus... Eles perturbam a sua paz, desmascaram o seu orgulho, acusam o seu conformismo.
• Mas, se Cristo permanece sinal de contradição para quem segue a lógica do amor, também é certo que tanta oposição se torna critério de autenticidade e de solidez para os discípulos de Cristo.
- Como cristãos, estamos "no mundo", mas não somos "do mundo" (Jo 17, 11-14).
• A vivência da nossa vocação e missão não está livre de oposições.
• Sabemos quantas dificuldades temos que enfrentar durante a vida e como elas acabam por revelar a autenticidade e a solidez do chamado que Deus nos faz.
• As provações, nos desígnios de Deus, têm a finalidade de nos purificar e santificar...
• Bendigamos a Deus e pensemos nas alegrias eternas que hão de recompensar as provações atuais.
Revisando...
- O mundo passa, as promessas de Deus se cumprem.
• Profetiza Ana experimentou essa alegria e certeza... que nós também experenciamos e vivenciamos, de modo especial, nesse tempo de Natal...
- Ana é uma típica representante daqueles que aguardavam a redenção de Israel.
• Ela louva o Senhor porque reconheceu no Menino Jesus, apresentado ao templo, o Messias esperado, e espalhou a notícia entre aqueles que viviam disponíveis para o evento da salvação (v. 38).
• Assim, ela nos exorta a fazer o mesmo... Renove seu desejo de ter Jesus em sua vida e seu propósito de leva-los a seus irmãos e irmãs... com a palavra e a vida...
- Conclua rezando um Pai-Nosso e uma Ave-Maria... Revise esse momento orante. Veja o que mais lhe tocou...o que sentiu e qual o apelo que Deus lhe faz hoje...
- Anote, o que julgar de proveito, em seu caderno espiritual.
- Pra repetir, em seu coração: “Quem faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2, 17).
Pe. Marcelo Moreira Santiago