“... vai primeiro reconciliar-te com teu irmão” (Mt 5,24)
Pedido de graça da semana:
Senhor, dá-nos um coração contemplativo, capaz de admiração,
assombro e gratidão diante da beleza e vastidão da Criação,
dom de Deus
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 5,20-26
- O Evangelho deste dia faz parte do chamado “discurso do Monte”, do qual Mateus recolhe os ensinamentos de Jesus que são o fundamento de sua nova comunidade de seguidores/as
- Jesus conhece a fragilidade humana e sabe que do interior do ser humano podem brotar impulsos de morte, de violência, de ódio, de intolerância, rompendo com eles a harmonia comunitária.
- E o que é reconciliação?
- Reconciliar implica a difícil arte de reconstruir o que foi quebrado, de refazer os vínculos rompidos, de realimentar a comunhão violentada.
- reconciliar é ação bilateral, de duas mãos, pois implica na construção de uma comunidade cristificada.
- Leia o Evangelho, indicado para esse dia. Procure fazê-lo sem pressa... Imagine a cena, sinta-se perto de Jesus que fala aos seus discípulos... Ele também fala a você... Tente imaginar a reação das pessoas diante do que Jesus lhes diz...
- Vivemos um momento histórico de intensos conflitos, ódios, divisões, separações.
- Cada vez mais são frequentes os insultos e as ofensas, proferidos só para humilhar, desprezar e ferir.
- Do mesmo modo, as conversações, sobretudo nas redes sociais, estão permeadas de palavras injustas, que espalham condenações e semeiam suspeitas (fake News).
- No entanto, professamos nossa fé naquele que é presença reconciliadora do Pai.
- A reconciliação não é uma atitude que se obtém de uma só vez, nem é fruto do esforço humano.
- Medite o texto... Deixe as palavras de Jesus, “ressoarem” no seu coração.
- Jesus exige dos seus discípulos, para entrarem no reino dos céus, uma justiça superabundante, em comparação com a dos escribas e fariseus.
- A partir do v. 21, Ele oferece várias explicitações sobre essa justiça superior, introduzidas por: “foi dito”... concretamente, Ele recorda:
- O v. 25 sublinha a urgência da reconciliação em perspectiva escatológica: o outro já não é o irmão, mas o adversário, o acusador.
- Tenho procurado me reconciliar com Deus, com os irmãos e irmãs e com toda a criação? Deixo-me tocar pela misericórdia de Deus? Sou instrumento dessa misericórdia onde Deus me coloca? O que me impede de viver a reconciliação? Em que essa Palavra de Deus mais me ajuda?
- Converse com Deus... Deixe a sua graça “trabalhar” em você, despertando-o para passos e horizontes ainda maiores de vida... Acolha, com abertura, as palavras do Evangelho, exortando-o à reconciliação...
Jesus misericordioso,
faz-me compreender que posso mudar para melhor,
que posso me converter e que estás disposto a ajudar-me
a transformar-me com a tua graça.
Afasta de mim a tentação do desespero
ou da acomodação nos meus defeitos.
Aproximando-me de Ti, posso converter-me, transformar-me interiormente, conformando-me cada vez mais à tua imagem e semelhança.
Faz-me acreditar que também os meus irmãos e irmãs
podem mudar e tornarem-se, cada vez mais, tua imagem e semelhança,
também com a minha ajuda.
Eis-me aqui, Senhor: converte-me.
E, ma vez convertido, faz de mim instrumento e servidor de tua reconciliação em favor de meus irmãos e irmãs.
Amém.
- Pergunte-se: Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda a viver? Que respostas de vida, Ela me pede?
- A conversão do pecador, enquanto vive neste mundo, é possível. Deus promete a vida a quem se converter: “não morrerá... viverá por causa da justiça” (cf. vv. 21.22).
- Deus nos diz que é possível mudar e nos incita à mudança, porque prefere dar-nos a vida do que o castigo eterno.
- A atitude de Deus deve iluminar a nossa relação com todos os irmãos e irmãs, também com aqueles que julgamos pecadores ou cheios de defeitos.
- A caridade sabe esperar a hora da mudança, a conversão, a melhoria de vida e de atitudes dos outros.
- Quando se aproximavam de Jesus, os pecadores tornavam-se mais justos do que os fariseus.
- Na relação com o Senhor e aprofundando n'Ele as nossas relações fraternas, podemos mudar para melhor e ajudar os outros a melhorem também.
- Pra terminar, digo: A caridade é também "uma esperança ativa daquilo que os outros podem vir a ser com a ajuda do nosso apoio fraterno.
- Termine sua oração com preces espontâneas e dando graças a Deus por esse momento... Reze a oração do Pai-Nosso e, a seguir a da CF-2025:
Ó Deus, nosso Pai,
ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom!
O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra,
e hoje experimentamos suas consequências.
Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos:
dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento
e da conversão de nossas atitudes.
Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão
que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação,
no cuidado e no respeito à vida.
Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça.
Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum,
na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste
para nós no Céu.
Amém!
- Não esqueça, registre no seu “caderno de vida” os sentimentos despertados pelo encontro de hoje com o Senhor: alegrias, conforto, resistências, medos, libertação... provocações...novos propósitos...
Pe. Marcelo Moreira Santiago